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NOTAS MILITANTES
As tarefas da juventude e da esquerda depois de Atlanta
Jesica Calcagno
@Jesi_mc

Pouco depois do ato histórico da esquerda, com jovens trabalhadores e estudantes de todo o país, ficou-se sabendo da notícia da morta de Fidel Castro e a revolução entrou em debate. Como seguiremos?

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Se aproximava o ato da Frente de Esquerda e apenas uns dias antes havia ocorrido o triunfo do direitista Trump nos EUA. Teve um impacto mundial: no coração do imperialismo um multimilionário, machista e racista chegou ao poder. As consequências que terá essa mudança ainda estão para se ver, mas a juventude e os trabalhadores já estabeleceram um alerta e desataram mobilizações.

Foi um estremecimento que atravessou a preparação do ato de Atlanta na juventude: debatia-se que a esquerda tem novos desafios em um mundo onde avança alternativas pela direita a crise capitalista, e está em questão a representação dos seus partidos tradicionais em muitos países. Sem ir mais longe, o triunfo de Macri na Argentina é parte desses fenômenos, e os trabalhadores, as mulheres e a juventude debatem como enfrentar o ajuste com um Partido Justicialista que é parte de implementá-lo nas províncias que governa.

Falando de revolução

O ato em Atlanta teve mais de vinte mil pessoas, uma novidade em nível mundial que a esquerda trotskista tenha essa capacidade de mobilização. O que surge agora é o desafio de como aumentar e desenvolver a força e o entusiasmo que gerou. E mais ainda depois da notícia da morte de Fidel Castro que colocou na boca de todos a revolução. Muitos a pronunciaram para tentar fechar qualquer ideia de mudança anticapitalista, como Trump e tantos outros. Porém entre milhões de jovens em todo mundo, entretanto, significou despertar o imaginário sobre essa revolução triunfante.

A partir do trotskismo, queremos reabrir esse debate sobre como defender as conquistas da revolução cubana, em perigo pelas próprias medidas regressivas da ingerência e abertura a capitais estrangeiros que tomou o castrismo, chegando até a recente visita de Obama a ilha. Como defender que a revolução a burguesia e os latifundiários, o trabalho para todos, a alfabetização, a saúde e educação de qualidade, só pode começar com uma “revolução dentro da revolução”, que derrube o regime político de partido único, para dar voz ao povo trabalhador cubano na tomada de decisões, acabando com a casta privilegiada que está no controle do estado. Como impactaria no nosso país se os milhares que estiveram no ato desenvolvessem esses debates em nossos lugares de trabalho, de estudo, nos bairros? Não há dúvidas que seria uma verdadeira expansão das ideias da esquerda e da revolução.

Em Atlanta a juventude vibrou atentamente com os discursos que defendiam uma perspectiva a esse panorama: “Essa juventude tem um desafio enorme que é unir-se com a classe trabalhadora em todo o mundo sob um programa e projeto anticapitalista”, disse Nicolás del Caño no fechamento. Porquê estamos diante de profundas mudanças mundiais, onde os governos que se colocaram como alternativa ao neoliberalismo demonstram que seu interesse de classe é contrário aos trabalhadores. Estão florescendo movimentos de jovens e estudantes, de trabalhadores, mulheres, latinos e negros, em resposta aos governos que buscam dirigir a crise capitalista a favor dos banqueiros e grandes empresários.

Mas esses movimentos vão se dispersar se a juventude em todo o mundo não se propõe construir uma alternativa que supere a situação em conjunto com os trabalhadores, que unifique todas as reivindicações. Hoje, ao estar divididos, não só debilitam a luta por suas próprias demandas particulares como também terminam jogando a favor da direita que, como Trump, se apoiam na divisão entre trabalhadores locais e imigrantes para seus ataques. A única utopia é confiar a resolução dos problemas sociais, ao próprio capitalismo que os engendra e reproduz, ou crer que a luta por justas demandas parciais podem ser conquistadas lutando divididos e sem ligar-se a classe que é o coração da sociedade e tudo que o move: os trabalhadores.

À pergunta que surgiu na arquibancada de Atlanta de “como seguimos?”, acreditamos que tem que ser a partir de um projeto emancipador. As centenas de companheiros que vem desenvolvendo uma militância em comum com a Juventude do PTS e Pão e Rosas em universidades, escolas, locais de trabalho, em bairros e vizinhanças de todo o país: queremos lhes propor que construamos juntos a alternativa que necessita os tempos que vivemos, operária, anticapitalista, anti imperialista, socialista e revolucionária, que unifica a luta por uma sociedade sem exploradores nem explorados.

Queremos acelerar a experiência que viemos desenvolvendo em comum, para que se incorporem na Juventude do PTS e construir um partido da classe trabalhadora pelo socialismo. Um projeto que volte a colocar a revolução socialista como perspectiva necessária, que supere a divisão das fileiras operárias, e dos distintos movimentos de luta e resistência, que só serve aos governos de empresários, desde Trump e Hillary até Macri e Cristina Kirchner.

Queremos propor que tomem partido pelos explorados e oprimidos, e fazê-lo com o objetivo de amplificar essas ideias nos locais de trabalho e estudo, pondo em pé amplas agrupações como todos esses companheiros e companheiras com os que hoje confluímos ou podemos confluir em diferentes batalhas parciais. Para intervir na realidade apostando em desenvolver setores que tomem as ideias de esquerda em suas mãos. Nos centros acadêmicos enfrentando as autoridades, as agrupações radicais do PRO e do PJ, fazendo a disputa no plano ideológico. Nas fábricas e sindicatos, enfrentando os patrões e os sindicalistas traidores. Para que em cada fenômeno de luta progressista que surja, ampliemos a organização e a batalha por uma perspectiva independente, auto-organizada e junto aos trabalhadores.

Que seja o começo

O estádio de Atlanta cheio e os dois grandes feitos mundiais como o triunfo de Trump e o debate sobre a revolução cubana nos colocam o desafio de construir uma nova geração militante da juventude com as bandeiras do socialismo internacional para acabar com a barbárie capitalista. Queremos que este seja o início de um intercâmbio com todos aqueles jovens que simpatizam com a Frente de Esquerda. Para que desenvolvamos durante os próximos meses, junto com novos jovens que compartilham lutas parciais, quais são as tarefas concretas do movimento estudantil, operário e de mulheres. Que as páginas do La Izquierda Diario se transformem em difusoras das resoluções, debates, propostas e desafios dessas agrupações que se ponham em pé. No imediato temos a preparação da jornada do próximo 20 de dezembro nos 15 anos das jornadas revolucionárias de 2001 que se propôs no ato da Frente de Izquierda, e as campanhas em defesa das fábricas recuperadas Zanon y MadyGraf. Que seja o começo!

Tradução: Pedro Rebucci de Melo

 
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