Na noite de ontem, 20, cerca de 200 jovens se reuniram e organizaram um ato dentro do Shopping Cidade, centro de compras central e referencial de Belo Horizonte. A manifestação foi contra o racismo e foi motivado por caso de discriminação ocorrido na última sexta-feira, dia 16, em que três mulheres e dois adolescentes negros, que circulavam pelo centro de compras, foram seguidos e hostilizados por seguranças do estabelecimento.
Com cartazes, gritos e microfone nas mãos, os jovens deixavam claro que “racistas, fascistas, não passarão”, e diziam que “se fosse com pessoas brancas isso não teria acontecido”. Nos cartazes haviam frases como "Tire o racismo do caminho que eu quero passar com a minha cor". O público do shopping apoiou a manifestação e, com o microfone aberto, outras pessoas também denunciaram casos de racismo.
A estudante de pedagogia Ayana Amorim, de 22 anos, fez uma publicação em seu Facebook logo após ter ido à delegacia:
Segundo ela, os seguranças do shopping teriam tentado expulsar dois adolescentes que a acompanhavam e que ela e seus amigos estavam sendo observados pelos seguranças desde que chegaram. "Foi então que eu perguntei: ’Por que isso está acontecendo?’ e o segurança disse: ’A presença de vocês está ameaçando a segurança do shopping’.". Houve ainda agressão por parte de um segurança do shopping que empurrou um dos meninos pelas costas contra a vidraça de uma loja do estabelecimento. A jovem foi à delegacia e fez um Boletim de Ocorrência por discriminação racial e agressão.
O Shopping Cidade negou o ocorrido.
Um vídeo publicado no Facebook de Ayana mostra o momento em que a confusão teve seu ápice e em que é possível ouvir que os jovens questionam o segurança.
“Preto não pode andar dentro de shopping não?”
“Você é negro, cara, que racismo é esse?”
Confira abaixo:
Em entrevista ao site Bhaz, a universitária disse: “O Brasil é o país da segregação. A presença dos negros, a forma como nos vestimos, está ligada a um estereótipo marginalizado. Favelado é sempre ladrão e isso precisa mudar. Se alguém passa por uma situação semelhante, o importante é não ficar calado”.
FOTO: Alexandre Guzanshe/EM
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