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TRUMP
“O Islã é um câncer”, diz militar islamófobo que será conselheiro de segurança de Trump
André Barbieri
São Paulo | @AcierAndy
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O presidente eleito Donald Trump ofereceu o cargo de conselheiro sobre Segurança Nacional para Michael Flynn, um general aposentado do Exército norteamericano.

Michael Flynn foi dispensado por Obama depois de dois anos como chefe da Agência de Inteligência da Defesa, por conta de seu “rude modo de ser”. Flynn emergiu desde então como um dos porta-vozes mais raivosos da ampla camada de oficiais e generais militares que buscavam uma linha ainda mais agressiva que a de Obama, como Stanley McChrystal, com quem Flynn transformou o Comando de Operações Especiais do Pentágono num verdadeiro esquadrão de extermínio de muçulmanos nas guerras do Iraque e do Afeganistão.

Essas vozes dissidentes por dentro do regime imperialista se agruparam ao redor de Donald Trump, feroz advogado de medidas racistas e xenófobas, como a proposta de banir a entrada de muçulmanos nos Estados Unidos e manter um registro especial dos muçulmanos nascidos no país (idéia que recebeu de Flynn).

É difícil dizer onde as palavras do general Flynn terminam e as de Trump começam. Ambos acreditam que os Estados Unidos precisam começar a trabalhar em comum com o presidente russo Vladimir Putin para derrotar as milícias do Estado Islâmico, e suspender críticas às tentativas do exército russo de desmembrar a Ucrânia, ou aos bombardeios indiscriminados da Rússia às cidades sírias, como Aleppo. A mesma benevolência é transmitida ao governo do ditador egípcio Abdel Fattah el-Sisi, que esmagou num banho de sangue a oposição burguesa da Irmandade Muçulmana e mantém o mesmo regime repressivo de Mubarak contra os trabalhadores e as massas populares.

Flynn também compartilha cm Trump a idéia de que a “militância islâmica” pressupõe uma “ameaça existencial” ao modo de vida americano, e que a própria religião islâmica éa fonte do problema, descrevendo-a como ideologia política e não uma religião. O general já se referiu ao Islã como “um câncer” mundial. Por vezes compartilha a visão da revista de extrema-direita Breitbart News, que era dirigida por Steve Bannon, supremacista branco que hoje é estrategista chefe da Casa Branca.

O acordo nuclear com o Irã, uma das principais conquistas diplomáticas da administração Obama, também é alvo das críticas de Mike Flynn, que no curso de sua carreira militar de 33 anos foi membro do Comando Central de Inteligência dos EUA, que supervisiona operações militares no Oriente Médio, onde possui obscuras relações com as ditaduras regionais por meio de sua empresa de consultoria, a Flynn Intel Group.

Junto a McChrystal e David Petraeus, ex-chefe do Pentágono, Flynn é visto como figura emblemática da ira contra a “elite de Washington” e ao governo Obama, que teve uma estratégia de contenção de danos e recuo do fracasso militar das operações comandadas por George W. Bush no Iraque e no Afeganistão. Depois do assassinato de Osama Bin Laden, fez campanha contra a idéia de que o islamismo radical recuava enquanto força política – sem notar que o Estado Islâmico é produto das próprias intervenções imperialistas no Oriente Médio.

Trump, que foi o veículo xenófobo, racista e misógino da raiva de um amplo setor da população contra o establishment bipartidário de Washington, está carregando o gabinete de governo de políticos racistas que respondam aos seus apelos de campanha. Steve Bannon, que cuidará da estratégia de governo num dos principais cargos, é considerado a voz da organização supremacista branca Ku Klux Klan dentro do governo. Flynn atenderia à política anti-muçulmana do candidato republicano.

Outros militares farão parte da comitiva presidencial de Trump. Jeff Sessions, ex-general do exército, será procurador-geral de Trump. Ele é conhecido dentro do Partido por suas posições ufanistas e populistas, além dos ataques constantes aos imigrantes, aos direitos civis defendidos pelo movimento negro, de mulheres e LGBTs e, assim como Trump, é considerado um extremista e “estranho” pelos grupos republicanos tradicionais.

Já o ex-oficial Mike Pompeo será diretor da Agência Central de Inteligência (CIA). Seu maior objetivo é cancelar o acordo com o Irã.

A polarização social nos Estados Unidos é um dos dados mais taxativos sobre o crepúsculo da ordem mundial do pós-Segunda Guerra. Assim como estas expressões de xenofobia atroz ganharam terreno nos marcos da lenta mas dilacerante crise econômica, expressões de resistência à esquerda emergem: a juventude sai as ruas contra Trump e nas universidades abre uma campanha contra a deportação de qualquer imigrante. Mais do que nunca frente ao nacionalismo xenófobo, as bandeiras do internacionalismo proletário (a defesa de todos os direitos e a unidade de classe entre trabalhadores nativos e estrangeiros, independente da religião), se a soubermos explicar bem frente à raiva crescente dos explorados do mundo inteiro, são de uma atualidade premente.

 
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