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OPINIÃO
Trump, México e Peña Nieto: termina a contagem regressiva
Pablo Oprinari

Nessa sexta-feira (20) o magnata republicano famoso por seu discurso misógino e xenófobo estará à frente da principal potência imperialista do planeta.

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Termina a contagem regressiva que começou com a vitória sobre Hillary Clinton. A partir de então veremos até onde Trump leva suas promessas de campanha. Em particular, as propostas que fizeram tremer o México: a renegociação do Tratado de Livre Comércio, a anunciada deportação de milhões de mexicanos e um novo muro na fronteira.

Trump: pressões protecionistas

Nas últimas semanas, Trump multiplicou suas pressões sobre multinacionais norte-americanas, mostrando a vontade de avançar em medidas protecionistas. Ford e Chrysler anunciaram cortes em seus investimentos no México. General Motors anunciou um investimento de 1 bilhão de dólares nos Estados Unidos e a retirada de 450 postos de trabalho no país. Trump rapidamente twittou "Com as novas fábricas de automóveis voltando ao nosso país, e com a redução de custos que negociei nas compras militares e mais, eu acredito que as pessoas estão vendo um grande negócio". Ao mesmo tempo, a Associação de Tecnologia da Manufatura (AMT), que inclui 30 empresas norte-americanas de alta tecnologia, declarou que os investimentos no México são "a longo prazo e bastante robustos."

As medidas protecionistas de Trump complicam o quadro das grandes empresas norte-americanas, cujos investimentos se beneficiaram de salários baixos e vantagens tarifárias, chave na rede de uma das "cadeias de valor" mais dinâmicas do mundo nas últimas décadas. A renegociação do Tratado de Livre Comércio, então, implicará um panorama complexo, principalmente por causa das contradições que possam surgir em relação aos interesses das transnacionais. A incerteza paira no ar, e afeta particularmente o governo mexicano.

Peña Nieto, construindo pontes

Nas últimas semanas se multiplicaram os gestos que apontam para a nova administração dos EUA. O retorno de Luis Videgaray ao Gabinete, como secretário das Relações Exteriores (SRE), foi cumprimentado por Larry Rubin, presidente do Partido Republicano no México. Videgaray é a principal ponte de Peña Nieto com Donald Trump. Além disso, Gerónimo Gutiérrez, próximo ao novo chefe do Ministério das Relações Exteriores, foi nomeado embaixador em Washington.

O impacto da vitória de Trump golpeou duramente o domínio financeiro, com a desvalorização da moeda nacional, num contexto marcado por um baixo crescimento econômico e pelo crescimento ameaçador da dívida pública. Suas consequências em matéria de investimentos e de exportações poderão provocar uma crise nos próximos meses ou anos, no "grande negócio" da classe dominante mexicana que foi implantado com a chamada integração econômica e o Tratado de Livre Comércio.

Peña Nieto aposta que Trump, uma vez sentado no salão oval, vai reformular seu plano para o México. A nomeação de personagens como Luis Videgaray e Geronimo Gutierrez destina-se a preparar esse caminho. Mas a realidade é que o priistas não sabem ainda se eles vão receber alguma coisa em troca de tantos "gestos". Se Trump de alguma forma modificar o seu programa, não será por "pressões" do governo mexicano, mas por causa das negociações com as grandes multinacionais, com estrutura produtiva e comercial em ambos os lados da fronteira.

O governo do PRI se caracterizou, como seus antecessores panistas, por redobrar a subordinação ao imperialismo. Ele aceitou a política de imigração do democrata Barack Obama, que deportou 3 milhões de cidadãos mexicanos. Com a Ronda 1.4, entregou suculentos campos de petróleo para grandes empresas do setor.
Peña Nieto prepara-se para ajoelhar-se diante do novo habitante da Casa Branca, mesmo que isso signifique ser repreendido violentamente pela mídia. Muito longe ficou do tratamento preferencial que Obama deu ao executivo; sua subordinação não terá como contrapartida ser apresentado como "sócio" privilegiado aos olhos do mundo.

Isto implicará custos políticos para Peña Nieto. Cada afronta de Donald Trump contra os imigrantes e o povo mexicano é um golpe sobre a popularidade de um governo que, diante de milhões, aparece como um servo dócil e imutável de Washington. Isto irá crescer quando Trump cumprir a sua promessa de um novo muro e deportações em massa.

As linhas de batalha se acumulam para o presidente mexicano: a crise nacional aberta pelo gasolinaço e pelas mobilizações populares, o crescente descontentamento com sua administração, combinam-se com a incerteza geral causada pela mudança de governo no poderoso vizinho do norte. E faltando quase dois anos em Los Pinos. Isso, para Peña Nieto, deve ser o mais parecido com uma eternidade.

Neste 20 de janeiro Trump assume. Neste dia, também se realizarão manifestações nos Estados Unidos, México e outros países, unidos pelo repúdio ao novo chefe dos bandidos imperialistas. Na Cidade do México, sejamos milhares os que marcham da embaixada dos EUA ao Zócalo. Vamos sair às ruas sob a bandeira de fora Trump e Peña Nieto, fora ianques da América Latina.

Tradução: Elaine Maciel

 
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