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PUC RIO
Por um novo movimento estudantil na PUC-Rio
Renato
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A PUC-Rio presenciou o surgimento de um novo momento na universidade que não pôde se notar nos movimentos e políticas estudantis que vinham sendo construídas há anos neste espaço. Em larga medida essa conjuntura inédita não se projetou em nenhuma outra universidade, fato que me impulsiona a analisar esse flagrante por meio de duas chaves de entendimento. Uma é a já mencionada política estudantil pautada na universidade, aproximadamente, nos últimos; outra é o fenômeno autonomista de coletivos e alunos independentes que se propuseram a discutir a universidade e que, como já tratado pelo Esquerda Diário, ganharam as eleições do diretório central dos estudantes.

O que merece devido destaque, em primeira análise, é maneira na qual as políticas estudantis eram encaradas e levadas à frente por movimentos dentro da universidade nesses últimos anos. Não quero com isso analisar o conteúdo programático e a agenda política de um ou outro movimento, mas, sobretudo a maneira na qual este ou aquele outro pautavam a militância estudantil.

Por quatro anos a Kizomba (PT) com a chapa Roda Viva esteve à frente do DCE e o que se presenciou foi uma militância estudantil mais preocupada em enviar delegados e suplentes para o congresso da UNE do que debater publicamente as demandas dos alunos na universidade. A velha retórica do aparelhamento partidário que ainda hoje, infelizmente, não nos cansamos de ver em vários setores da sociedade. Após os famigerados anos de Roda Viva (Kizomba) na PUC-Rio a chapa Muda (PSDB) passou a dirigir o diretório central dos estudantes. Em 2015, o DCE foi presidido por Pedro Duarte Jr. (candidato a vereador pelo PSDB no Rio de Janeiro em 2016), apoiado por Marco Antonio Cabral Neto (Secretário de Esporte, Lazer e Juventude) e até o presente momento é presidido por Fernando Leite (Juventude do PSDB), filho do deputado federal Otávio Leite. As propostas estudantis que alternavam em fomentar o empreendedorismo na universidade, descontos em hamburguerias caríssimas e debates com Carlos Bolsonaro e Sara Winter nortearam a política estudantil da gestão Muda (PSDB). Não me faltariam palavras pra qualificar esse tipo de militância estudantil, mas o mérito da questão é outro.

O movimento estudantil que se construiu ao longo desses anos relados na PUC-Rio em nada representou aqueles alunos independentes e os coletivos que se organizavam autonamamente. Tal política se furtou em estabelecer um debate político proposto nos termos destes e, nesse sentido, os excluiu de um debate mais amplo de construção do espaço da universidade. Estavam dados desde aí esse novo momento. Numa conjuntura onde nem o petismo nem a direita do PSDB conseguiram dar conta das novas demandas estudantis, os coletivos e estudantes autonomistas se organizaram a fim de dar uma saída a essa crise de representatividade política.

Tais alunos organizados pautaram suas políticas a partir de suas demandas identitárias e/ou de orientação política à esquerda. Por conta disso, conduziram suas lutas políticas a partir da crítica aos preconceitos de gênero, racial, de orientação social e de classe vividos dentro e fora da universidade – pontos já mencionados e analisados pelo Esquerda Diário.

Num momento de ataques sistemáticos aos direitos sociais e políticos da classe trabalhadora operado pelo governo golpista, principalmente no que diz respeito à PEC 55, novas possibilidades se abrem para o confronto político. Uma delas foi o movimento Ocupa PUC-Rio, movimento legítimo e de resistência levado à frente pela juventude em âmbito nacional. Outra possibilidade é a crítica anticapitalista ao projeto de emenda constitucional, defendendo, desta maneira, o não pagamento da dívida pública. A dívida pública corresponde hoje a 66,2% em relação ao PIB brasileiro, o que significa dizer que mais da metade da receita da União é destinado ao pagamento dela. Esta é contraída pelo Tesouro Nacional para financiar o déficit orçamentário que pode ser feita por empréstimo em fundos monetários e bancos internacionais ou por meio da venda de títulos públicos. Nesse sentido, o que está em jogo é a qualificação do Brasil nas agências internacionais – se tem ou não o selo de bom pagador – para o investimento de capital estrangeiro e o enriquecimento de uma burguesia rentista que se favorece com a venda daqueles títulos públicos do Tesouro Nacional.

A intenção da PEC 55 é acelerar o processo de acumulação de capital, aumentando o abismo sócio-econômico entre pobres e ricos no país, atendendo aos interesses do capital internacional e da burguesia rentista. A juventude precisa dar uma saída revolucionária a qual não favoreça a hegemonia do capital e desonere a classe trabalhadora: o não pagamento da dívida pública precisa ser o mote da crítica nesse processo de sucessivos ataques à classe trabalhadora.

O movimento estudantil na PUC-Rio, hoje, ganhou outros contornos no qual se identifica um debate político autonomista que não pode se perder no imobilismo das discussões restritas as particularidades de cada grupo identitário. O autonomismo político carece de uma estratégia a qual a partir de uma leitura conjuntural de fundo possa indicar as quais táticas se deva recorrer. Ele é por assim dizer um barco à deriva, que não consegue se pôr em caminho algum, se perde desta forma, não consegue dessa forma direcionar objetivos estratégicos. Há de ser haver, nesse sentido, um debate mais amplo de discussão conjuntural de um ponto de vista revolucionário e anticapitalista o qual, sem sombra de dúvida, corresponde ao não pagamento da dívida pública.

 
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