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TOMAR A LUTA EM NOSSAS MÃOS
Comitês de base com delegados eleitos pra impor a greve geral já
Diana Assunção
São Paulo | @dianaassuncaoED

Como derrotar as reformas? Como lutar pra que sejam os capitalistas que paguem pela crise? É preciso tomar a luta em nossas mãos, impondo uma nova greve geral já.

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Foto: Paulo Iannone

Dia 15 de março foi uma primeira mostra da força da classe trabalhadora. Mostrou que as centrais sindicais foram obrigadas a se movimentar, a partir da pressão da base que deixou claro que não vai aceitar os ataques do governo golpista de Temer sem resistência. Temer inclusive teve que fazer uma manobra, retirando trabalhadores municipais e estaduais da reforma, repassando aos estados e municípios como uma primeira reação frente a força da nossa luta. Mas essa paralisação nacional ainda não foi suficiente pra derrotar a reforma da previdência, e na semana seguinte, sem nenhuma mobilização por parte da direções sindicais, a Câmara dos Deputados aprovou a terceirização irrestrita, o que é um enorme ataque ao conjunto da classe trabalhadora. Apesar de ter sido uma das mais fortes ações dos trabalhadores nos últimos anos, ainda não foi a expressão da máxima força da classe operária brasileira, principalmente pelo freio que as direções sindicais impõem.

Depois do dia 15 algumas coisas já ficaram claras. Que as centrais sindicais (CUT, CTB, Força Sindical, UGT, CSP-Conlutas, entre outras) ainda não têm acordo sobre "qual a data" que devem chamar uma suposta "greve geral". O que anunciaram é que seria em abril. Num momento em que grande parte dos trabalhadores falam em "parar tudo" porque esperar até abril pra derrotar ataques que estão sendo implementados agora? O dia 31 foi convocado como um Dia de Mobilização Nacional. De nossa parte estamos favoráveis a todo tipo de mobilização que contribua na ação da classe operária, mas porque dia 31 não é um dia de paralisação nacional? Porque tanta enrolação? Muitas vezes a manobra da burocracia para "conter" é ir tardando uma possível ação pra que o ânimo da classe se "esfrie" e assim não seja possível incendiar o país.

Não podemos pensar que se as centrais tivessem convocado uma paralisação nacional no dia da votação da terceirização no Congresso, é muito provável que esta não fosse votada?

O fato é que os trabalhadores que entraram em cena no dia 15, junto com a juventude, os movimentos sociais, as mulheres, os negros, devem ter clareza de que é preciso tomar a luta nas nossas mãos. Não podemos confiar na UGT e Força Sindical, aliados de Temer e do golpe, que querem com emendas entregar nossos direitos, aposentadorias e vidas. Já as direções, em especial da CUT e da CTB, querem manter o controle sobre qualquer ação de massas com o objetivo de fortalecer Lula rumo às eleições de 2018, como forma de recompor o PT enquanto "oposição de luta" frente à entrada do governo golpista. Se os objetivos são esse, está mais do que claro que vão nos trair.

É por isso que a exigência que fazemos as centrais sindicais para que organizem uma greve geral imediata, onde se paralise tudo, está diretamente ligada com à necessidade de nos auto-organizarmos. E o que isso significa? Significa que temos que tomar a luta nas nossas mãos. Que em cada local de trabalho e estudo podemos criar comitês massivos, que reúnam centenas ou milhares, pra debater um plano de luta concreto que possa tornar real a ideia de greve geral no nosso país, e não uma palavra de ordem pra pressionar o governo golpista de Temer. Se esses comitês massivos e pela base avançam para eleger delegados seria uma forma ainda mais concreta de tomar a luta nas nossas mãos e não permitir que sejam os burocratas sindicais que decidam em reuniões a portas fechadas os rumos do movimento. Inclusive, para nós, os comitês não são somente para reunir dirigentes sindicais e dirigentes das correntes de esquerda, mas principalmente pra reunir milhares pela base.

Imaginem se no ABC, cada fábrica tivesse um comitê com centenas, e cada comitê elegesse delegados pra compor uma coordenação da luta contra a reforma da previdência, a reforma trabalhista e a terceirização, organizando um plano de lutas que pudessem tornar inclusive a palavra de ordem "fora temer" como algo concreto, pelas mãos da ação de massas da classe trabalhadora.

Na última assembleia dos metroviários de São Paulo o operador de trem Felipe Guarnieri exigiu do seu sindicato um chamado à paralisação nacional já no dia 31, não há o que esperar. Entre os professores de Contagem em greve, uma das principais greves de professores nacionalmente, a ex-candidata a vereadora do MRT pelo PSOL Flavia Valle levou a proposta de batalhar por uma paralisação nacional dia 31, aprovada amplamente pela assembleia. O Sindicato dos Trabalhadores da USP soltou uma "Carta aberta às Centrais Sindicais pela Greve Geral já" questionando a demora em organizar de imediato a luta, paralisar tudo pra derrotar essas reformas e o governo Temer. Na Faculdade de Educação da USP, onde trabalho, estamos batalhando pra construir plenárias unificadas na luta contra a privatização da universidade e contra as reformas do governo Temer. Combinado a isso, estamos levantando solidariedade ativa a todas as categorias de trabalhadores em greve, como expressamos na última manifestação dos professores municipais de São Paulo em greve.

Ao mesmo tempo, estamos levantando a necessidade do não pagamento da dívida pública, pra que o dinheiro seja destinado não somente à saúde e à educação, mas também à previdência, que deveria ser integral e controlada pelos trabalhadores.

Pra enfrentar o problema do emprego, rechaçamos o PL 4302 e o PL 4330, e defendemos a redução da jornada de trabalho sem redução salarial, para dividir todas as horas de trabalho pra que todos possam trabalhar, efetivando imediatamente - sem concurso público - os mais de 13 milhões de terceirizados que existem hoje no país, em sua maioria mulheres, negros e jovens.

Para que os trabalhadores, além de enfrentarem os ataques possam assumir os rumos do país, batalhamos por impor com a força da luta uma Assembléia Constituinte Livre e Soberana.

Estes são alguns exemplos da batalha política que consideramos que é necessária dar. É uma ilusão acreditar que a paralisação nacional ocorreu ou ocorrerá por um acordo das direções sindicais em torno de uma data. A classe operária brasileira é muito maior que isso. Retomemos nossos métodos históricos de auto-organização pra tomar a luta nas nossas mãos e derrotar a política de Temer. Só assim vamos impor que as direções sindicais convoquem uma nova paralisação nacional, onde devemos lutar pra que se avance a construção de uma greve geral até que os capitalistas paguem pela crise. Nós do MRT chamamos o conjunto de ativistas, lutadores e trabalhadores desse país, a defenderem junto conosco a organização pela base, única forma de nos preparar seriamente para o duro enfrentamento contra as reformas com a construção de fato de uma greve geral. Convidamos todos a participar dos Encontros que vamos realizar neste mês pra debater como derrotar as reformas e fazer com que os capitalistas paguem pela crise.

Consideramos que a Frente Povo Sem Medo, as Intersindicais, a CSP-Conlutas, os parlamentares do PSOL e o conjunto de entidades lutadoras desse país precisam defender a construção de comitês de base com delegados eleitos pra tomarmos a luta em nossas mãos. Vamos construir o dia 31 exigindo que seja uma paralisação nacional, precisamos greve geral já!

 
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