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PERSEGUIÇÃO
O terror como forma de calar a juventude e a classe trabalhadora
Rafaella Lafraia
São Paulo

A lei antiterrorismo, sancionada pela presidente Dilma Rousseff, só fortalece o governo, pois garante com a criminalização dos manifestantes o receio da participação em protestos contra este e seus ataques, como no caso da denuncia feita pelo Ministério Publico a estudante Janaina Marton Roque, presa no ato contra o governo de Temer.

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Daniel Teixeira/Estadão Conteúdo

Já tem algum tempo a prisão de um grupo de pessoas que se encontrou no Centro Cultural Vergueiro para irem juntos a um dos primeiros protestos contra o governo de Michel Temer após a consolidação do golpe, mas este fato ainda está em ativa pelo Ministério Público, mostrando o que o governo e esta instituição são capazes para silenciar o levante da juventude e da classe trabalhadora contra os ataques.

Em reportagem para a UOL a estudante de cinema Janaina Marton Roque, 28, fala sobre o caso e relata que ainda fica temerosa, não come, não dorme e tem pesadelos, já que na semana do Natal ela e outros integrantes do grupo foram informados que mesmo após a soltura a denúncia ainda segue no MP e está nas mãos do juiz.

Consta na denúncia que a jovem, especificamente, é uma das responsáveis por levar "materiais de primeiros socorros, que seriam utilizados em comparsas que viessem a sofrer lesões no confronto com policiais militares, além de máscaras e capuzes", segundo aponta o promotor Fernando Albuquerque Soares de Souza. A jovem, que afirma nunca ter ido a uma manifestação antes, mas que havia se informado por redes sociais que aconteciam episódios de violência policial e, portanto teria sim levado gaze, um soro e uma pomada.

Para aqueles que acompanharam minimamente os atos de junho de 2013 ou viram as últimas manifestações contra a PEC 55 em Brasília, sabem que é real a violência policial contra tudo e todos que ali estão presentes e que até causaram a perda da visão de jornalistas em atos. Assim, independentemente do material que a jovem levou ou mesmo que a polícia alega que a jovem levou, a acusação é absurda, ainda mais quando a jovem afirma que policiais podem ter plantado a barra de ferro que foi utilizada como argumento para a denúncia.

Tudo aponta que é uma prisão com provas forjada pela polícia, prática decorrente desta instituição que criminaliza não somente quem luta, mas também a juventude negra que mora na periferia. Vale lembrar que este caso começou com a infiltração de Willian Pina Botelho, capitão do exército que se apresentava entre os manifestantes como Balta Nunes. Este caso que virou escândalo nacional e está sendo investigado pelo Ministério Público Federal.

A própria jovem relata que: “Somos boi de piranha, de interesse político.", confirmando que a prisão deste grupo e de possivelmente outros, baseando-se na lei antiterrorismo, é uma alternativa política para forçar o silêncio da população. Ou seja, o real propósito da [lei antiterrorismo http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13260.htm] – que classifica como atos de terror "incendiar, depredar, saquear, destruir ou explodir meios de transporte ou qualquer bem público ou privado" – é priorizar a propriedade de grandes empresários e banqueiros em detrimento da sociedade.

Essa lei, aprovada ainda no governo de Dilma Rousseff, vem a calhar para o governo golpista de Michel Temer e de outros representantes políticos estaduais e municipais de direita, como Geraldo Alckmin, já que impõem, por terror, o silenciar dos protestos da população – principalmente dos jovens. No caso da classe trabalhadora, este apaziguamento é feito pelas próprias centrais sindicais (como a CUT e a CTB), que falam contra o golpe mas nada fazem para organizar a resistência e, assim, permitem que os ataques continuem a passar para então, com a insatisfação gerada por este governo golpista, Lula tenha possibilidade de candidatura nas próximas eleições.

Enquanto o Estado criminaliza as manifestações contra o governo Temer, o mesmo deixou acontecer livremente as atrocidades ocorridas nos atos da direita em defesa do golpe institucional. Esta justiça seletiva não tem nenhum interesse em investigar os casos de racismo, agressão, apoio a volta da ditadura militar e a presença de nazi-fascistas que ocorreram nas manifestações pelo impeachment.

O Ministério Público, esta instituição autoritária, antidemocrática e arbitraria criminaliza, com alegações absurdas, aqueles que se manifestam contra este governo e seus ataques, enquanto os casos que ocorrem de violência, racismo, apoio à volta da ditadura militar e a presença de grupos nazi-fascistas nas manifestações da direita são ignorados. Esta seleção de acusações é uma das formas de assegurar à população o lema “Não fale em crise, trabalhe” e, consequentemente, garante os interesses dos grandes empresários e da corja de marionetes destes – os políticos.

 
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