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TRIBUNA ABERTA
O trem da história passa: as ocupações precisam articular suas estratégias.
Renato
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Os movimentos de ocupação travam hoje uma luta nacional a qual alterna em suas pautas, o fim da PEC 55 e questões referentes ao âmbito exclusivo de cada escola, instituto educacional ou universidade. A atuação políticase coaduna frente aos ataques operados pelo governo ilegítimo e golpista e seus aparatos institucional-ideológico de consenso e coerção. Não só isso, mas também em oposição ao Judiciário claramente reacionário, a uma pequena-burguesia e uma classe política reacionária e aos oligopólios midiáticos.

A rigor, são várias as frentes de ataque aos direitos sociais e políticos da classe trabalhadora, mas a mobilização da juventude junto aos trabalhadores, bem como a unidade entre as ocupações podem ser o mecanismo para barrar a PEC 55.
Se analisarmos elementos presentes na via de luta político institucional brasileira, podemos notar como os movimentos de ocupação surgiram e ainda surgem em respostas aos problemas inerentes a democracia blindada e a crise de representatividade política da sociedade.

No que diz respeito a terminologia usada pelo historiador Felipe Demier, a democracia blindada remonta fins dos 1970 e se caracterizou por seu caráter extremamente contrareformista no qual a hegemonia do capital ocasionalmente aprimora esse tipo burguês de participação política. Trata-se de um mecanismo caracterizado por ser refratário a qualquer tipo de demanda popular, por excluir indivíduos ou quadros políticos entusiastas das pautas reformistas dos principais espaços de decisão política. Portanto, deriva da impossibilidade de ter representadas nos ministérios, tribunais superiores ou regionais, casa legislativas, etc. demandas populares que a própria definição de democracia ganha seus contornos de classe, sobretudo, pois se verifica a exclusão da classe trabalhadora na participação política.

A crise de representatividade política é caracterizada por ser um fenômeno mundial e no Brasil, como notamos nas últimas eleições para prefeitura, se mostrou bastante evidente. Deve-se assinalar nesta chave de interpretação de conjuntura política seus limites e potencialidades. Pondo em questionamento os próprios termos da representação: um município o qual elegeu um candidato da família Bolsonaro com 106,657 votos num momento crescente de uma pequena-burguesia reacionária nos evidencia uma íntima ligação entre disputa política institucional e representatividade. Em última análise, não será esse o espaço para essa discussão, ao contrário, nos importa precisar essa crise no bojo das lutas dos estudantes secundaristas em 2015 que persistem até hoje – com outros contornos e novos participantes.

A legitimidade de partidos políticos como agentes de representação de interesses societários vem sendo posta em cheque. Trata-se ainda de uma questão levantada acima, da capacidade destes em atender as demandas populares, e, para resgatar o mote da democracia burguesa, se estes a querem fazer de boa fé. Se vê, desta maneira, a aparição de candidaturas que reforçam seu caráter técnico, de bons gestores que em nada se assemelham como aqueles da classe política – João Doria, Donald Trump e Fernando Mcdowell são exemplos desse fenômeno. O fato é que frente a impossibilidade dos interesses de determinada parcela da sociedade serem atendidos, os jovens estudantes secundaristas mobilizaram uma luta de vanguarda. Esgotada, parcialmente, a disputa política via as instituições representativas do Estado, os movimentos de ocupação surgiram como uma resposta efetiva às investidas de desmonta educacional seja a nível estadual ou federal.

A luta dos estudantes secundaristas, hoje, ganhou outros contornos, e caminha junto a dos estudantes universitários. Nesse momento, é necessária, uma união entre as ocupações para se formar uma frente única de atuação a fim de promover atos unificados e sistemáticos. Indo um pouco mais além, deve-se estabelecer uma união entre juventude e trabalhadores para fortalecer a luta numa frente ampla e nacional contra o governo golpista.

Esse tempo é tenro e concorrente, precisamos articular nossas estratégias: o trem da história passa e precisamos agir.

 
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