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GÊNERO E SEXUALIDADE
Feminismo como nicho de mercado e a cooptação capitalista
Diana Assunção
São Paulo | @dianaassuncaoED
Flavia Valle
Professora, Minas Gerais

A política de cooptação por parte do estado capitalista e dos governos sempre foi e continua sendo a melhor estratégia da classe dominante pra tornar a demanda das mulheres algo inofensivo ao capital.

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Foto: Ideas de Izquierda Argentina

No Brasil se criou o termo “primavera feminista” para expressar a entrada em cena de um movimento amplo de mulheres por todo o país lutando por direitos democráticos contra a opressão às mulheres. Esse movimento teve seu auge com as marchas contra a cultura do estupro que expressaram também a luta pelo direito das mulheres ao próprio corpo, contra o uso do corpo das mulheres como objeto, contra os padrões e estereótipos de gênero e contra as leis que buscavam restringir ainda mais o direito ao aborto em nosso país, que já nos é negado. Este processo compõe um fenômeno internacional, que teve expoentes mais fortes e com alcance mais massivo em outros países da América Latina, como Argentina e Chile. Caracterizamos os últimos anos como uma etapa de “fim da restauração burguesa”, ou seja, fim de um período de ampla dominação e avanço contra as massas, em especial a classe trabalhadora que durante várias décadas viu suas condições de vida atacadas resultando numa derrota moral desta classe. A crise econômica mundial e a irrupção de novos processos revolucionários em vários países do mundo foram signos importantes deste momento e ainda que em sua maioria estes processos tenham sido derrotados abriram espaço para o que podemos chamar de “crise orgânica”. Esta “crise orgânica” além de apresentar uma situação onde ainda que a luta de classes seja baixa traz uma situação onde os “de cima” tem dificuldade de governar e os “de baixo” apresentam um enorme nível de insatisfação e questionamento da ordem. Isso também abriu mais espaço para uma forte retomada das discussões sobre os direitos democráticos dos setores mais oprimidos seja por seu gênero, raça ou orientação sexual. A recente vitória do reacionário Donald Trump nos Estados Unidos também recoloca a discussão da aliança entre a classe operária e os setores oprimidos uma vez que a principal estratégia de sua ascensão foi explorar esta divisão.

As bandeiras feministas que tomaram mais fôlego nos últimos anos não são novas, tratam-se de bandeiras históricas do movimento feminista internacional que já passaram a prova de diversas estratégias para arrancá-las. Atualmente mais do que nunca é necessário debater estas estratégias uma vez que

a política de cooptação por parte do estado capitalista e dos governos sempre foi e continua sendo a melhor estratégia da classe dominante pra tornar a demanda das mulheres algo inofensivo ao capital.

Permitir que as reais bandeiras de luta das mulheres se misturem com as bandeiras de empresas capitalistas é assumir uma estratégia de manutenção do status quo geral de exploração de uma classe sobre outra, ou pela negativa abdicar da possibilidade real de emancipação das mulheres, se contentando com mais inclusão, alguns direitos e maior inserção da pauta feminista na mídia burguesa.

O feminismo como nicho de mercado e consumo

É preciso destacar que a necessidade de várias empresas buscarem consultoria para dialogar com o público sensível à pauta feminista é expressão distorcida da luta das mulheres. É uma expressão porque a crítica ao papel da mídia na superexploração do corpo feminino, na objetificação e heteronormatividade do sexo e no incessante bombardeio de ideias por um padrão de beleza inalcançável é parte de um combate decidido a uma sociedade que utiliza seus meios de comunicação como forma de legitimar o patriarcado. Mas também é distorcido porque longe de concordar com a necessidade de real emancipação das mulheres, a classe dominante frente aos descontentamentos sociais não irá concordar com as bandeiras dos oprimidos e explorados, senão que irá buscar se apropriar parcialmente delas até esvaziá-las de seu conteúdo subversivo e revolucionário.

É por isso que muitas empresas mundo afora organizaram suas agendas para surfar nesse espaço progressista de expressão de luta das mulheres

contra a opressão machista e patriarcal, buscando ressignificar algumas bandeiras feministas para uma apropriação padronizada e mercantilizada, cooptando a luta das mulheres para a criação de nichos de consumo com um “feminismo de mercado” que ao mesmo tempo em que se apropria da luta das mulheres para vender uma marca, tira o aspecto político e emancipatório da luta contra a opressão. Enquanto for possível transformar uma crítica radical em espaço de consumo para aumentar os lucros capitalistas muitas empresas irão ver nesta saída uma possibilidade de se repaginar frente a fenômenos reais que por carecerem de estratégias claras muitas vezes consideram que se tratam de conquistas do movimento em si mesmo, sem analisar o significado das relações entre as classes.

Muitas empresas adequaram suas propagandas para trabalhar a ideia de empoderamento das mulheres, com quebras de estereótipos e padrões de gênero. Exemplos não faltam. A empresa Goldie Blox, divulgou em sua propaganda de “brinquedos para futuras engenheiras” um questionamento ao padrão de gênero construído de que brinquedos de meninas seriam apenas aqueles voltados para reproduzir um papel social das mulheres ligado aos trabalhos de cuidado e afazeres domésticos. Ou as propagandas da empresa Avon, que buscaram figuras do “pop” nacional para expressar um tipo de empoderamento das mulheres negras valorizando a autonomia, inclusão e confiança com o lema “olhar de quem tem coragem, faz o que acredita e diz a que veio”.

Mais do que vender um produto existe o objetivo de criar a imagem da empresa que mostra um estilo de vida condizente com o que requer o capitalismo hoje: a exaltação de pessoas com atitude e flexíveis para dar conta da intensa volatilidade do capital,

ainda que seja um punhado de grandes monopólios e algumas centenas de famílias os que seguem detendo a maior parte das riquezas do mundo. Além de uma crítica econômica, ou seja, de anseio dos lucros, é necessário ressaltar que particularmente algumas empresas de “beleza” também são responsáveis pela perpetuação ou criação dos padrões que são impostos às mulheres, financiando suas publicidades e pensando todas as estratégias de marketing nas novelas, revistas e programas de TV. Estima-se que tenha ao menos 1% da população mundial sofrendo formas de distúrbios do tipo bulimia e anorexia, dos quais 20% levam a consequências fatais.

Na TV “emancipação”, nas fábricas exploração

É um fato que o feminismo se trata de um movimento policlassista, ou seja, um movimento composto por mulheres de várias classes sociais. Entretanto, o secular debate entre marxismo e feminismo sempre demonstrou o limite para que as demandas das mulheres pudessem adquirir de fato um componente anti-sistêmico e, portanto, anticapitalista: os interesses entre burguesia e proletariado são inconciliáveis uma vez que são opostos. Se as mulheres não são uma classe social, mas sim um grupo socialmente subordinado por seu gênero que compõe as distintas classes na sociedade, isso pressupõe que se é possível que todas as mulheres, independente de sua classe, lutem em comum pela bandeira democrática do direito ao aborto por exemplo, é também um fato que com a crise capitalista e a necessidade de descarregar a crise sobre as costas da classe trabalhadora as grandes empresárias e chefes de estados não pensarão duas vezes em implementar planos de ajustes que atacarão em cheio a massa feminina proletária.

Partindo desta premissa elementar, a única que pode dar uma visão profunda sobre a sociedade capitalista e a necessidade de questioná-la pela sua raiz, é que é necessário abordar o tema da relação entre as demandas do movimento feminista e a estratégia para alcançá-las. Neste debate não é menor a importância de clarificar a influência de um feminismo burguês ou “empresarial” sobre o reformismo de conjunto e como aos poucos vão domesticando a luta das mulheres.

Estas empresas que buscam nichos de mercado na luta das mulheres encontraram uma ótima forma de melhorar suas campanhas publicitárias. Isso porque existem ONGs feministas que tem como função fazer consultoria para estas empresas “melhorarem” sua imagem com as mulheres. Toda uma camada de um feminismo “empreendedor” criou uma identidade de um “feminismo cool”, que levanta temas e campanhas em geral progressistas e democráticas acerca das opressões de gênero, que decerto despertaram amplo interesse e empatia nas mulheres, mas que tinham como objetivo sempre terminar por pensar a relação entre as empresas e o público feminino. É um feminismo diretamente incentivado pela ONU. O exemplo da marca de absorvente “Always” é interessante. Com o lema “Like a girl” usou a quebra de estereótipos de gênero ao contrastar que o sentido negativo de “ser como uma menina” ainda não estava construído em crianças que viam que ser como uma menina poderia significar força, habilidade, inteligência. E a ideia que gerou muito lucro na venda de produtos dessa grande empresa foi transformada numa campanha #LikeAGirl nas redes sociais com posts de questionamento dos estereótipos de gênero. Seguindo esses exemplos estão ONGs e variados tipos de um feminismo empreendedor, como é o caso da página ThinkEva. Esse projeto que se reivindica feminista visa, segundo elas, usar as redes sociais como forma de empoderamento de mulheres para terem mais escolhas. Suas parcerias passam por Avon, Nestlé, heads., Bloomberg e o próprio Facebook, entre outras.

Para além das amplas campanhas que impulsionaram nas redes sociais com temas progressistas de combate a violência, trabalham para melhorar a imagem de empresas que enquanto aparecem na televisão com suas propagandas mostrando a imagem de mulheres empoderadas e emancipadas, nas fábricas e locais de trabalho são parte da agenda de ataques às mulheres trabalhadoras. Seja nas fábricas que produzem diretamente os produtos, sofrendo com trabalho precário e os salários mais baixos, seja no tipo de trabalho “informal” que a Avon vem incentivando há anos onde vendedoras, em geral mulheres, podem vender os produtos de forma “autônoma”, uma faceta brutal de retirada de direitos chamado por Marx de “salário por peça” já que é uma jornada de trabalho sem limites, sem direitos e com enorme rotatividade.

Ou seja, se por um lado podemos todas gritar juntas nas redes sociais contra a violência às mulheres, por outro lado é necessário ter claro que as bandeiras da Avon, Natura, Always e tantas outras empresas que buscam o “nicho feminino” são incompatíveis com a verdadeira libertação das mulheres, em especial as mulheres trabalhadoras.

Empoderamento... desde que os lucros capitalistas continuem intactos

Nada mais funcional aos capitalistas que retirar qualquer conteúdo emancipatório da luta das mulheres para fomentar nas suas propagandas conceitos do feminismo como o empoderamento e a sororidade, ambos conceitos que se apoiam em uma visão de que o centro da luta das mulheres é sua auto-libertação individual ou uma solidariedade irrestrita entre mulheres independente de sua classe. No caso das empresas, que as mulheres se sintam com “poder” usando seus produtos, e que se sintam solidárias umas as outras incluindo as chefes e empresárias que exploram, são todas ideias que vão no sentido de sustentar esta sociedade de classes e manter a luta das mulheres longe de qualquer perspectiva revolucionária de ruptura com o sistema capitalista. Afinal, não é a toa que a mesma classe dominante, em diversos países, tenha que assumir como chefes de seus estados mais importantes mulheres com um discurso inclusivo, como se não fizesse diferença a qual classe determinada mulher está representando. São casos emblemáticos como Angela Merkel na Alemanha, Condoleeza Rice que foi Secretaria de Estado nos Estados Unidos, Hillary Clinton que foi candidata à presidência dos EUA, mas também exemplos na América Latina com os governos pós-neoliberais, como foi o caso de Dilma Rousseff no Brasil e Cristina Kirchner na Argentina. Em relação às mulheres que dirigiram estados imperialistas, a gráfica imagem entre Angela Merkel e a menina palestina chorando ao ouvir a primeira ministra dizer com frieza que não poderia viver na Alemanha não deveria deixar dúvidas. Mas retomemos o exemplo entre as líderes americanas ascendendo enquanto mulheres no coração imperialista mundial, como Hillary Clinton, que usou em sua campanha sua identidade como mulher e da violência de gênero, enquanto defendia o bombardeio por drones na Síria ou a garantia das tropas “de paz” no Haiti, cujos soldados estupravam as meninas haitianas.

Este paradoxo mostra mais uma vez que a identidade de gênero não nos coloca do mesmo lado. Que o antagonismo de classe é o que é determinante pra pensar com qual estratégia lutar.

Com estas mulheres no poder querem passar a mensagem de que as mulheres podem, de que quanto mais mulheres no poder e na política mais avanços pros nossos direitos. No caso de Dilma e Cristina, que eram expressão dos governos pós-neoliberais na América Latina, esta tentativa foi ainda mais forte por se tratarem de governos que buscavam, com suas diferenças, um viés populista de reformas no sistema capitalista. A partir do momento em que foram eleitas o movimento feminista reformista que as seguia quis impor envergonhadamente que se tratava de uma vitória das mulheres, sem saber responder porque por exemplo o aborto continuava ilegal e milhares de mulheres seguiam morrendo sob o governo de uma mulher.

O que os capitalistas buscam é criar novos símbolos e signos, cooptáveis, padronizados, mercantilizados para fazer mudanças cosméticas culturais nesse sistema carcomido que mantém a realidade de que a pobreza tem cara de mulher, quando existe uma clara desigualdade de gênero entre os que são os mais pobres no planeta. As mulheres são 70% da população miserável no mundo inteiro. Assim como são as mulheres as que ocupam os postos de trabalho mais precários com a terceirização e a flexibilização das leis trabalhistas, as mulheres imigrantes as que mais sofrem com a xenofobia, as mulheres negras pobres as que mais sofrem com a violência policial. Essas mulheres não são as que aparecem nos comercias da Avon.

A emancipação das mulheres no capitalismo é uma utopia

Por tudo isso consideramos que entre as mulheres nossa posição teórica tem que ser a mesma de nossa luta: ao lado dos explorados e oprimidos por esse sistema. Como já dizia a revolucionária Rosa Luxemburgo, “nenhuma lei obriga o proletariado a submeter-se ao jugo do capitalismo. A pobreza, a carência de meios de produção, obriga o proletariado a submeter-se ao capital”. E apesar de toda incorporação da agenda feminista pela burguesia, as mulheres seguem sendo as que mais são obrigadas a submeter-se aos ditames do capital. Essa desigualdade as empresas nunca irão questionar, moldando assim o “feminismo cool” e “empreendedor” que nunca toca essa imposição do capital que atinge a vida das mulheres num mundo de cada vez maior desigualdade social.

Ainda que não defendam um feminismo burguês e empresarial, as feministas reformistas como a Marcha Mundial de Mulheres e o PT, os grupos feministas que rechaçam o marxismo e as ONG’s feministas que fazem assessoria para as empresas terminam se tornando também inofensivas ao capital e sendo funcionais a manutenção desta sociedade, já que colocam como objetivo uma sociedade mais justa, visando reparar as desigualdades de modo mais eficaz, traçando a estratégia da participação política e atuação dentro das esferas do estado, mas sem nenhuma ruptura com o capitalismo. Isso porque este feminismo se adapta à agenda da burguesia ao esconder o caráter de classe do estado e suas esferas, tornando a tática da conquista de cargos no parlamento ou no executivo como a principal estratégia a ser alcançada.

Esse feminismo reformista decerto que contribui para a crítica à patriarcalização do estado, assim como trouxe de volta o aspecto político e não apenas cultural do feminismo, porém mantêm as mudanças políticas e culturais no âmbito do capitalismo e do estado burguês, visando a reparação das desigualdades e não o fim destas, reafirmando com novas formas a estratégia fracassada de governos de conciliação entre as classes dominantes e dominadas. Flertam inclusive com as chamadas teorias das feministas radicais que veem nos homens os inimigos, e não no capitalismo. Ao não apontar sua mira política e teórica para o fim das desigualdades sociais, que só pode se dar com uma luta que fortaleça o fim da propriedade privada, pode-se por um lado fortalecer as variantes diretamente burguesas mas também abrir espaço a um neo-reformismo que certamente continuará colocando no poder governos que na hora “H” colocam-se a serviço dos interesses da burguesia, como recém aconteceu com o Syriza na Grécia. Todo este feminismo exerce enorme influência também sobre as organizações de esquerda.

As mulheres precisam de uma estratégia revolucionária

Se a luta das mulheres é internacional é porque o capitalismo leva aos quatro cantos do mundo sua exploração também por via da opressão patriarcal e machista. Apesar do capitalismo assimilar discursos contra padrões de gênero e estereótipos, a opressão é extremamente funcional para o modo de produção capitalista e para o domínio de uma classe dominante sobre a maioria dos trabalhadores e de toda população pobre e oprimida. Acreditamos que as mulheres e os homens que podem produzir toda a riqueza social que é expropriada pelos capitalistas são os que podem acabar com esse sistema de exploração e opressão, enfrentando também o machismo dentro da própria classe. E nessa luta anticapitalista as mulheres tem que tomar a linha de frente contra a opressão machista e patriarcal para fortalecer, junto com os companheiros homens, uma força capaz de lutar contra uma opressão usada pelos capitalistas para dividir os trabalhadores e todos os que são subjugados pelos ditames do capital.

E como grande sujeito de transformação social cabe à classe trabalhadora unida tomar para si a luta contra toda forma de opressão usada pelos capitalistas para nos dividir segundo nosso sexo, gênero, raça, nacionalidade.

Sobre o debate aberto por Nancy Fraser, teórica e feminista norte-americana, de ser ou não possível num cenário pós-neoliberal oferecer perspectivas de mudança para a renovação do feminismo socialista, acreditamos que sim. E conjuntamente a disputar em perspectiva anticapitalista todos os espaços da esquerda no Brasil que luta contra uma reacionária direita, construímos uma agrupação de mulheres internacional que é o Pão e Rosas, pois a luta contra a opressão em perspectiva anticapitalista é uma luta imprescindível, e por isso atuamos como parte do movimento feminista porque queremos levar adiante a luta por todos os nossos direitos mais elementares fazendo unidade com todos os setores, porém sempre levantando nossas próprias bandeiras. As bandeiras de quem considera que esta luta não é um fim em si mesmo e não consegue derrubar as raízes que fazem com que ela se perpetue, que é o capitalismo. Que para isso é preciso construir um forte partido revolucionário dos trabalhadores pra levar adiante uma revolução operária e socialista, condição necessária para colocar fim a toda forma de opressão e dar as bases materiais e econômicas para que tenhamos nosso direito ao pão, mas também às rosas. É por isso que como dizia a socialista Louise Kneeland, quem é socialista e não é feminista carece de amplitude. Mas quem é feminista e não é socialista carece de estratégia. A nossa estratégia é a da revolução socialista.

 
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