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DOSSIÊ DESIGUALDADE E OS IMPACTOS DA CRISE
Crise? A diferença do impacto no comércio popular e no comércio para a elite
Daphnae Helena

Duas realidades completamente distintas na cidade de São Paulo. Entre os 1% da elite paulistana no ar condicionado do shopping JK – Iguatemi e os 99% do “povão” nas ruas calorentas da 25 de março, os relatos que vimos que nos fazem perguntar: a crise bate na porta de quem?

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Fim de semana a tarde no Shopping JK-Iguatemi de São Paulo, a população de casais, brancos, de 30 a 60 anos com seus filhos pequenos saem para consumir nas lojas que os preços não são menores que três dígitos. Os lojistas dizem, teve muito movimento nas lojas durante o final do ano.

Fim de semana na 25 de março, a população de mulheres, as lojas vazias, os artigos em promoção e o parecer da vendedora foi de que as vendas de final de ano caíram muito, que até deu tempo para descansar. O casal prefere deixar o filho em casa para fazer a compra de material escolar, para levar do mais barato e não correr o risco de ter que levar o caderno da marca mais cara.

O comércio é o setor mais movimentado no final do ano. As festas de final de ano, décimo terceiro e férias movimentam a economia e fazem aumentar as vendas. Aumenta também o número de trabalhadores empregados no setor. Pelo menos, deveria ser...

Nos últimos meses, no entanto, não vimos isso. A crise bateu a porta. Segundo os dados do IBGE de janeiro até novembro de 2016 o comércio teve queda de 6,4% em relação ao ano passado – que já havia sido de queda nas vendas e a expectativa era de queda nas venda durante o final do ano.

A taxa de desemprego chega a 17,2% no estado de São Paulo. A combinação de desemprego, com o elevado nível de endividamento das famílias brasileiras e a inflação que corroeu o poder de compra dos trabalhadores ao longo do ano estão entre as principais razões para a queda no setor.

O “povão”, os trabalhadores, sentem a crise nas suas costas. O salário mínimo que agora foi reajustado para R$ 927 no mês de janeiro não apresentou nenhum ganho real no poder de compra do trabalhador, uma vez que os preços de todos os outros produtos também subiram. Segundo os dados do Dieese, a cesta básica de janeiro está em R$ 435. Para comer, se gasta metade do salário. E o valor do salário mínimo oficial está bem longe dos R$ 3.856,23 necessários para que uma família possa sobreviver “bem”, também calculados pelo Dieese.

No entanto, esta realidade sentida por todos nós trabalhadores, está muito longe quando se trata da elite brasileira. Nas lojas onde um brinco chega a custar sete vezes o salário anual de 63% da população paulista, não há crise. De acordo com a agência de pesquisas Euromonitor Internacional, o mercado de luxo teve um aumento de 1,7% no Brasil em 2015 e chega a U$S3,19 bilhões. O setor de mercado de luxo, quando todo o comércio estava anunciando um ano pessimista, previa crescimento de 10 a 15% para 2016.

As festas de final de ano, escancararam a desigualdade de um país onde os 10% com maior renda ganham 39,9% dos rendimentos e os 10% mais pobres ganham 1,4%. O Brasil está em crise. Os noticiários econômicos discutem números e cifras de dinheiro para justificar os cortes nos direitos dos trabalhadores e nos fazer pagar a crise. Enquanto a elite, empresários e banqueiros, ficam no ar condicionado, consumindo os seus produtos importados e para eles a crise passa bem longe.

Os noticiários discutem números e cifras para justificar os cortes nos direitos dos trabalhadores, os empresários reclamam por privatizações e maior precarização do trabalho e com isso redução dos salários e da renda do trabalhador, aumentando ainda mais a exploração. O que eles querem é dizer que nós iremos pagar o pato, enquanto a elite, empresários e banqueiros, ficam no ar condicionado, comprando suas joias de dezenas ou mesmo centenas de milhares de reais... para eles a crise passa bem longe. Se não frearmos as mãos da FIESP, dos empresários, do governo Temer, o resultado será ainda maior desigualdade. O "microcosmo" deste dossiê que produzimos escancara uma realidade "macro", enquanto os trabalhadores pagam pela crise a elite está cada vez mais rica. Dados como esses já foram coletados para países como os EUA, onde a crise aumentou a desigualdade. A pergunta é, deixaremos?

 
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