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CONTAGEM REGRESSIVA PARA O 8 DE MARÇO - FALTAM 2 DIAS
Trabalhadoras e estudantes de Campinas: também paralisemos nossas atividades nesse 8M!
Vitória Camargo
Grazieli Rodrigues
Professora da rede municipal de São Paulo

Que as mulheres de Campinas que protagonizaram um levante de repercussão internacional contra o feminicídio, possam mais uma vez parar a cidade, mas também os meios de produção, se somando ao chamado internacional de paralisação neste 8 de Março para lutar contra o machismo, o feminicídio e o capitalismo.

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Foto: Alice Silva. Ato: Nenhuma a menos o machismo mata. Campinas. Jan. 2017.

Em Campinas, começamos 2017 quase 2000 pessoas ocupando as ruas para gritar que não aceitariam que se fechassem os olhos para o caso revoltante de feminicídio que chocou nossa cidade e teve repercussão internacional, com o assassinato de Isamara, seu filho e outras 8 mulheres de sua família na noite do Ano Novo, por seu ex-marido. Um caso que não ocorre isolado, já que na mesma noite duas mulheres na comunidade Menino Chorão também foram vítimas de crimes machistas. E no Brasil, a cada uma hora e meia uma mulher é violentada.

No ano em que o misógino do Trump assume a presidência dos Estados Unidos e já inicia seu mandato com um profundo ataque às mulheres, declarando que todas as instituições que fornecem algum tipo de informação sobre o aborto não receberiam mais um centavo vindo do seu governo e que não se poderia falar sobre isso, as mulheres norte-americanas protagonizaram uma marcha histórica de milhões pelos Estados Unidos contra essa nova cara reacionária do imperialismo no mundo e, junto ao movimento por Ni Una Menos na Argentina, afirmaram que este 8 de Março seria de enfrentamento pela vida das mulheres, com um chamado internacional de paralisação.

Trata-se de um ano em que, com a continuidade da crise capitalista, o cenário da América Latina promete ser de profundos ataques à classe trabalhadora, afetando especialmente as mulheres e, em países como o Brasil, os negros e negras. As reformas de Temer, como a previdenciária e a trabalhista, que são um marco contra as condições de trabalho e favorecem ainda mais os patrões nos contratos, atacam ainda mais profundamente as mulheres, que em seu dia-a-dia já são submetidas às duplas e triplas jornadas, trabalhando muitas vezes quase o dobro de horas que os homens e em condições mais precárias, como pela via da terceirização. Em Campinas, viemos de uma onda de demissões nas indústrias e desemprego que atinge com mais força a juventude, sendo o telemarketing um setor de trabalho precário que aparece como uma alternativa aos setores oprimidos, às mulheres trans, LGBTs e negros e negras.

Enquanto isso, o prefeito Jonas Donizete, frente à reacionária Câmara de vereadores campineira, composta majoritariamente por homens brancos, recusa-se a reconhecer o caráter estrutural e sistemático do assassinato de mulheres em nossa sociedade. Para Jonas, Isamara não é mais uma vítima de feminicídio. O machismo institucional da prefeitura faz coro às escandalosas posições da Câmara, que dedicou momentos de aplauso à vitória de Trump nas eleições estadunidenses, aprovou moção de repúdio à teórica feminista Simone de Beauvoir no ENEM e quer calar os professores em sala de aula quanto ao debate de gênero e sexualidade, tendo agora a Reforma do Ensino Médio como mais uma medida que reforça o silêncio nas escolas, supostamente laicas, em relação a problemas cotidianos na vida da juventude - a violência doméstica, os assédios, a falta de prevenção sexual e cuidados com a saúde da mulher, a repressão à sexualidade, entre muitos outros temas.

É nesse marco que nós, do grupo de mulheres Pão e Rosas, realizamos um amplo chamado a todas e todos que paralisem seus locais de estudo e trabalho no 8 de março para que os patrões e governos entendam que não nos calaremos frente à violência machista da sociedade capitalista. E exigimos que as centrais sindicais, a CUT e a CTB, rompam com a trégua dada ao Governo golpista e construam verdadeiramente esse dia internacional de luta, não somente chamando para os atos, mas convocando assembleias de base onde as trabalhadoras e trabalhadores discutam paralisações e ações em todos os locais de trabalho e possam de fato se ligar ao chamado internacional. Também, que centrais sindicais como a Intersindical, que dirige o Sindicato dos Metalúrgicos de Campinas travem as batalhas necessárias contra a exploração e a opressão, ao incorporar-se também ao Dia de Paralisação Internacional, que construam esse dia chamando todos os operários e operárias a paralisar.

Para isso, no Dia Internacional das Mulheres, temos de reconhecer quem são nossos aliados nessa luta e quem não é. Não esquecemos o que significaram os 13 anos de governo do PT, que em nada avançou no elementar direito ao aborto, que triplicou a terceirização do trabalho, precarizando a vida de milhões de mulheres, e fortaleceu, por meio dos acordões e da chamada “governabilidade”, figuras como Malafaia, Feliciano e o próprio PMDB de Temer, que se articularam contra os direitos das mulheres por vias escandalosas como o Estatuto do Nascituro, que quer responsabilizar as mulheres pelos casos de estupro, fazendo-as reconhecer seus estupradores como pais e assumirem as crianças.

Também a polícia, que se calou nas distintas tentativas de Isamara em denunciar seu ex-companheiro e se cala todos os dias diante do machismo que permeia nossas vidas, não é nossa aliada. Essa instituição, quando não é agente direta de nossa opressão, assassina sistemática da juventude negra, existe para a manutenção de um sistema que sobrevive com a nossa exploração. A polícia serve aos governos ajustadores e aos patrões. Por isso, nas próprias delegacias da mulheres, não encontramos acolhimento, somente mais humilhações e assédios. Somos deslegitimadas e silenciadas. Nossa saída deve ser independente dessa força repressora!

Somente com uma força real protagonizada pelas mulheres e organizada pela classe trabalhadora de conjunto barraremos os profundos ataques articulados pelos imperialistas e golpistas e faremos com que o Estado se responsabilize pelas mortes de milhares de mulheres todos os dias, seja pelos casos de feminicídio ou pelo retrocesso que significa ainda hoje a criminalização do aborto, assim como exigir que o Estado ofereça de fato amparo e proteção a todas as mulheres em situação de violência. Sejamos milhares paralisadas e paralisados, nas ruas, contra o machismo e o capitalismo! Basta de mortes de mulheres e ataques contra nossas vidas! Todas e todos à paralisação internacional de mulheres neste 8 de Março!

 
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