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O PT em crise busca alternativas
Thiago Flamé
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O resultado eleitoral do PT abriu um debate entre suas lideranças de que caminho seguir. Fala-se em mudar a sigla do partido, ou tentar a construção de uma Frente Ampla seguindo o exemplo da esquerda uruguaia.

Antes mesmo das eleições a ideia da formação de uma frente ampla já era ventilada nos meios petistas. Já em setembro Lula e o seu aliado Gilberto de Carvalho davam declarações nesse sentido. Depois do resultado do primeiro turno, as discussões estão se acelerando.

Uma das vozes que se colocam neste sentido, é a do PT gaúcho, através de Tarso Genro. Tarso tem dado entrevistas em que defende queeste é o momento para impulsionar a formação de uma nova Frente, na qual o PT não tenha necessariamente a hegemonia automática, pois temos que reconhecer que o PT só pode mudar para melhor se reformar-se de fora para dentro, dialogando com todas as forças políticas democráticas, que se opõem ao projeto neoliberal de desconstituição das funções públicas do Estado, e com as forças que estão à nossa ‘esquerda’, tanto os novos como os novíssimos movimentos sociais em rede ou fora delas.

Esse discurso é reforçado por outras vozes, seja nos blogs petistas e até de jornalistas como Kennedy Alencar. Mas não só. O senador Jorge Viana, do Acre, um dos únicos lugares em que o PT teve um bom resultado eleitoral, também se colocou no mesmo sentido. Para ele “a esquerda derrotada nas urnas vai juntar seus cacos e formar uma Frente Ampla pra encarar a onda conservadora que atingiu nível mortal.” Ou então, o deputado Federal e ex-prefeito de Blumenau, Décio Lima, que afirmouestou propondo uma frente ampla, com a possibilidade de nós fazermos uma fusão de partidos para enfrentarmos essa conjuntura para 2018. Imagino uma fusão do PT, do PDT, do PCdoB. Parlamentares de outros partidos poderiam vir, fazendo que com chegássemos a uns 100 deputados federais”.

Outros, como o candidato à prefeito derrotado em Belo Horizonte, Reginaldo Lopes, defenderam uma “refundação” do PT que não se sabe bem como seria, mas que poderia na cabeça de alguns passar até pela mudança de nome, alternativas descartadas publicamente pelo presidente do PT, Rui Falcão.

A resolução do diretório nacional do PT, reunido para avaliar a derrota no segundo turno, deu folego para a defesa de algo como uma frente ampla, ao "orientar a militância a apoiar, incondicionalmente, as candidaturas do PSOL, do PCdoB, da Rede e do PDT nas capitais, bem como daqueles com quem já estivemos no primeiro turno”. Ciro Gomes é um dos que tem defendido a formação de uma frente deste tipo, que incluiria além do PCdoB, também o PDT e o PSB na cabeça de quem defende a ideia, também o PSOL, que está sendo chamado a moderar ainda mais o seu discurso para possibilitar a unidade.

O fato é que o exemplo do Uruguai seria o mundo dos sonhos para os petistas. Uma confederação de organizações e partidos, desde setores mais à esquerda até setores burgueses como o PSB e o PDT, que impediria o surgimento de uma alternativa de esquerda independente do PT. A “Frente Ampla” do Uruguai governa o país desde as eleições de 2004 e, apesar do desgaste que tem sofrido no último período, ainda conta com um relativo apoio popular e com uma estável maioria parlamentar.

A Frente Ampla se formou no Uruguai ainda na década de 1970, em meio a um ascenso de lutas que antecedeu o golpe militar. Ao chegar no governo, aplicou uma política de conciliação de classes parecida com a do PT, com privatizações e parcerias com os empresários. Além de não apresentar nenhuma novidade, deste ponto de vista, ao que foram os governos petistas, é um exemplo difícil de se repetir no Brasil em meio a enorme crise do PT. Mais próxima na nossa atual situação é a formação do Partido Democrático na Itália, depois que o PSI foi atingido em cheio pela operação mãos limpas (na qual, aliás, está inspirada a lava jato de Sergio Moro). O Partido Democrático da Itália surgiu de uma confederação de partidos que abandonaram uma referência, ainda que somente verbal ou sentimental, ao socialismo.

Seja qual for a evolução do PT, uma coisa é certa. Não podemos nos agarrar na política de conciliação de classes que vai tentar se apresentar com um perfil renovado no próximo período.

É hora de apontar para a construção de uma esquerda classista e revolucionaria, que pode se apoiar no exemplo da Frente de Esquerda e dos Trabalhadores na Argentina e na necessidade de uma frente classista – sem PT e PCdoB, que seja uma verdadeira alternativa ao petismo e não uma nova roupa para um velho projeto que já mostrou seus limites.

 
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