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PT E A CRISE NO SENADO
PT articulou manutenção de corrupto Renan para não atrasar PEC, e ele elogia a atitude
Fernando Pardal

Jorge Viana, vice-presidente do Senado que assumiria a liderança da casa parlamentar em caso de afastamento de Renan Calheiros, atuou decididamente como um verdadeiro "bombeiro da crise" do Senado, chegando a se reunir com Carmen Lúcia, presidente do STF, para discutir a situação. A postura de Viana foi reconhecida pelo próprio Calheiros, que lhe elogiou no plenário.

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Desde que Marco Aurélio de Mello promulgou a liminar de afastamento de Renan Calheiros da presidência do Senado, muitos petistas e esperançosos ingênuos apostaram que essa oportunidade que caiu no colo do Senador seria utilizada para cancelar a votação da PEC 55, do teto de gastos, cuja votação em primeiro turno aconteceu em meio a uma chuva de bombas e balas de borracha contra dezenas de milhares que protestavam contra sua aprovação em Brasília.

A ingênua esperança durou pouco. Primeiro foi Humberto Costa, líder do PT no Senado, que imediatamente veio a público para acalmar o governo e todos os golpistas demonstrando que o PT é uma "oposição responsável (leia-se domesticada e inofensiva), e afirmando que o partido "não tinha uma posição fechada" sobre a suspensão da votação da PEC.

Jorge Viana, no entanto, foi muito mais enfático para manter "tudo sob controle" para a aprovação da PEC. Ele se reuniu com Renan, o restante da Mesa Diretora do Senado e lideranças de diversos partidos da base aliada do governo Temer e elaboraram conjuntamente o documento, assinado por todos, em que Renan afirmava que não reconhecia a liminar de afastamento de Marco Aurélio de Mello e aguardaria o julgamento do pleno do STF. A medida para proteger Renan foi tão descabida que entre os próprios petistas se abriu uma pequena crise, com Humberto Costa declarando à imprensa que o PT não concordaria com o descumprimento da decisão e que Jorge Viana estava na presidência do Senado.

Mas essa política da "boa vizinhança" com seu colega golpista no Senado não era suficiente para Viana, que queria se mostrar como um agente ativo para que tudo corresse dentro da normalidade e nada ameaçasse a normalidade da votação da PEC que irá atacar brutalmente nossos direitos. Por isso, o Senador chegou a se reunir com a presidente do STF, Carmen Lucia, para discutir com ela a necessidade de manter Renan na presidência da casa.

E, publicamente, ameaçou renunciar à presidência da casa caso o STF afastasse Renan, dizendo "Eu tenho essa expectativa [que o plenário do STF reverta a liminar], porque nesse momento nós precisamos que cada um dê o que tem de melhor para o país. Eu, sinceramente, fui eleito para ser vice-presidente do Senado, eu não fui votado para ser presidente. Estamos há duas semanas do fim do nosso período legislativo e daqui a quarenta dias eu não sou mais vice-presidente nem o Renan presidente porque encerram os nossos mandatos. Será que não dá pra gente, sem jeitinho, mas com bom senso e responsabilidade, a gente evitar agravar ainda mais a crise do país?" Ele também manifestou reiteradamente suas esperanças em que o STF revertesse o afastamento de Renan Calheiros

A dedicação impressionante de Viana em garantir a manutenção de Renan na presidência e da votação da PEC 55 - ou seja, em priorizar a estabilização do regime dos políticos e juízes corruptos e privilegiados e seus ataques contra os trabalhadores, a juventude e o povo pobre - não deixou de ser reconhecida pelo corrupto Renan Calheiros, que sabe que por pouco escapou de seu afastamento. Em seu agradecimento no plenário do Senado afirmou "O Jorge sempre pensou além dos seus interesses, sempre colocou a defesa do interesse nacional [...] O Jorge é uma instituição suprapartidária, foi este papel que o Jorge exerceu em nome da democracia e em nome da separação dos Poderes; e em nome do PT também, apesar de Jorge ser mais amplo, maior do que o PT”.

Veja abaixo:

Como disse Renan, isso "ficará registrado na história do Brasil". Isso é um fato: a traição dos petistas, que mais uma vez demonstraram até que ponto estão dispostos a - mesmo após um golpe institucional em que Renan e seu partido foram peças chave, e em meio aos brutais ataques da PEC e reforma da previdência - conciliar com a direita, pactuar os acordos de "governabilidade" (para nos atacar) e estabilização de um regime apodrecido que só serve para manter os privilégios dos capitalistas. Renan também afirmou que "todos ganharam: o judiciário, o legislativo e o executivo. Ganhou sobretudo a democracia." Quem perdeu foram os trabalhadores, o povo pobre e a juventude, que, com Renan à testa do Senado, tem de volta o algoz que irá dirigir a votação da PEC 55 e outros ataques contra nossos direitos.

Por isso não podemos colocar nenhuma esperança no PT; temos que nos organizar de forma independente para lutar contra os ataques, e exigir que CUT e CTB deixem de ser mais uma ferramenta de passividade dessa "oposição responsável" e se coloquem na luta. Para acabar com esses poderes podres e corruptos, nossa luta deve erguer uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana na qual possamos reerguer esse país de baixo para cima, dando soluções efetivas para os problemas dos trabalhadores e tirando de vez do cenário corruptos golpistas como Renan e seus amigos como Viana.

 
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