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ANÁLISE #15M
Temer, o cavaleiro da previdência, refugou diante da classe trabalhadora
André Barbieri
São Paulo | @AcierAndy
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Não foram apenas Alckmin e Dória que de “intimidadores” passaram a intimidados no curso da importante demonstração de forças dos trabalhadores neste 15M. Temer, que havia se prontificado a falar a favor da reforma da Previdência em rede nacional, no horário nobre da televisão, “refugou” e voltou atrás.

Mais cedo havia tentado ignorar “soberbamente” a paralisação nacional, dizendo – não sem gotas de suor na testa – que “a sociedade vai entendendo que é preciso apoiar a reforma previdenciária”. Essa mentira não se sustentou. À noite, seu silêncio mostrou que Temer está realmente preocupado, todo um símbolo da confluência de tendências opostas na situação política nacional (também atravessada pela incerteza nas delações da Odebrecht).

De fato, as ameaças de Temer de aplicar no Brasil os duros cortes que a Grécia vivenciou – ou seja, os ataques aplicados pelo Syriza, o que convenhamos não diz nada bem do Syriza – caso não passe a reforma da Previdência, não tiveram frutos. Dois fatores chamaram a atenção desde o início da jornada: 1) a vontade clara por parte da classe trabalhadora de enfrentar a reforma da Previdência de maneira unificada; 2) o imenso apoio da população aos métodos operários de combate a uma reforma que todos repudiam, o que podemos chamar de "brotos" de hegemonia operária.

Depois de hoje, até mesmo seu parceiro de corrupção, Renan Calheiros, disse publicamente que “a reforma da previdência está sendo mal conduzida”. Uma amargura nas alturas depois do massivo repúdio popular a uma reforma estratégica aos capitalistas.

Está claro que a jornada de paralisação poderia ter sido muito mais forte do que foi, uma paralisação real que convergisse em ações conjuntas coordenadas entre as distintas categorias. Não foi assim porque as centrais sindicais, inclusive a CUT e a CTB, não organizaram as bases nos locais de trabalho para uma paralisação massiva; ajudaram a desorganizá-las. As centrais petistas fizeram esforços para canalizar esta legítima vontade de combate para um ato eleitoral de Lula na Avenida Paulista.

Ainda assim, o caráter operário e os métodos operários, ainda que na maior parte controlados pelas burocracias sindicais, apareceram no centro da cena política, com apoio de massas. O apoio aos metroviários por parte amplos setores que em São Paulo ficaram sem transporte público pela greve foi indício desses elementos da luta de classes que voltaram a rondar o país. Sem aumentar artificialmente o que foi o 15M, é claro que esta confluência entre a classe trabalhadora e a população ampla calou a boca de Michel Temer no horário nobre desta quarta-feira.

Trata-se de um exemplo a mais para a esquerda que se adapta às saídas lulistas em 2018, ou se deprime por ter velado demasiado cedo um cadáver imaginário de Junho de 2013, de que é possível lutar e derrotar as reformas que o governo quer passar. E que a classe trabalhadora ainda não sofreu derrotas decisivas apesar dos movimentos à direita não só na superestrutura, mas também em ataques neoliberais que estão sendo aplicados.

Por mais que o governo golpista tenha avançado em ataques reais que fazem pender a seu favor a relação de forças, Junho não foi enterrado, e as principais batalhas estão à frente. Para enfrentá-las com todas as forças, é necessário combater a traição aberta ou camuflada das burocracias sindicais – órgãos materiais da força moral da burguesia no movimento operário – sem o que é impossível elevar a classe trabalhadora a sujeito político independente.

A melhor forma de combatê-la é lutar por assegurar aos trabalhadores, a cada momento, a possibilidade de apresentar uma frente comum de resistência à ofensiva capitalista. Esta política, que no arsenal da estratégia marxista ficou conhecida como “frente única defensiva” dos trabalhadores (detidamente explicada por Leon Trotsky), expressa a vontade íntima das massas de lutar juntos, e pode colocar ombro a ombro, aos olhos das amplas massas que hoje se opõem à reforma de Temer, aqueles que querem lutar junto com aqueles que querem frear esta luta.

Nós do MRT tratamos de apresentar estas batalhas unificadas onde pudemos. É daí que devemos exigir que o 15M não seja uma medida em si mesma, e seja o ponto de partida de um plano de lutas sério convocado pelas centrais sindicais, preparando a greve geral.

Além disso, é indispensável não deixar que o 15M se transforme num palco para a política de “Lula 2018” do PT e suas colaterais sindicais, o que significa que a política de Diretas Já (ou sua forma embelezada, “eleições gerais”) não pode ser parte do acervo de uma política anticapitalista e revolucionária. Para não trocar um esquema de corrupção por outro (como faz a Lava Jato) ou colocar Lula como novo agente da reforma da previdência a serviço dos capitalistas, a única resposta concreta é uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana. Este grande exercício de parlamentarismo revolucionário pode abrir caminho a um governo dos trabalhadores de ruptura com o capitalismo.

 
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