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Weintraub corta metade do orçamento da Capes para 2020, aprofundando os cortes do CNPq

Apostando no “sucesso” do Future-se, que vai significar a privatização da ciência e educação de nível superior, Wintraub anuncia que o orçamento da CAPES no ano que vem serão míseros 2,2 bilhões, quase a metade do previsto.

segunda-feira 2 de setembro de 2019 | Edição do dia

“Passar o Future-se no Congresso e falar para as universidades: está aqui o orçamento, cumpri minha palavra, agora toca a vida, não me amola e segue adiante” – com essas deploráveis palavras o ministro da educação Abraham Weintraub anuncia que o MEC vai cortar pela quase metade o orçamento dedicado à Capes (a principal responsável pela maioria das bolsas de pós-graduação do país) para que orçamento dedicado à educação em 2020 não exceda o de 2019, seguindo as regras da Emenda Constitucional do teto de gastos, aprovada por Temer em 2017. Se o contingenciamento for revertido conforme os traiçoeiros planos da equipe de educação de Bolsonaro, o orçamento total deste e do próximo ano será de 21 bilhões: uma miséria perto dos 123 bi inicialmente previstos.

O ano já começa com o anúncio da Capes de não disponibilização de novas bolsas de mestrado e doutorado, mas após o contingenciamento no primeiro e a provável “demissão” de 84 mil pesquisadores financiados pelo CNPq, com esse novo ataque, nem as bolsas em andamento poderão ser mantidas. O ministro, para acalmar os ânimos, diz que o MEC está avaliando uma forma de não cortar as bolsas em andamento. Ele não adiantou o que está em discussão, mas pode-se imaginar, seguindo a linha do Future-se, que se trate da iniciativa privada, acabando com a liberdade de pesquisa e inclusive relegando pesquisadores de áreas que não interessam ao mercado ao desemprego.

Segundo Weintraub o grande problema orçamentário da Educação é a distribuição de verba, talvez por isso esteja tranquilo em sugerir que as universidades “toquem a vida” sem verba e não o amolem. “Hoje o MEC é uma grande folha de pagamento de universidades” – ele diz ao Estadão, e critica que metade dos funcionários públicos federais sejam funcionários da educação. Para não perder o costume, diz que “é culpa do PT”, como se em seus governos Lula e Dilma não tivessem ampliado a precarização do trabalho na educação com a terceirização, e nessa medida a equipe de Bolsonaro concorda com os governos anteriores, tanto que pode aventar a possibilidade de terceirizar os cargos públicos para se livrar dessa responsabilidade e poder livrar mais os cofres públicos para o eterno e religioso pagamento da absurda dívida pública.

A União Nacional dos Estudantes e a Associação Nacional de Pós-Graduandos precisam, urgentemente, convocar milhares de assembleias em todas as universidades para que os estudantes possam discutir a magnitude destes ataques à educação e se organizar contra os cortes e o Future-se.




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