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TRIBUNA ABERTA
Donald Trump e o mundo de ponta-cabeça!
Taylan Santana Santos - historiador graduado pela UEFS, e mestrando em História pela UNEB
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A humanidade está de cabeça para baixo. Creio que este é o sentimento generalizado entre os intelectuais que estudam a nossa contemporaneidade. Compreender a sociedade e os seus múltiplos fenômenos sociais tem sido um dos nossos espinhosos desafios para o tempo presente. O avanço do conservadorismo, em escala mundial, representa um desses fenômenos marcantes tanto no campo cultural, econômico e na política internacional. A eleição de Donald Trump nos EUA em 2016, reitera a tendência global de retrocesso social, através do crescimento da extrema-direita com as suas bandeiras ideológicas típicas da barbárie humana.

Um fato histórico é comum nos períodos de crises mundiais: o fortalecimento do reacionarismo, que se caracteriza pela exacerbação das ideias nacionalistas, preconceituosas e intolerantes. Assim como o contexto de crise no entreguerras (1918-1939) fomentou o surgimento do nazi-fascismo europeu, também o nosso período de crise neoliberal, pós-2008, tem propiciado a ofensiva daquilo que se constitui como o mais retrógado: o neo-nazifascismo que busca se desenvolver enquanto uma política de Estado em nome da “família e dos bons costumes” e contrariamente aos negros, gays, mulheres, imigrantes, muçulmanos e demais minorias cada vez mais ameaçadas pelo conservadorismo.

O discurso de posse de Donald Trump na sexta-feira (20/01), como o presidente mais impopular na história dos EUA, configurou-se enquanto uma fonte oral do neo-fascismo, através da reprodução de ideais reacionários que se desenvolvem não apenas como um jogo de palavras, mas como uma política nacional simbolizada nos EUA e seguida por diversos países, inclusive com as representações de Michel Temer, João Dória e dos “Bolsonaros” no Brasil. O discurso de Donald Trump foi dividido entre as suas críticas à globalização, a defesa de sua política de governo ultraconservador, além do conjunto de preconceitos propagados pelo presidente empossado. Ademais, seu discurso foi um verdadeiro show de horrores, em especial no que se refere as incoerências e contradições características de sua personalidade e típico de discursos conservadores como os seus.

Sob o ideal de reconstrução nacional, Trump defendeu a transferência do poder político para o povo. Mas de qual “povo” ele se refere? O mesmo responde tal questão ao defender sua política de governo: o investimento à indústria nacional e o fortalecimento das forças armadas nacionais. Ou seja, empresários e militares estadunidenses fazem parte do único povo beneficiário da política Trump. Por conseguinte, as minorias populares e marginalizadas fazem parte de uma grande parcela excluída do processo político e reprimidas pelo Estado. Como um líder neo-fascista, Donald Trump apela para uma pseudo-popularidade, através da apologia a uma dita unificação dos EUA, que acentua um dos princípios do reacionarismo: homogeneizar a sociedade, combatendo o “diferente”.

O discurso econômico de Donald Trump se estrutura em uma velha e fracassada tática liberal para a contenção das crises capitalistas: o protecionismo do capital nacional pelo Estado. Trata-se de uma guinada econômica em que Trump não é pioneiro (vide o caso Brexit do Reino Unido), e que reflete o aspecto conservador de sua proposta neo-fascista. O protecionismo das fronteiras estadunidenses não é apenas contra as economias estrangeiras, mas também contra todos os desviantes do tipo ideal da família americana. Assim, se estabelece uma política conservadora, chauvinista, xenofóbica e etnocêntrica. A tão propagada promessa de extermínio do “terrorismo” por Trump revela o seu combate aos diferentes, apenas por serem diferentes. Aqui se enquadra a islamofobia, o preconceito e intolerância árabe-muçulmana, cuja cultura tem se tornada inimiga de Estado, assim como as mulheres, os negros, os trabalhadores e outras minorias.

Diante dessa conjuntura de ofensiva conservadora, para nós que nos posicionamos do outro lado da trincheira, urge a retomada da reação! O contra-ataque ao neo-nazifascismo deve ser radical contra toda forma de opressão. Se o establishment de Hillary Clinton não representa uma saída para os trabalhadores e minorias, então o que nos cabe é a unidade classista. Somente a unidade internacional na luta antifascista pode derrubar Trump e as demais forças conservadoras no mundo. Portanto, o acirramento da luta de classes no contexto atual reafirma o conclame de Karl Marx, cientista social do século XIX,: “Trabalhadores de todo o mundo, Uni-vos!”.

*Tribuna Aberta é uma sessão dedicada à contribuição de leitores e apoiadores, que não necessariamente expressa a linha editorial do portal Esquerda Diário.

 
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