www.esquerdadiario.com.br / Veja online / Newsletter
Esquerda Diário
Esquerda Diário
http://issuu.com/vanessa.vlmre/docs/edimpresso_4a500e2d212a56
Twitter Faceboock
SAÚDE
Governo Federal e Congresso aprofundam o desmonte do SUS
Gustavo Carneiro, diretor de base do Sintusp

Já em janeiro, Dilma assinou a Lei 13.097, que permite a atuação do capital estrangeiro na assistência à saúde no Brasil, contradizendo a legislação anterior e a própria Constituição. Assim, empresas estrangeiras ficam liberadas para controlar qualquer tipo de serviço de assistência, inclusive hospitais filantrópicos como as Santas Casas.

Ver online

Estamos em maio, mas podemos dizer que 2015 está deixando sua marca como um ano péssimo para o SUS.

Já em janeiro, Dilma assinou a Lei 13.097, que permite a atuação do capital estrangeiro na assistência à saúde no Brasil, contradizendo a legislação anterior e a própria Constituição. Assim, empresas estrangeiras ficam liberadas para controlar qualquer tipo de serviço de assistência, inclusive hospitais filantrópicos como as Santas Casas.

Esse é um ataque sem precedentes ao SUS, pois transforma a assistência à saúde em um grande balcão de negócios para as multinacionais, tornando-a refém dos interesses de empresas estrangeiras que buscam apenas o lucro rápido e abrindo novas possibilidades para a apropriação do fundo público brasileiro destinado à saúde pelo setor privado.

Em consonância com essa lei, o legislativo federal promulgou em março a Emenda Constitucional nº86, que dá mais um passo frente à diminuição do investimento estatal na saúde. Tal emenda fixa que o investimento na saúde será feito a partir da receita corrente líquida federal, estabelecendo um aumento gradual até chegar ao piso de 15% em 2018. Além do aumento lento e do baixíssimo percentual final, esse índice será facilmente manipulável, pois por ser a receita líquida, e não a bruta, pressupõe-se que primeiro serão feitos todos os demais repasses na receita corrente, e só depois será calculado o percentual destinado à saúde.

A emenda ainda transforma parte desse investimento em moeda de barganha eleitoral nas mãos dos parlamentares, permitindo que seja gasto através de emendas parlamentares (que normalmente têm como objetivo favorecer o reduto eleitoral de quem propôs), e não através do repasse direto para os municípios e estados.

Apenas essas duas medidas já são extremamente danosas para o sistema público de saúde, pois enquanto uma restringe o financiamento estatal do sistema, a outra abre portas para a entrada de setores privados estrangeiros. Mas outro grande ataque ao SUS está sendo gestado na Câmara dos Deputados: a PEC 451/14, de autoria de do deputado Eduardo Cunha (PMDB/RJ), que propõe que todos os empregadores do país sejam obrigados a oferecer planos de saúde para seus empregados.

Eduardo Cunha já tem um histórico de atuação em favor dos planos de saúde privados. Em 2014 propôs o perdão de uma dívida de 2 bilhões de reais que os planos privados têm com o Estado, e nesse ano, como presidente da Câmara, barrou a criação de uma CPI proposta pelo deputado Ivan Valente (PSOL/SP) para investigar irregularidades cometidas pelas empresas que oferecem planos de saúde.

As doações recebidas por ele e pelo PMDB/RJ nas últimas eleições ajudam a esclarecer essa postura: 500 mil da Bradesco Saúde, 500 mil da Amil, 300 mil da ASSIM Saúde, e até mesmo uma doação de 1,5 milhão do Hospital Santa Paula, grande hospital privado localizado na capital paulista (algo curioso se observamos que o deputado foi eleito pelo Rio de Janeiro). Essa influência não é monopólio de Cunha e do PMDB, já que dezenas de outros candidatos eleitos (inclusive a presidenta Dilma) também receberam cifras expressivas dos planos de saúde, demonstrando a força do lobby desse setor na política brasileira.

Essa nova medida pode parecer uma conquista para os trabalhadores, mas na verdade é um grande problema para o SUS. Caso seja aprovada, ela atacará a norma constitucional que estabelece a saúde como dever do Estado, transferindo esse dever para o empregador. Como consequência, fortalecerá o mercado de planos de saúde privados, que oferecerão planos de péssima qualidade para os trabalhadores, lucrando rios de dinheiro à custa de serviços que deveriam ser oferecidos de maneira gratuita pelo Estado.

Importante destacar que os planos de saúde lideram as reclamações de consumidores no Procon, oferecendo serviços péssimos e cláusulas abusivas nos contratos, e mesmo com a deterioração da saúde brasileira nos últimos anos tiveram um lucro enorme em 2013: 111 bilhões de reais, um aumento de mais de 200% desde 2003 de acordo com a ANS.

O projeto do SUS nunca se completou devido à resistência daqueles que lucram com a saúde privada. Essas três medidas articuladas entre si, em conjunto com o sucateamento e avanço da privatização através das Organizações Sociais nas esferas municipais e estaduais, mostram como existe um grande consenso entre empresários e políticos para aproveitar o atual contexto de crise econômica e atacar o SUS. Cabe aos sindicatos e movimentos populares entrarem em cena para impedir esse processo.

 
Izquierda Diario
Redes sociais
/ esquerdadiario
@EsquerdaDiario
[email protected]
www.esquerdadiario.com.br / Avisos e notícias em seu e-mail clique aqui