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#OCUPATUDO
Os estudantes não fazem só provas e trabalhos, também fazemos história
Francisco Marques
Professor da rede estadual de Minas Gerais

Nosso país passa pelo maior processo de luta estudantil dos últimos 25 anos, com mais de mil ocupações estudantis em escolas e universidades. A situação chacoalha a rotina dos burocratas e dos céticos, e abre a porta da história para os estudantes novamente. Dizemos bem alto: nosso futuro nós é que decidimos.

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Assembleia geral na UFMG, no CAD 1

O processo começou no Paraná com o imponente levante secundarista que chegou a ocupar mais de 100 escolas em um fim de semana e que já passou do total de 850 escolas ocupadas. Chegou a escolas e universidades de norte a sul do país, sendo o segundo polo da luta o estado de Minas Gerais, com mais de 60 escolas ocupadas e 23 prédios de 6 diferentes universidades, com centro na UFMG. A luta é contra a PEC 241 (agora PEC 55), a MP 746 e os ataques do governo golpista de Michel Temer.

Em junho de 2013 a juventude já tinha abalado a normalidade durante a Copa das Confederações e colocado nas ruas sua recusa a aceitar as más condições de vida impostas pelos empresários e seus políticos, sejam do PT e aliados ou da direita. Aquele levante conquistou imenso apoio social e questionou profundamente as estruturas de dominação estabelecidas no país. Já neste ano, desde maio, foi a luta contra o golpe que mobilizou a juventude, como há muito tempo não se via.

Agora a direita tenta se aproveitar do sucesso do golpe e do bom resultado eleitoral, sobre a profunda derrota petista, para acelerar os ataques. Aí entra a PEC 241 (agora PEC 55, em tramitação no Senado) e a MP 746. Mas nem tudo é resolvido entre os “de cima”, e os acordos fechados por eles têm provocado esta crescente revolta estudantil. Esqueceram de combinar com os estudantes os 20 anos de ajuste fiscal pagando a dívida pública aos banqueiros e triturando os direitos sociais.

O Movimento Estudantil entra em cena

Uma diferença importante com o movimento de 2013 é que desde maio e principalmente desde outubro não são os jovens em luta, mas sim o movimento estudantil, organizado desde cada escola, curso, instituto, faculdade, universidade. O exemplo das ocupações secundaristas de São Paulo, que derrotaram a “reorganização” escolar de Geraldo Alckmin (PSDB), influencia muito a luta atual. A força maior deste movimento atual é que os estudantes param a rotina das salas de aula e dizem bem alto que não vão continuar a vida normal enquanto arrancam nossos direitos e nosso futuro. Somos sujeitos políticos e lutaremos pelo futuro que queremos!

Essa é a nossa força, e para desenvolver ao máximo essa potência é preciso primeiro total democracia nas decisões, com assembleias de base onde quem manda é a maioria dos estudantes e não as direções burocráticas que têm interesses próprios – como a UNE e a UBES, dirigidas pela UJS/PCdoB, e esta última já até fez acordo com o TRE para proibir ocupações em Belo Horizonte – e que têm mais compromisso com os interesses eleitoreiros do PCdoB e do PT que com a luta estudantil. Só com total democracia poderemos envolver o máximo de estudantes e fortalecer nossa luta.

Entre a ofensiva da direita e a enrolação petista

Nossos inimigos são fortes, e a PEC 55 (antiga PEC 241) é uma parte central dos planos golpistas. Não à toa foram 367 votos pelo Impeachment e 366 pela PEC 241 na Câmara dos Deputados. Ela é o golpe na educação, na saúde e nos direitos sociais. Agora tramitará no Senado sob o olhar atento e apoio do judiciário que assiste e auxilia estes direitos sociais serem rasgados da Constituição de 88. A mídia fecha o cerco contra nossa luta e quando noticia as ocupações é para atacar, caluniar e deslegitimar.

A juventude só pode confiar na sua luta para barrar a PEC e os ataques de Temer. O PT sofreu a maior derrota eleitoral de sua história. Foi o resultado do ajuste fiscal de Dilma Rousseff contra os trabalhadores e contra a educação, do profundo envolvimento do partido na corrupção do Estado brasileiro e dos efeitos da crise capitalista mundial, combinados com a ofensiva da direita via judiciário, legislativo e mídia que culminaram no bem sucedido golpe.

O PT e seus aliados, através da CUT, CTB e UNE, deixaram o golpe passar sem nenhuma greve geral da classe trabalhadora que parasse os principais centros econômicos do país, e agora repetem a triste cena na “luta” contra a PEC 55. Apostam na “resistência” dos palanques e festivais como continuidade dos 13 anos de conciliação com a direita, e na oposição comportada visando as eleições deste ano e de 2018; o último ato desta horrenda peça foi sair coligado com PMDB, PSDB ou DEM em 1683 municípios neste outubro.

Junto com os trabalhadores pra barrar os ataques dos golpistas

A “PEC da morte” é uma parte do imenso pacote de ajustes do governo Temer e dos golpistas. Já foram anunciadas a reforma da previdência e trabalhista. E apesar de que o protagonismo da resistência à PEC esteja com os estudantes, sabemos que toda a população vai sofrer com os cortes na educação e na saúde. Precisamos conquistar apoio da população e especialmente dos trabalhadores. Os atos, panfletos, debates e ações do movimento devem centrar neste objetivo: radicalizar e mostrar nossa determinação de luta em constante diálogo com a população. Denunciar a manobra do MEC que remarca as provas de parte dos estudantes para tentar jogar estudante contra estudante.

Se a classe trabalhadora não entrar em cena dificilmente poderemos barrar a PEC 55 e de forma nenhuma poderemos impedir todos ataques. Por isso é fundamental exigir junto com os trabalhadores mais conscientes que a CUT (dirigida pelo PT) e a CTB (dirigida pelo PCdoB) convoquem uma greve geral que não seja nas palavras e com atos cheios de sindicalistas profissionais, mas sim com assembleias de base onde os próprios trabalhadores decidam seus métodos de luta. Chega de enrolar e de se subordinar à conciliação desses partidos com a direita.

Da mesma forma que exigimos e denunciamos as direções sindicais, muito mais alto devemos fazer com as burocracias estudantis, como a UNE e a UBES, dirigidas pela UJS/PCdoB. Exigimos que unifiquem as lutas e que se solidarizem com cada ocupação e luta estudantil. E precisamos colocar de pé um comando das escolas ocupadas, com representantes eleitos desde cada assembleia de base, para coordenar as lutas e mostrar a força e união dos estudantes, regionalmente em MG e também nacionalmente. As primeiras grandes tarefas são a solidariedade aos atos locais de secundaristas em cada região – como os atos no Barreiro, Contagem e Venda Nova nos últimos dias na região de Belo Horizonte – e também sermos milhares nas ruas em todo país no dia de “greve geral” chamado pelas centrais sindicais, no dia 11 de novembro.

 
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