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DESTRUIÇÃO
Para terminar de matar o Xingu: governo do Pará quer o ouro de Belo Monte
Vitória Camargo

O governo tucano do Pará está prestes a autorizar o início da operação de um projeto bilionário para explorar ouro nas bordas da barragem da Hidrelétrica de Belo Monte, ameaçando as comunidades indígenas que vivem às margens na Volta Grande do Xingu e a própria vazão do Rio que já tem sido afetada permanentemente pela Hidrelétrica. Empreendimento deseja explorar 3 vezes mais ouro do que em Serra Pelada nos anos 80.

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Para a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade (Semas) do Pará, órgão que é responsável pelo licenciamento do projeto, não há mais nada o que discutir sobre questões indígenas. A empresa canadense Belo Sun, dona do empreendimento batizado como Projeto Volta Grande, que pretende ser o "maior programa de exploração de ouro do Brasil", já teria apresentado ao governador do Pará, Simão Jatene (PSDB), todos os dados relacionados ao assunto e discutido seus efeitos sobre o meio ambiente e as comunidades locais.

Não é o que diz, porém, a Funai. Questionado pelo jornal O Estado de S. Paulo, o órgão federal reafirmou o posicionamento apontado por um relatório técnico que realizou no fim do ano passado, com base em informações apresentadas pela Belo Sun.

A conclusão é que o estudo que trata do licenciamento ambiental "foi considerado inapto à apresentação para as comunidades indígenas", por não atender a critérios básicos exigidos pela autarquia. A Funai afirma que não há nem sequer "dados primários" sobre as duas terras indígenas mais próximas ao local onde se pretende extrair ouro, no município de Senador José Porfírio, na orla do Rio Xingu.

A despeito dos riscos e de impactos ao meio ambiente ou aos índios, o governo paraense está de olho mesmo é nos lucros da empresa. A Belo Sun, controlada pelo grupo Forbes & Manhattan, um banco de capital privado que investe em projetos de mineração mundo afora, promete investir R$ 1,2 bilhão na região. Com explosões de dinamites, tem planos de arrancar 4,6 mil quilos de ouro por ano do subsolo do Xingu. E isso durante duas décadas, o que coloca seu projeto no nível das maiores explorações de ouro do País, como a da mina subterrânea de Crixás, em Goiás, com produção anual de 6 toneladas.

Para se ter uma dimensão do projeto, dados oficias dão conta de que, nos anos 80, foram retiradas do maior garimpo a céu aberto do mundo, Serra Pelada, no Pará, 30 toneladas de ouro. Isto é, a Belo Sun pretende superar em 3 vezes o projeto de Serra Pelada.

A empresa canadense prevê a remoção de nada menos que 37,80 milhões de toneladas de minério da área próxima à barragem de Belo Monte, o que causa revolta em movimentos indígenas e ambientais na região. O projeto enfrenta resistências até da própria Norte Energia, concessionária que administra a Hidrelétrica de Belo Monte.

A combinação entre a Hidrelétrica e a exploração do ouro pode, com grande probabilidade, causar danos sérios e permanentes ao Rio Xingu. A mineração ocorreria abaixo do eixo da barragem, numa área conhecida como Volta Grande do Xingu. Por consequência da inundação da barragem, esse trecho do rio, que tem aproximadamente 100 km de extensão, passou a ficar permanentemente com uma vazão mínima de água. É justamente nessa área que vivem diversas comunidades indígenas.

Em sua página na internet, com conteúdo apenas em inglês, a Belo Sun convida investidores a entrar em negócio com "tremendous" potencial no Brasil. Há cinco anos, os canadenses tentam liberar a exploração. O projeto já conseguiu obter sua licença prévia da Semas, documento que garante a viabilidade ambiental da exploração. Em abril do ano passado, o governo do Pará chegou a anunciar uma cerimônia na qual a licença seria emitida. Porém, o anúncio foi adiado após alguns dias.

A conclusão que podemos tirar de mais esse episódio de “tremendous” destruição do Xingu e das comunidades indígenas que ali se estabeleceram não poderia ser outra: enquanto nossos recursos naturais e a sobrevivência dos povos oprimidos estiver a cargo da administração em favor do lucro das empresas – às quais os governos estão intimamente ligados –, nosso patrimônio será rifado e sujeito à destruição permanente e ao extermínio de culturas inteiras. É mais do que urgente levantar uma força anticapitalista capaz de ir contra a apropriação privada dos recursos e impor que a exploração energética e mineral esteja nas mãos dos trabalhadores e da população local. A saída “sustentável” só é possível na expropriação de empresas, como a Belo Sun, pela força dos trabalhadores.

Com informações da Agência Estado

 
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