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PL DA TERCEIRIZAÇÃO
Resposta ao deputado Laércio Oliveira, que disse que "ninguém faz limpeza melhor do que a mulher"
Patricia Galvão
Diretora do Sintusp e coordenadora da Secretaria de Mulheres. Pão e Rosas Brasil

Em um debate sobre a terceirização promovido pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) o deputado federal Laércio Oliveira(SD-SE), relator da terceirização (lei de 1998 aprovada ontem na câmara por 232 votos contra 188 votos) afirmou que “Ninguém faz limpeza melhor do que a mulher”.

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A luta das mulheres é hoje a ordem do dia! São as mulheres as mais atacadas pela reforma da previdência, são as mulheres as mais atacadas com a PL da terceirização.

Há algumas semanas o secretário da previdência Marcelo Caetano afirmava “Se somos [machistas] o mundo inteiro é” quando questionado sobre a reforma da previdência que iguala o tempo de contribuição de homens e mulheres. A reforma da previdência ataca à classe trabalhadora de conjunto ao impor que homens e mulheres trabalhem por 49 anos para terem direito a aposentadoria integral e tenham a idade mínima de 65 anos. Mas é ainda mais cruel à mulher trabalhadora sujeita à dupla jornada desde muito jovem até muito tempo depois que se aposenta.

O PL da terceirização permite a terceirização de todas as relações de trabalho, o que significa um verdadeiro ataque aos direitos conquistados através da luta dos trabalhadores. Desenterrado de 1998 pelo governo golpista, amplia de forma irrestrita o trabalho terceirizado fragmentando e dividindo os trabalhadores, retirando a força de seus sindicatos e a unidade das categorias. As relações de trabalho ficam mais precarizadas, se fortalecem os contratos temporários. O trabalhador passa a ter uma faca no pescoço toda vez que quiser lutar por melhores condições de trabalho. À juventude que hoje ingressa nos postos de trabalho, fica o legado da precarização do trabalho e por consequência das suas vidas.

Hoje a terceirização atinge principalmente o setor do asseio e conservação. Nestes postos de trabalho estão majoritariamente mulheres negras. Os menores salários e as piores condições de trabalho também estão no asseio. À mulher é creditada historicamente a responsabilidade pelo cuidado da casa, sua limpeza e a educação dos filhos. Não à toa são as atividades mais mal remuneradas, não chegam a ultrapassar o salário mínimo. Quando o deputado, em tom de chacota, atribui à mulher a responsabilidade sobre a limpeza ele reafirma que lugar de mulher é na cozinha, que à mulher cabe toda a responsabilidade pelo cuidado da casa e dos filhos, ignorando a dupla ou mesmo tripla jornada a que somos submetidas sem qualquer remuneração ou direito à aposentadoria.

O deputado afirma que somos maioria [terceirizadas]no setor de limpeza porque somo boas em faze-la. A ordem é inversa, as mulheres são maioria nos setores terceirizados do asseio porque as relações de trabalho são mais precárias e os salários são os mais baixos. O capitalismo nada pode nos dar que não seja mais exploração e opressão por sermos mulheres. Tentam a todo custo dividir a classe trabalhadora para impor mais ataques, mais precarização, tudo em nome do lucro dos patrões. Querem nos iludir com a promessa de mais postos de trabalhos aberto. Porém, negam a redução de jornada para que todas e todos possam trabalhar. Vão nos arrancar até nossa última gota de suor e sangue para garantir o privilégio dos patrões.

O deputado Laércio Oliveira faz parte de uma casta política reacionária que tenta manter a nós, mulheres trabalhadoras sob o cabresto do machismo. Quando afirma que podemos ser tanto agradáveis e submissas (se levamos café e agradamos nossos companheiros) ou chatas e implicantes (porque atrapalhamos quando pedimos ajuda na educação dos filhos e no cuidado com a casa), é porque nos quer caladas, nos quer dóceis enquanto joga sob nossas costas o peso do patriarcado e do capitalismo.

O discurso do deputado Laércio não é novo. Há milênios tentam nos calar, nos domar! Seja com a religião, com força bruta ou com a exploração do nosso trabalho. Somos metade do gênero humano e não podem nos ignorar.

No dia 8 de março fizemos uma grande paralisação internacional em prol das demandas das mulheres trabalhadoras. Mostramos nas ruas que não seremos a bela, nem a recatada e nem do lar. Nós do grupo de mulheres Pão e Rosas somos contra a terceirização, pois ela nos explora e divide, e defendemos que todx trabalhadorx terceirizado seja imediatamente efetivado sem concurso. Igual emprego, igual direito igual salário.

Somos mulheres, nas ruas para lutar contra o machismo e o capitalismo!

 
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