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ELEIÇÕES NO MÉXICO
Com repressão e militarização, encerram-se as eleições
Pablo Oprinari

Milhares de policiais e militares nas ruas do país. Com um enorme operativo repressivo, o governo de Peña Nieto blindou as eleições deste 7 de junho para garantir sua realização em meio aos protestos que se intensificaram em vários estados do país durante os dias anteriores

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Eleições blindadas

Estas eleições foram as mais caras da história – 21,6 bilhões de pesos (cerca de R$ 4,5 bilhões), somando os gastos dos partidos e do Instituto Nacional Eleitoral –, realizadas em meio a uma escalada repressiva nas ruas em muitos estados e cidades do país para evitar novas ações de boicote eleitoral.

Foi o operativo de blindagem e militarização mais importante na história das eleições recentes, com o objetivo de impor sua “paz democrática” por cima dos desaparecidos de Ayotzinapa, dos presos políticos e dos trabalhadores reprimidos e perseguidos cotidianamente.

Durante as eleições, novos escândalos políticos repercutiam nas redes sociais, como a denúncia feita por vários partidos contra o partido Verde Ecologista.

Nos dias anteriores foram enviadas forças militares para Chiapas, Oaxaca, Michoacán, Guerrero, Veracruz, entre outros estados. Mesmo em localidades não consideradas “focos vermelhos” tentou-se evitar a realização de qualquer protesto contra o processo eleitoral com uma grande investida policial-militar, inclusive no Distrito Federal governado por Miguel Ángel Mancera, do Partido da Revolución Democrática (PRD).

Esta militarização feita pelo governo, conjuntamente com os governos estaduais e as diversas forças políticas que participaram do processo eleitoral, pretendeu conter as mobilizações e ações de protesto que, desde a segunda-feira passada, se intensificaram no país, encabeçadas pelos professores, pais de família de Ayotzinapa e outros setores.

Este clima repressivo – ¬¬¬expressão do caráter reacionário desta democracia assassina – foi antecipado nos dias anteriores com os eventos de agressão e perseguição contra ativistas, como em Puebla e em Veracruz – e de repressão e provocação contra os professores nos estados do sul e sudeste do país, como se viu em Guerrero.

Durante as semanas prévias à violência das campanhas partidárias e de ações do narcotráfico – que teve um saldo de cerca de 20 candidatos assassinados –somou-se o repúdio crescente ao processo eleitoral.

Os professores, desde 1º de junho, protagonizaram diversas ações de luta e muitos setores que chamavam a repudiar o processo eleitoral iniciaram uma escalada crescente de mobilizações, ameaçando concretamente impedir as eleições ao menos em alguns dos estados considerados “focos vermelhos”. Foi para enfrentar tudo isso que Peña Nieto deslocou para as ruas milhares de militares e policiais.

No pano de fundo deste profundo descontentamento social e o descrédito das instituições deste regime político, as eleições buscavam encerrar a crise aberta pelas mobilizações que desde outubro passado abalaram as ruas do país exigindo o aparecimento com vida dos estudantes normalistas de Ayotzinapa.

Ações de protesto e mobilização

Apesar do impressionante operativo militar e repressivo, o descontentamento com as eleições e o desprestígio do processo eleitoral fez-se notar com força. Os “de cima” não puderam evitar que os “de baixo” se insurgissem e se impusessem nas ruas e nas redes sociais. E contra isso foi utilizada a repressão e o amedrontamento.

Durante toda a jornada ocorreram diferentes ações de protesto e mobilização que cobrimos para os eleitores de La Izquierda Diario México.

Em Oaxaca, por exemplo, o repúdio se expressou na queima de cédulas e materiais eleitorais e nas mobilizações em vários pontos do estado, lideradas pelos professores da Seção 22.

Em Chiapas, as eleições ocorreram num contexto marcado pela repressão em Ocosingo e cabines incendiadas, enquanto em Guerrero o operativo militar tentou evitar os protestos dos normalistas e dos professores, como em Tixtla.

No Distrito Federal, Estado do México, Morelos e Guadalajara, por exemplo, viram-se ações de protesto e de tentativas de boicotar as urnas, que informamos aqui, assim como de solidariedade ativa à luta de Ayotzinapa.

Estes e outros fatos divulgados nas redes sociais – pouco reproduzidos pelas grandes mídias – expressaram o profundo descontentamento nestas eleições. Como resultado da repressão do Estado, restaram muitos feridos e mais de uma centena de presos até o momento, por exemplo no Estado do México, Chiapas e Oaxaca, estado em que os presos chegam a quase cem.

Neste momento se aguardam os resultados das eleições, nas quais o peso da abstenção não será um dado desprezível.

Porém, essas eleições já mostraram que o regime desta democracia bárbara do Partido Revolucionario Institucional (PRI), Partido Acción Nacional (PAN), Partido de la Revolución Democrática (PRD) e do governo assassino de Peña Nieto acumula um enorme descrédito e só pode recorrer à militarização para garantir a farsa eleitoral.

Revelam também o caráter profundamente degradado e antidemocrático deste regime político responsável pelo desaparecimento de Ayotzinapa, pela fome e miséria contra a qual se deve lutar. A repressão e a militarização são, também, uma mostra do que o governo Peña Nieto e os partidos do Congreso preparam como resposta, para depois do 7 de junho, contra os trabalhadores e os setores que lutam.

La Izquierda Diario México se soma à luta pela liberdade de todos os presos desta jornada.

 
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