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EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS
A Juvenilização da EJA e os caminhos de uma educação voltada ao mercado de trabalho
Vanessa Oliveira
Professora do ABC

Esse artigo tem como referência o Trabalho de Conclusão de Curso das pedagogas Francineide Santana, Juliana Xavier e Fabiana Gonzaga, formadas pela USCS – Universidade Municipal de São Caetano do Sul. As reflexões contidas na pesquisa nos levam a pensar a educação na EJA ( Educação de Jovens e Adultos) e sua juvenilização nos dias atuais.

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Na década de 1940, a educação de jovens e adultos era conceituada como uma democratização da escola formal. Já nos anos de 1950, a escolarização de adultos passou a representar o desenvolvimento comunitário. E, ao final desta década, surgiram duas tendências relevantes na educação de adultos: a educação libertadora (Paulo Freire) e a educação funcional (profissional).

Desde a década de 70, algumas outras formas de educação para adultos como: MOBRAL, Ensino Supletivo, Fundação Educar e MOVA (Movimento de Alfabetização de Jovens e Adultos), tem sido formas de atender as demandas das pessoas que não conseguiram estudar em tempo regular, esses movimentos atuavam num modo mais assistencialista, e desta forma não eram vistos como uma modalidade de ensino reconhecida pela constituição.

A Educação de Jovens e Adultos (EJA) surgiu como modalidade de ensino no final dos anos 80, almejando atender o Constituição e sua emenda constitucional 59/2009, que alterou o artigo 208 da Constituição Federal estabelecendo que: Educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria. (E.C. 59/2009).

Mesmo a educação sendo direito de todos, segundo a pesquisa feita pelas docentes há uma tendência da sociedade em culpar os jovens que não conseguiram concluir seus estudos, atribuindo questões subjetivas para o abandono escolar, porém um dos problemas é a realidade econômica da maioria da população brasileira, que obriga o jovem a abandonar a escola em busca de emprego que viabilize sua sobrevivência e muitas vezes, para a sobrevivência da própria família.

Em certo momento, em suas trajetórias de vida, os alunos precisam optar entre estudo e trabalho. Muitas vezes, conseguem vagas em empregos com baixos salários e direitos restritos, o que, em seguida, os fazem ingressar na EJA movidos pelo sonho de concluírem os estudos almejando melhores condições de vida.

Outro motivo que leva o jovem a abandonar o ensino regular é o fracasso escolar atribuído ao seu fracasso pessoal. A instituição escolar vê esses alunos como “problema”, que não se encaixam as exigências da escola e por isso os excluí, assim, são vistos como únicos culpados pelo seu próprio insucesso na vida escolar.

Os jovens e adultos que se destinam a EJA, provém das parcelas mais desfavorecidas da sociedade, que tiveram o direito de educarem-se na idade certa negado, mas trazem consigo saberes e experiências que precisam ser valorizados, e utilizados como instrumentos de transformação. A partir do momento que o indivíduo compreende sua realidade, constrói possibilidades de mudança.

A pesquisa de campo das educadoras trouxe a tona um dos questionamentos mais latentes da sociedade, a contínua exploração e precarização do trabalho, que faz com que os jovens saiam no período regular da escola para trabalhar, e num futuro breve voltam à escola não pela necessidade de obter um conhecimento mais crítico, mas sim, para manter seu trabalho já precarizado, ou tentar melhorar minimamente sua condição de vida de trabalhador.

Os alunos da EJA buscam ampliar sua escolaridade por conta do próprio trabalho. No entanto, segundo a pesquisa, também possuem uma nova postura como aluno e no modo de ver o mundo, pois já conseguem compreender melhor as questões políticas, econômicas, sociais e culturais presentes na realidade em que estão inseridos.

Precisamos compreender que a evasão escolar é um problema de urgência social. Os dados coletados na pesquisa não demonstraram que os discentes abandonam os estudos por falta de interesse, mas sim por ter que decidir entre dilemas de uma sociedade que não dá oportunidades de crescimento de forma igualitária para todos.

A cobrança da sociedade capitalista imediatista exige a maior agilidade em conseguir o diploma para inserir-se no mercado de trabalho, tornando assim a EJA atrativa que desejam recuperar o “tempo perdido”.

Essa é uma constatação que indica os rumos que a educação vem tomando no Brasil, fato que impacta diretamente na manutenção de uma sociedade injusta, por contribuir com uma desigual distribuição de riquezas e oportunidades.

Enfim, diante de tantas constatações é importante que resgatemos o legado de Paulo Freire um dos grandes alfabetizadores de adultos, que lutou por uma educação transformadora, libertadora e crítica, a fim de torna-la que ferramenta pela qual o sujeito se torne protagonista da sua própria história contribuindo para uma sociedade mais justa e igualitária.

 
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