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Ucrânia | Zelensky suspende partidos de oposição e aprofunda ainda mais escalada autoritária na Ucrânia

Presidente ucraniano suspendeu 11 partidos políticos sob o pretexto de que eles teriam “laços com a Rússia”. Aumenta-se ainda mais a escalada autoritária no lado ucraniano.

Juan Andrés GallardoBuenos Aires | @juanagallardo1

segunda-feira 21 de março de 2022 | Edição do dia

Volodymyr Zelensky, presidente ucraniano, suspendeu a ação de onze partidos de oposição a seu governo, sob o argumento de terem “laços com a Rússia”. A ação é baseada na lei marcial implementada pelo governo. Dentre os partidos suspensos estão o “Bloco de Oposição”, “Partido da Sharia”, “Oposição de Esquerda”, “União das Forças de Esquerda”, “Partido do Estado”,"Partido Socialista", entre outros.

Desde 2014 partidos de orientação e nomeados como “Comunistas” já haviam sido suspensos ou banidos, sendo proibidos de operar politicamente no país. Na ação de hoje(21) mais onze partidos foram suspensos, aumentando ainda mais a escalada autoritária que vem passando o país. Isto é um salto na censura à oposição política (de todos os tipos), ao mesmo tempo em que atiça o nacionalismo ucraniano e a russofobia, que vem se aprofundando nos últimos anos.

Enquanto isso, conseguem operar com tranquilidade dentro do país grupos notadamente neonazistas, que se aproveitam das agressões desmedidas russas de Putin, para alargar sua periferia, inclusive com poder bélico e batalhões dentro do exército ucraniano.

Saiba mais: Além da propaganda de Putin: a extrema direita é um problema real na Ucrânia

Enquanto a mesa de diálogo entre a Rússia e a Ucrânia estagnou, as tropas russas continuam avançando e atacando várias cidades, principalmente no leste e sul do país. Ao passo que Zelensky dá uma guinada ainda maior à direita em sua política interna com a proscrição política da oposição.

A escala de censura e perseguição política é grave. Por exemplo, um dos partidos proibidos, a "Plataforma de Oposição - Pela Vida", tem 10% dos assentos no Parlamento Ucraniano (Verkhovna Rada).

O objetivo real é acabar com toda a oposição política, independentemente de ter ou não ligações verificáveis ​​com Moscou. Trata-se de banir e perseguir todos aqueles que questionam a política nacionalista e pró-ocidental do Governo. Por isso, entre os partidos apontados por Zelensky estão desde aqueles que recusam a entrada da Ucrânia na OTAN ou na União Europeia, até todos os partidos que tenham algum tipo de conotação de esquerda, centro-esquerda ou mesmo algum tipo de denominação socialista como parte do nome dele.

É um ataque direto e um salto na política repressiva interna contra todos os tipos de oposição e um alinhamento direto com as forças nacionalistas e de extrema-direita que estão cada vez mais despertando o sentimento anti-russo, o que implica agudizar o ódio à população russófona, que constitui 30% dos habitantes do país.
Para que não haja dúvidas sobre esse alinhamento e o discurso de ódio contra a oposição, o secretário do Conselho de Segurança e Defesa Nacional da Ucrânia, Oleksiy Danilov, escreveu em sua conta no Facebook:

“Esta decisão tornará impossível para esses políticos colaboracionistas que eles professam posições pró-Rússia com suas atividades e compartilham a ideologia fascista do ’Mundo Russo’”. E terminou brutalmente, "há um inimigo externo e há representantes dele no país". “Esta quinta coluna deve deixar de existir.” Uma chamada aberta e um caminho livre que coloca em risco a própria vida de qualquer oponente.

Diante da invasão reacionária de Putin à Ucrânia, a mídia hegemônica ocidental construiu a imagem de um Zelenski para mostrá-lo como um “herói”, “democrata”, “conciliador e pacifista”. O objetivo era, entre outras coisas, colocá-lo contra a autocracia de Putin, que durante anos proscreveu e perseguiu a oposição e hoje aprisiona milhares daqueles que saem para protestar contra a guerra em solo russo. A decisão de proibir e perseguir a oposição na Ucrânia começa a obscurecer a história de Zelensky inventada pela mídia.

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