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Livro “Pão e Rosas” terá sua segunda edição lançada em março pela Edições Iskra
Mateus Pinho
Natália Angyalossy

A segunda edição em português do livro Pão e Rosas – Identidade de gênero e antagonismo de classe no capitalismo, de Andrea D’Atri, está com o lançamento previsto ainda neste mês de março pelas Edições Iskra.

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Saiba mais sobre as Edições Iskra aqui.

O livro foi ampliado e conta com dois novos prólogos, da própria autora e também de Diana Assunção, trabalhadora da USP, dirigente do MRT e fundadora do grupo de mulheres Pão e Rosas Brasil, que agora completa 10 anos.

O ano de 2017 já tem por si uma importância histórica: o centenário da Revolução Russa. Cem anos atrás a revolução de fevereiro explodia quando trabalhadoras têxteis de Petrogrado entraram em greve, no dia internacional da mulher, aos gritos de “Queremos pão! Abaixo a guerra!”. O setor mais oprimido da classe trabalhadora foi a vanguarda das mobilizações que levaram cerca de cem mil trabalhadores a também pararem suas atividades e irem às ruas da Rússia, dando início ao processo que derrubaria o Czar e se transformaria na revolução mais importante da História.

Ontem, no dia 8 de março, milhares de mulheres foram às ruas do Brasil e do mundo em massivas manifestações. Uma paralisação internacional de mulheres foi organizada em diversos países e aprofundou ainda mais as lutas deste dia. No Brasil, a paralisação não foi efetiva, por conta do boicote das centrais sindicais, porém, apesar disso, os atos de ruas foram impactantes e reuniram milhares de mulheres em luta por seus direitos, contra a violência machista e os ataques do governo golpista de Temer.

Em um mundo contemporâneo atravessado pela conquista de posições superestruturais por parte da direita reacionária, a luta das mulheres tem sido elemento fundamental das polarizações politicas atuais e da resistência dos oprimidos. Bastou Trump assumir o governo dos EUA que as mulheres protagonizaram mobilizações nunca vistas numa posse presidencial no coração do império.

É em meio à esta importante convulsão social ao redor da luta feminista que a Edições Iskra lança a segunda edição do livro Pão e Rosas – Identidade de gênero e antagonismo de classe no capitalismo, de Andrea D’Atri, militante histórica do PTS argentino e fundadora do grupo Pan y Rosas naquele país. Este livro tem o caráter de ser uma ferramenta militante para contribuir com a luta das mulheres brasileiras e suas reflexões estratégicas. Como diz Diana Assunção em seu prólogo: "Um livro que não é para ficar na cabeceira ou na estante, mas um livro para a luta, uma ferramenta para contribuir nas ideias que possam se transformar em prática concreta pela nossa libertação. Lutar pelo pão e pelas rosas é lutar por uma sociedade comunista, livre de toda a opressão e exploração".

No livro, Andrea retoma os grandes acontecimentos do século XIX e XX para a luta das mulheres e entra de maneira profunda nos principais debates do feminismo internacional que percorreram esses acontecimentos, chegando até os desafios dos dias de hoje e, armada do marxismo e do materialismo histórico e dialético, se lança às principais polêmicas atuais dos movimentos de mulheres e do feminismo.

A autora busca analisar a constante reinvenção capitalista em se apropriar e modernizar suas formas de exploração através da opressão de gênero. Andrea nos apresenta um panorama histórico para iluminar as origens da relação capitalista com o patriarcado e aprofunda conceitos das relações existentes entre a luta de classes e as lutas das mulheres, elaborando sobre o início do movimento político das mulheres com o advento das revoluções burguesas e o desenvolvimento do movimento operário, marcos para o surgimento de uma visão socialista da relação entre gênero e classe cristalizada nas reflexões de Flora Tristán.

Em um segundo momento o livro perpassa os fatos históricos mais importantes das lutas operárias que ainda trazem lições estratégicas para a luta feminista hoje, discutindo as guerras imperialistas e o acontecimento histórico fundamental da Revolução de Outubro de 1917 na Rússia. Andrea retoma figuras fundamentais para o pensamento marxista como Clara Zetkin, membra destacada da Segunda Internacional. Apresenta ainda um estudo sobre as políticas revolucionárias das mulheres no primeiro Estado Operário da História, que resultaram em profundas mudanças na vida cotidiana das mulheres soviéticas. Além de trazer também uma breve análise sobre a “pequena camarada”, como era conhecida Alexandra Kollontai, dirigente da revolução russa e eleita Comissária do Povo para a Assistência Pública após a tomada do poder pelos Bolcheviques em outubro.

Na parte final do livro, a autora nos apresenta os debates atuais desde uma visão marxista da realidade, e em diálogo com importantes nomes do estudo feminista como Nancy Fraser, reflete sobre a “segunda onda feminista”, surgida nas radicalizações dos anos 1970 mas que mergulhou nas décadas de restauração capitalista neoliberal, tanto resistindo como se integrando a este período de derrota dos processos de mobilização e luta anteriores. Nesta edição, Andrea nos apresenta uma nova leitura sobre este período do neoliberalismo, tão cheio de contradições para o movimento feminista, como a tentativa cada vez maior de ser apropriado pela indústria capitalista para ser mais uma de suas mercadorias de consumo.

Em meio às discussões calorosas e atuais, debatendo com conhecidos pensadores contemporâneos como Slavoj Zizek, sociólogo esloveno, e Judith Butler, filósofa feminista americana, D’Atri termina seu livro aprofundando o diálogo com famosas correntes ideológicas de nossos dias, ditas pós-modernas, pós-feministas e pós-marxistas, contra qual a autora nos apresenta ideias robustas que são fundamentais para guiar as experiências de luta das mulheres e a estratégia para derrotar o capitalismo e libertar a humanidade de toda forma de opressão e exploração.

Portanto, segundo Andrea D’Atri: “Temos como objetivo reatualizar o debate entre feminismo e marxismo, sobre o caráter da relação entre capitalismo e patriarcado, sobre o agente da emancipação e a questão da hegemonia. Está colocada a hipótese do ressurgimento de um feminismo que não se auto-satisfaça no refúgio intimista da libertação individual e se coloque um horizonte de crítica radical anticapitalista? Isso implica não apenas no combate contra as variantes reformistas que postulam a inclusão, mesmo quando o façam com as labirínticas formas de uma ladainha pós-moderna, mas também a recuperação – contra todo o reducionismo economicista ou politicismo oportunista funcionais àquele reformismo – das melhores tradições da história do marxismo revolucionário na luta contra a opressão feminina”.

 
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