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100 ANOS DA REVOLUÇÃO RUSSA
100 anos da Revolução Russa: lições para os trabalhadores
Vicente Mellado

Uma das lições mais importantes da Revolução Russa para os trabalhadores e oprimidos do mundo é a necessidade de construir um partido de trabalhadores com plena independência dos empresários e em ruptura com o capitalismo.

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A imprensa internacional conservadora iniciou uma série de artigos de opinião sobre o acontecimento político mais importante do século XX: a Revolução Russa. O leitor pode acessá-los nos diários El País, El Mundo, e também na imprensa patronal chilena como El Mercurio e La Tercera. O objetivo dos artigos é demonizar e deslegitimar o que foi a primeira grande revolução proletária triunfante.

No diário El País do Estado Espanhol foi entrevistado sobre a Revolução Russa um dos especialistas burgueses em União Soviética mais reacionários e conservadores. Assessor do imperialismo norte-americano, membro do Conselho de Segurança Nacional do governo de Ronald Reagan, Richard Pipes afirmou que: “A Revolução Russa foi um dos eventos mais trágicos do século XX. Não houve absolutamente nada positivo nem grandioso naquele acontecimento. Entre outras coisas, arrastou a humanidade para a Segunda Guerra Mundial. Os sovietes estabeleceram um regime de terror sem precedentes”.

Vão seguir dando espaço na imprensa burguesa internacional ao senhor Pipes. Essas afirmações são a mostra do terror e do medo que na atualidade as grandes classes proprietárias têm da abolição do direito de propriedade privada das empresas. Precisamente, a Revolução Russa foi isso: o maior ato de transgressão ao direito de propriedade privada dos meios de produção levado a cabo pelos operários e camponeses.

Lições para vencer no século XXI

Não só os empresários e setores conservadores da sociedade têm o direito de extrair lições da Revolução Russa. Os trabalhadores do mundo também têm esse direito. Ainda mais em uma época na qual os capitalistas se tornam cada vez mais ricos e sociedades inteiras ficam cada vez mais pobres. Os explorados e oprimidos do mundo têm muito o que aprender com as revoluções para vencerem em suas demandas. Desde um ponto de vista crítico, a Revolução Russa tem muito o que ensinar aos trabalhadores.

A ação dos operários, soldados e camponeses organizados em sovietes foi o motor do processo revolucionário de 1917. Mas sem a existência do partido bolchevique, os sovietes não teriam assegurado o poder para os explorados e oprimidos contra os grandes proprietários e capitalistas.

O bolchevismo nos deixou a lição de que é necessária a construção de uma ferramenta política para os trabalhadores no século XXI, com plena autonomia das variantes empresariais. Na Petrogrado revolucionária de 1917 havia uma série de partidos que participavam dos sovietes. Entretanto, o bolchevismo terminou predominando sobre o restante no interior destes. A que se deveu isto?

O partido bolchevique foi substancialmente um partido de trabalhadores urbanos e organizador dos mesmos. Se introduziu profundamente em cada lugar de trabalho e em cada organismo que agrupava assalariados, tais como: comitês de fábrica, sindicatos, seções operárias locais dos sovietes e das guardas vermelhas.

A organização política da vanguarda da classe trabalhadora constitui o pilar da estratégia bolchevique e do que se conheceu como leninismo. Se o bolchevismo teve êxito frente aos demais partidos revolucionários é porque teve um programa político com objetivos estratégicos claros e sem ambiguidades. Souberam comunicar com simples palavras um programa político de ruptura com o capitalismo para os trabalhadores, com plena independência dos empresários e grandes proprietários.

A clareza do programa bolchevique e sua obstinada convicção de que tinha que conquistar a maioria da classe trabalhadora, é o que lhes permitiu emergir como o principal partido revolucionário dos sovietes do norte da Rússia. Diferentemente dos demais partidos socialistas ou da esquerda russa, os bolcheviques colocaram com absoluta clareza que as demandas do povo trabalhador se obteriam sem o apoio dos empresários e seu governo. A emancipação dos trabalhadores viria da transformação do capitalismo em uma nova forma justa de produção e distribuição de bens e serviços: o socialismo.

Os bolcheviques agitaram e comunicaram várias vezes aos trabalhadores e soldados nos sovietes que era preciso acabar com a guerra, entregar a terra aos camponeses e reconhecer todos os direitos trabalhistas dos operários, em particular a jornada de trabalho de oito horas. Estas demandas, por mais simples que pareçam ao leitor, obrigavam os demais partidos de trabalhadores e socialistas a entrar em conflito com o governo provisório nascido em fevereiro de 1917.

Os bolcheviques mostraram uma firme disposição política para enfrentar o governo se este não respondia às demandas dos trabalhadores. Como se sabe, o governo provisório não foi capaz de responder estas demandas devido à sua aliança com as classes empresariais e as potências imperialistas que queriam que a Rússia continuasse na guerra. Como não o fez, perdeu legitimidade entre as massas exploradas e levou consigo para a ruína os demais partidos soviéticos: mencheviques e socialistas revolucionários. Este último rompeu ao meio e um setor se uniu aos bolcheviques.

Isso é o que faz falta no século XXI. Construir partidos de trabalhadores com uma estratégia anticapitalista clara que permita aos trabalhadores e descontentes com o neoliberalismo impor sua vontade sobre os capitalistas e seus Estados, e desse modo construir uma nova sociedade.

 
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