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FÙRIA NEGRA EM BALTIMORE | Protestos contra o racismo na cidade de Baltimore militarizada

Juan Cruz FerreLeft Voice, EUA

quinta-feira 30 de abril de 2015 | 00:30

Os tumultos cessaram, mas os protestos continuam na cidade de Baltimore, Estados Unidos. Com a cidade militarizada, centenas de pessoas foram mobilizadas para exigir justiça para Freddie Gray. Após as horas do toque de recolher, a repressão é iminente.

Há uma semana a cidade de Baltimore (Maryland, EUA) foi mobilizada contra a violência policial. Da mesma forma que aconteceu em Ferguson e em Staten Island, a ação policial brutal e racista desperta a ira da comunidade negra e do resto da população.

O estopim desta vez foi a morte de Freddie Gray, um homem de 25 anos de idade morreu após uma internação de uma semana, como resultado de uma lesão na medula espinhal infligidos durante a sua detenção em 12 de abril.

As ruas de Baltimore na terça-feira permaneceram imersas em uma calma incomum após motins e confrontos no dia anterior entre os membros da polícia e da comunidade. As principais universidades da cidade tiveram aulas canceladas, empresas da área portuária não abriram, e escolas foram fechadas.

Mas a calma é mais como uma trégua do que um novo pacto social. Apesar das manifestações massivas e da explosão de raiva na segunda-feira, as autoridades não concederam maiores concessões. A causa da prisão de Freddie Gray ainda não foi esclarecida, e um manto de silêncio protege todos os policiais envolvidos no caso.
Portanto, é uma calma desconfortável em uma cidade militarizada (a Guarda Nacional e forças especiais do estado de Maryland foram mobilizados hoje) em "estado de emergência" e sob toque de recolher entre as dez horas da noite e as cinco horas da manhã.

Isto não impediu, no entanto, que centenas de pessoas se reunirem no bairro de Sandtown Oeste Baltimore, onde Freddie Gray havia sido preso. Há um destacamento de 200 policiais com caminhão hidrante e quatro blindados bloquearam a North Avenue. Até 15h30 um caminhão blindado tentou progredir através da multidão em direção à linha de polícia (teria ficado perdido?) e foi forçado a voltar por centenas de manifestantes com os braços levantados e gritando "Mãos para cima, não atire!" .

Em seguida, cerca de 500 pessoas marcharam em uma rota circular ao redor do bairro, enquanto outros 150 manifestantes mantinham o território conquistado no cruzamento das avenidas Norte e Pensilvânia. O "Michael Jackson" dos protestos de Baltimore fez uma aparição e subiu no telhado de um trailer e foi aclamado pela multidão.

Com exceção de alguns momentos de tensão entre a barreira de contenção da polícia e a linha de defesa dos manifestantes, o dia decorreu pacificamente durante todo o dia. Uma banda de jazz tocou sob um sol escaldante.

Embora ele tinha chamado uma marcha para 15 horas, o ponto de partida estava ha quatro blocos de concentração e a organização que convocou foi diluída entre os manifestantes. Não houve grupos políticos, estudante ou referências religiosas que reivindicassem a liderança da manifestação. O protesto de hoje foi todo uma bagunça, mas atraente por ser um manifestação quase completamente espontânea.

Gangues e crianças de bairro

A polícia de Baltimore emitiu um comunicado de imprensa que afirmava que havia uma suspeita de que diferentes gangues, historicamente inimigas, haviam chegado a um acordo entre si para matar policiais. Esta declaração só pretende demonizar os manifestantes -que por sinal, nos confrontos com a polícia segunda-feira eram jovens estudantes do ensino secundário- e justificar a repressão.

Em conversa com jovens presentes no protesto, é evidente a desconfiança para com a polícia que é composta por homens que não vivem nos bairros pobres, e que se dedicam a dar surras e perseguir a comunidade. Embora a igreja tenha uma grande influência sobre a população, os líderes religiosos mais midiáticos como Jamal Bryant perderam credibilidade ante aos olhos de muitos.

A espontaneidade dos protestos têm sido uma marca de origem dos eventos em Baltimore. A raiva e a combatividade das comunidades jovens afro-americanas mantém o fogo do protesto aceso. O impulso do movimento BlacksLivesMatter e a certeza de estar sendo protagonista de um momento histórico vêm ganhando a batalha contra o medo e a repressão estatal. É essencial, no entanto, avançar na organização das lutas e na coordenação das ações de ativismo na cidade, para pôr de pé um ator que está em retrocesso desde o final do movimento Ocupe Wall Street.




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