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DEBATE
Luciana Genro, a esquerda lava-jato que reafirma seu apoio ao autoritarismo da toga
Thiago Flamé

Nem a derrota eleitoral em Porto Alegre serviu para Luciana Genro rever sua posição. Seu rechaço a Cunha se converteu hoje, mais uma vez, em apoio a Moro e ao golpismo

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Eduardo Cunha conseguiu se tornar um dos sujeitos mais odiados do país. A cara do golpe, da terceirização, do aumento da repressão contra a juventude e símbolo da corrupção. É natural que amplos setores da juventude e da classe trabalhadora comemorem sua prisão. Porém, entre compartilhar deste sentimento e sair em apoio à lava-jato existe um abismo.

Nas redes sociais Luciana Genro reafirmou seu apoio político ao golpismo pela via do autoritarismo judiciário. “Cunha na cadeia, vitória contra a corrupção! Viva a lava-jato!”. A reação foi instantânea. Centenas de comentários críticos começaram a surgir na sua postagem. Tentando responder as criticas, a emenda se tornou pior que o soneto.

Em uma nova postagem ela aprofunda sua posição, que não pode ser classificada de outra forma que reacionária. “Estranho muito quem se diz contra a corrupção, mas não reconhece a importância de uma operação que pela primeira vez está fazendo com que o sistema penal - que por sua natureza é sempre arbitrário contra os pobres, que não têm dinheiro para pagar os melhores advogados - agora esteja finalmente chegando nos do andar de cima.

Essa posição é mostra da completa cegueira de certa esquerda que se tornou fã da Lava-Jato e por essa via do juiz Sergio Moro. Podemos enumerar alguns dos problemas de fundo que a "esquerda Lava-Jato" ignora com seu apoio a essa operação reacionária.

1) Um setor da casta política está provando da arbitrariedade que é comumente usada pela justiça contra os mais pobres, os negros e os movimentos sociais. No entanto, não é difícil entender que isso vai se voltar com ainda mais força contra os mais pobres. A prática das prisões preventivas, sem condenação e sem possibilidade de defesa efetiva, das condenações montadas em cima de delações sem necessidade de prova material, que hoje se volta contra o PT e setores da casta política, vai se voltar ainda com mais força contra a classe trabalhadora e os movimentos sociais. O autoritarismo do partido judiciário, que unifica suas distintas alas, pode adquirir níveis ainda mais agressivos contra a classe trabalhadora e o povo nesta degradada democracia burguesa".

2) A prisão de Cunha serve para legitimar o golpe e as futuras prisões da Lava-Jato, entre elas a de Lula. Não é nenhuma vitória contra a corrupção, é a substituição de um esquema de corrupção com a cara petista por um com o rosto da direita. É o fortalecimento de um setor da casta política corrupta contra outro setor. Ainda mais se consideramos que pela via das delações, os empresários se livram de punições pelos seus atos.

3) O fortalecimento do judiciário, que é parte integrante da casta política corrupta, não interessa aos trabalhadores e ao povo. Um dos objetivos imediatos da lava-jato – que já está se concretizando – é aprofundar a privatização da Petrobras. Ao mesmo tempo, um judiciário fortalecido está avançando medidas da reforma trabalhistaque o congresso deslegitimado não poderia concretizar sem provocar um levante popular. Ao apoiar a lava-jato, Luciana Genro e o MES fortalecem e ajudam a legitimar o golpismo que avança contra os direitos trabalhistas, além do incremento da censura contra a esquerda, como vimos nas eleições.

4) Se fortalece a hipótese de que Sergio Moro e a lava-jato se inspiram na operação “mãos limpas”, que rearticulou o regime político italiano na década de noventa, de acordo com os interesses neoliberais, garantindo a impunidade e erguendo como figura central do regime o mafioso Berlusconi. Luciana Genro parece compartilhar o entusiasmo de Sergio Moro por essa operação italiana, já que transformou no principal mote da sua campanha o bordão “uma candidata com as mãos limpas”. Quando exige uma lava-jato até o final, Luciana Genro é mais consequente com o exemplo italiano que o próprio Sérgio Moro já que essa operação reacionária acabou com os maiores partidos do regime político italiano (ainda que mantendo a corrupção e impunidade e ajudado a erguer Berlusconi) já que nenhuma medida foi tomada contra vários dos principais partidos do país, sobretudo contra o PSDB não há nenhuma medida.

Essa posição reacionária do MES e de Luciana Genro foi um dos fatores que conteve a crise do petismo nas eleições de Porto Alegre, que apesar de toda a crise histórica que vive, manteve seu mínimo histórico nas eleições.

Dezenas de milhares de jovens foram as ruas em Porto Alegre e em todo o país, para se colocar contra o golpe e contra a reacionária operação lava-jato. Ao fazer coro com o juiz Sergio Moro, a linha reacionária do MES de Luciana Genro se torna cúmplice do golpismo institucional e o afastam ainda mais de uma perspectiva de esquerda para lutar contra o golpe e contra a reforma trabalhista que o judiciário golpista está aplicando.

É mais urgente do que nunca avançar na construção de uma esquerda classista e revolucionária, capaz de se opor e enfrentar o autoritarismo do judiciário que está se fortalecendo no país.

 
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