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MACHISMO PRESIDENCIAL NO 8M
Em evento institucional do 8 de março, Temer afirma que mulher tem grande papel em casa
Fernando Pardal

Durante cerimônia oficial do governo em "comemoração" ao Dia Internacional da Mulher, o presidente golpista Michel Temer fez um discurso em que ressaltava a importância do papel da mulher... dentro de casa! É mais uma amostra de que, para figuras misóginas como Temer, as mulheres só serão boas se forem "belas, recatadas e do lar".

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O presidente fez um discurso durante o evento oficial em Brasília no qual ressaltou quais são, em seu ponto de vista, as contribuições fundamentais das mulheres. Não foi hipócrita a ponto de falar sobre a luta incansável das mulheres por igualdade de gênero, nem por seus direitos - que estão na mira das reformas de Temer, que prejudicarão em primeiro lugar e sobretudo as mulheres, como qualquer ataque aos direitos sociais.

Veja também o ridículo vídeo institucional feito por Temer

Pelo contrário, Temer manteve seu cinismo coerente, e reafirmou que, para ele, o único papel social que a mulher pode cumprir é dentro de casa. "Tenho absoluta convicção, até por formação familiar e por estar ao lado da Marcela [Temer], do quanto a mulher faz pela casa, pelo lar. Do que faz pelos filhos. E, se a sociedade de alguma maneira vai bem e os filhos crescem, é porque tiveram uma adequada formação em suas casas e, seguramente, isso quem faz não é o homem, é a mulher", afirmou o presidente em seu discurso.

Tentando, talvez, mostrar que não é porque deseja que as mulheres fiquem acorrentadas ao lar e à família que elas não cumprirão um papel na economia, Temer também disse que "Na economia, também, a mulher tem uma grande participação. Ninguém mais é capaz de indicar os desajustes, por exemplo, de preços em supermercados mais do que a mulher. Ninguém é capaz melhor de identificar eventuais flutuações econômicas do que a mulher, pelo orçamento doméstico maior ou menor".

Apesar de ter deixado evidente que vê as mulheres como escravas de seus maridos, cumprindo um papel exclusivo de administração do lar e criação dos filhos, Temer se arriscou - tornando seu discurso ainda mais nojento - a falar sobre as mulheres e o mundo do trabalho. Disse que "com algumas restrições", "homens e mulheres são igualmente empregados" no Brasil, escondendo a realidade de que as mulheres ganham salários inferiores aos homens exercendo funções semelhantes, e muito menos ainda quando são mulheres negras.

Não à toa, são as mulheres negras que ocupam os postos de trabalho terceirizados em empresas de limpeza, por exemplo, onde não apenas os salários são inferiores, mas os direitos trabalhistas mais elementares não são respeitados. Talvez Temer "esqueça" isso porque seu testa-de-ferro na Câmara, Rodrigo Maia, está justamente desenterrando um projeto de lei de mais de uma década para tentar avançar muito mais com a terceirização e atacar os direitos das mulheres.

Temer disse ainda que como figuras de segundo grau em outras partes do mundo". Segundo ele, elas "devem ocupar o primeiro grau em todas as sociedades". Sem dúvida não está falando da sociedade que quer criar, com ataques aos direitos das mulheres trabalhadoras e o ideal de que sejam cuidadoras dos lares, pois o Estado não fornece creches, restaurantes ou lavanderias, sobrecarregando as mulheres com duplas e triplas jornadas e um presidente que "comemora o talento natural" das mulheres para esse fardo extra de exploração.

Desbancando para a hipocrisia total, Temer afirmou ainda que o Plano Nacional de Segurança de seu governo traz projetos específicos sobre o combate ao feminicídio e à violência contra a mulher e que há um estudo em sua gestão para criar um fundo com recursos exclusivos para essas medidas. E agregou: "Isso tudo é fruto do movimento das mulheres e da compreensão dos homens, digamos assim".

Para Temer, é a "compreensão dos homens" que leva a luta das mulheres adiante. Como se a conquista de direitos fosse um ato de condescendência dos podres políticos patronais como ele, e não fruto da luta das mulheres organizadas, ombro a ombro com os trabalhadores, para arrancar de patrões e governos seus direitos. Os países onde direitos como o aborto, o divórcio foram primeiro arrancados, como na Rússia revolucionária de 1917, foram lugares onde as mulheres e os trabalhadores organizados passaram por cima de políticos como Temer e sua "compreensão".

O exemplo que seguimos nesse 8 de março é o dessas mulheres, lutadoras e revolucionárias, que há cem anos iniciavam no seu dia internacional de luta a maior revolução que a humanidade já viu. Nesse dia 8 de março de 2017, as mulheres fazem história ao sair em uma greve internacional, mostrando que o caminho para arrancar seus direitos será por cima dos cínicos discursos de presidentes golpistas a serviço dos capitalistas.

 
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