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REVOLUÇÃO RUSSA
Breves reflexões sobre os 100 anos da Revolução Russa
Gonzalo Adrian Rojas
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O Grupo de estudos História e Marxismo, da Universidade Federal de Campina Grande (UFCG), realizou de 06 a 10 de março o “Seminário 100 anos da revolução Russa” onde fui convidado a participar desde Esquerda Diário (impulsionada pelo Movimento Revolucionário dos Trabalhadores – MRT) numa mesa debate intitulada “Revolução Russa: Processo histórico” no dia 07 de março.

A participação na mesa me fez escolher alguns eixos de intervenção e polêmicas sobre o tema, que tentarei apresentar nesta breve matéria e que devem ser bem desenvolvidos. Antecipo que estes eixos foram comentados com Christian Castillo, dirigente do Partido de Trabajadores Socialistas (PTS) da Argentina, integrante da Fração Trotskista – Quarta Internacional, organização irmã do MRT. Contei com sua colaboração, mas a responsabilidade pela matéria é minha.

Os cem anos da Revolução Russa é um momento chave para realizar um balanço político, um debate de estratégias. Para isso é preciso defender de forma ofensiva todas as lições e conclusões que a classe trabalhadora possa tirar da primeira ocasião em que chega a se fazer do poder político no nível estatal. Só conseguiremos este objetivo criticando a todas as frações da burguesia que por diferentes meios vão querer apagar as conclusões revolucionárias que possamos tirar de seu legado e apresentar a Revolução Russa como a criadora de todos os males da humanidade. Mas também existe um debate no interior da própria esquerda que apresenta que a revolução Russa é sinônimo de Estatismo e stalinismo, justamente sua contra-cara a da contrarrevolução burocrática.

A escolha dos eixos tem relação com a necessária crítica a um conjunto de afirmações que em geral historiadores e jornalistas, ideólogos da burguesia, apresentam sobre a Revolução Russa, acrescentando que deve se fazer também uma caraterização e um necessário balanço das diferentes estratégias da esquerda.

Para nós a Revolução Russa foi uma revolução social e não um golpe de estado. Em geral se realiza uma comparação entre a revolução de fevereiro que seria legítima porque foi espontânea e a de outubro que não porque foi planejada até o mais mínimo detalhe. A organização da insurreição, que a nós, nos orgulha é o que se critica.

Vinculado ao anterior se afirma que os bolcheviques abortaram uma situação na qual havia um processo de desenvolvimento da democracia burguesa na Rússia para desde o início instalar um regime político autoritário. Rejeitamos esta afirmação, o próprio Max Weber, um liberal na defensiva, um militante anti-espartaquista e anti-bolchevique militante, insuspeito nos seus estudos políticos sobre a Rússia aborda a Revolução Russa de 1905 e expõe as dificuldades do próprio liberalismo para construir uma democracia liberal no país dos tzares. No campo socialista era o argumento central usado por Karl Kautsky contra os bolcheviques, mas sua estratégia não era a da tomada do poder político pelo proletariado, senão uma estratégia parlamentária onde a tarefa do proletariado não seria preparar a insurreição mas fortalecer seu peso político no Parlamento para subordinar desde essa instituição aos poderes executivo e judiciário.

Também nos pareceu relevante entender que os sovietes não eram meramente instrumentais para os bolcheviques, temos que compreender que os sovietes não eram fetichizados pelos bolcheviques, estavam preocupados pela participação política das massas dos explorados, não em uma forma específica de auto-organização de massas.

É preciso apresentar a atualidade da estratégia revolucionária bolchevique, a estratégia da tomada do poder pela classe operária e a ditadura do proletariado não é anacrónica. E também é importante delimitar de outras estratégias como a guerra popular prolongada maoísta na China, o foquismo como interpretação oficial da revolução cubana teorizada por Regis Debrais e a tática, mas convertida em estratégia com elementos espontaneístas apresentada definida por Kautky como “estratégia de desgaste” no campo do marxismo. Também é relevante nos diferenciar de outras correntes emancipatórias como as autonomistas de Antonio Negri ou anarquismo que negam da luta política.

O regime de partido único não era um dos objetivos da revolução. As medidas de restrição da democracia soviética e no interior do partido eram excepcionais para poder derrotar a contrarrevolução, mas são transformadas em normas pelo stalinismo, que acaba definitiva com a democracia soviética. Mas não era um destino inexorável. O stalinismo foi uma contrarrevolução burocrática e não o caminho único e necessário que estava marcado desde a gênesis da revolução.

Nesse sentido é central o papel exercido pela Oposição de Esquerda e Leon Trotsky para manter o legado do bolchevismo, tradição política ao qual temos orgulho de pertencer.

 
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