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MOVIMENTO OPERÁRIO | Vem aí: Encontro Nacional do Movimento Nossa Classe

No próximo dia 04 de Abril, às 15h em São Paulo, ocorrerá o Encontro Nacional do Movimento Nossa Classe que reunirá diversas categorias de trabalhadores como professores estaduais e municipais, metroviários, bancários, operários industriais, aeroviários, e os petroleiros que protagonizaram uma greve histórica que questionou o governo Bolsonaro, para debater a necessidade de reorganização do movimento de trabalhadores para enfrentar a escalada autoritária e as Reformas que atingem o conjunto da nossa classe.

sexta-feira 6 de março de 2020 | Edição do dia

Convidamos todas e todos a conhecer e construir conosco um projeto para enfrentar Bolsonaro, tomando como inspiração a força dos petroleiros e absorvendo as lições dos trabalhadores franceses e seu exemplo de auto-organização. Para batalhar pela mais ampla unidade dos trabalhadores, mulheres, negros e LGBT, retomar nossos sindicatos para o conjunto da classe trabalhadora para golpear com um só punho e colocar em xeque os lucros dos capitalistas. Sendo assim, também para refletir e organizar a superação das burocracias sindicais, como CUT e CTB (dirigidas pelo PT e PCdoB), que colocam a necessidade de uma Frente Ampla, dispostos a coligarem com setores da direita, como PSB, PDT e Rede, ou seja, na contramão da única perspectiva realmente capaz de enfrentar Bolsonaro e o golpismo, que é na luta de classes e com independência frente a todas as alternativas burguesas, com uma frente única operária.

O Encontro Nacional do Movimento Nossa Classe reunirá diversas categorias de trabalhadores de São Paulo, Minas Gerais, Brasília, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte. Estarão presentes os professores e servidores estaduais de São Paulo que enfrentaram o governo Dória que utilizou de manobras, bombas e gás de pimenta para aprovar a sua reforma da previdência, professores de Minas Gerais que estão em greve contra o Zema, os metroviários de São Paulo que tem um potencial estratégico de paralisar uma das mais importantes capitais do país. Estarão os petroleiros que protagonizaram o primeiro enfrentamento nacional de uma categoria tão estratégica contra os planos de Bolsonaro.

O Encontro acontece justamente num momento de forte polarização nacional, tendo como pano de fundo a disputa orçamentária entre o executivo e o Congresso, a continuidade da crise econômica, que não obteve melhorias mesmo com a aprovação de severas reformas contra o conjunto da classe trabalhadora e o recente enfrentamento da greve petroleira que demonstrou que a classe trabalhadora não está derrotada, e que possui uma enorme disposição de energia capaz de enfrentar os ataques em curso e com potencial de mudar a correlação de forças nacional.

Ao mesmo tempo, não se pode deixar de dizer do papel que as centrais sindicais, especialmente a Central Única dos Trabalhadores e a Central dos Trabalhadores do Brasil, ambas dirigidas pelo PT e pelo PCdoB, tem cumprido como freio da luta dos trabalhadores, que sem apresentar nenhuma plano sério de lutas e organizar em cada local de trabalho assembleias e plenárias capazes de organizar os trabalhadores, permitem com que as reformas sejam aprovadas. Sem falar do papel dos parlamentares destes mesmos partidos no Nordeste que são diretamente os agentes da implementação da Reforma da Previdência, como o Rui Costa e Fátima Bezerra.

Além destas importantes questões nacionais, há uma novidade ainda mais profunda no cenário internacional: o novo ciclo da luta de classes que cruzou o mundo, de Hong Kong ao norte da África com Sudão e Argélia, seguida do Líbano, que deram uma segunda vida a Primavera Árabe. Também passaram fortemente pela América Latina, no Haiti e Colômbia, além de levantes importantes no Irã, Iraque, e jornadas revolucionárias no Equador e no Chile, que inclusive começou Março de 2020 com secundaristas enfrentando a repressão policial. Com um destaque ainda mais importante do processo de greve francesa contra a Reforma da Previdência que demonstrou a potente força dos trabalhadores organizados sob seus próprios métodos, permitindo que mesmo com os freios dos sindicatos como a CGT, conseguissem fazer Macron retroceder sobre o aumento da idade da Reforma.

As Lições das greves de petroleiros e dos processos da luta de classe internacional são as bases para organizar a luta dos trabalhadores brasileiros

A greve petroleira tem uma enorme importância. Foi a primeira greve nacional de uma categoria estratégica contra Bolsonaro, superou em tempo a greve de 1995 e demonstrou que a classe trabalhadora brasileira não está derrotada. Ser uma categoria que esteve na mira dos golpistas em 2016, e que se levantou heroicamente em defesa dos postos de trabalho, sendo eles uma grande maioria de terceirizados, num país aonde sobe o número de desempregados compõem o grande sentido histórico desta mobilização.

Todavia, para os trabalhadores conscientes que se organizam em seus locais de trabalho e também à nível nacional, não apenas para enfrentar os assédios e os ataques à cada categoria, mas com a compreensão de que é necessário desenvolver uma mobilização para enfrentar o sistema capitalista e todas as formas de exploração e opressão que decorrem dele, as lições que a greve petroleira se tornam vitais para o desenvolvimento deste projeto.

Com um olhar mais detido, pode-se encontrar as razões dos limite que impediram esta greve se tornar a faísca de um processo mais profundo e ampliado da classe trabalhadora para enfrentar o desemprego que atingem milhares de trabalhadores, as reformas que retiram direitos históricos dos trabalhadores, a nossa previdência e todo racismo, xenofobia, LGBTfobia e machismo que são incentivados pela extrema direita.

Se por um lado, a base dos trabalhadores demonstrou a força que a classe trabalhadora tem para atingir os lucros capitalistas quando organizada, e em pequenas demonstrações de aliança com a população como a venda do gás de cozinha a preço acessível, por outro lado, o papel das direções sindicais, especialmente a CUT (PT) e CTB (PCdoB) que não moveram suas forças para coordenar ações com outras categorias, e antes mesmo da greve não foi preparando a categoria para enfrentar as já ofensivas do golpismo, além de permitir aprovação de grandes ataques como a Reforma da Previdência sem luta.

De outro ponto de vista, os levantes e revoltas internacionais que cruzaram o mundo todo, nos trazem exemplos pela positiva do papel que podem cumprir os trabalhadores organizados, e de como é decisivo esta preparação anterior para que tenhamos condições para decidir os rumos de grandes processos de crise política e de mobilização das massas.

O processo do Equador e do Chile, foram revoltas que apesar de não se transformarem em processos revolucionários, na busca de destruir a ordem vigente e colocar de pé uma outra sociedade, abalaram profundamente os planos do neoliberalismo. Ainda que no Equador este processo tenha sido desviado e no Chile, Sebastian Piñera tenha tentado acalmar o país com uma anti-democrática Constituinte, o mês de março já começou com novas grandes mobilizações. E se olharmos para o interior do processo, veremos exemplos como o Comitê de Emergência e Resguardo em Antofagasta que serviu para aglutinar mais de 100 trabalhadores de distintas categorias para decidir os rumos do movimento democraticamente e para que não se diluíssem em meio as manifestações "cidadãs", que retiravam a potência da ação enquanto classe trabalhadora organizada.

Na França, o processo foi ainda mais profundo, quando contrapomos o papel do Comitê da estação ferroviária de Saint-Lazare, em Paris, e depois Coordenação RATP-SNCF, que aglutinava centenas de trabalhadores ferroviários e metroviários dos transportes de Paris. Com o papel que cumpriu a CGT ao longo deste processo. A inteligência operária de preparar uma greve no final do ano, próximo as festas de Natal e Ano Novo e ao pagamento dos 13º, num setor estratégico como os transportes parisienses permitiu com que a mobilização que começava em 06 de Dezembro conseguisse atravessar até Fevereiro e fazer Macron retroceder na idade das aposentadorias.

O processo francês demonstrou como a organização pela base dos trabalhadores permite com que as tentativas de desmonte da mobilização pela CGT pudessem ser enfrentadas, como a própria decisão da burocracia sindical de marcar mobilizações somente para janeiro, quando era necessário que outras categorias se juntassem a luta contra a Reforma da Previdência para que fazer com que se derrotasse o projeto por completo. Então, que a coordenação conseguiu realizar manifestações em 26 de Dezembro e 02 de Janeiro mantendo a mobilização ativa.

O que esses processos têm em comum é a refutação completa das ideias neoliberais do fim da classe trabalhadora e fim da história. Nesse momento da crise capitalista internacional, aonde não se apresentam saídas de fundo e os capitalistas querem descarregar sua crise econômica nas nossas costas, os trabalhadores começam a se levantar novamente. Estes combates da França e ao redor do mundo, são parte da nossa mesma luta. Por isso suas lições são também a base para a nossa organização no Brasil.

Seguir nossa luta contra o trabalho precário e contra o racismo

Num país como o Brasil, sendo de maior população negra fora do continente africano, lutar contra o racismo é parte inseparável de uma luta séria contra o capitalismo. Os infelizes e cotidianos assassinatos de jovens negros, suas prisões arbitrárias e injustas, os projetos como o Pacote Anti-crime que visam aumentar essa violência e a impunidade da policia, só reforçam a necessidade da decadente burguesia brasileira de utilizar o racismo como uma potente ferramenta de aumento da exploração.

O trabalho precário que cresceu enormemente sob os governos petistas, chegando ao recorde de mais de 12 milhões de terceirizados se intensificou com a aprovação da terceirização irrestrita e hoje estão representados nos aplicativos como Ifood, Rappi e outros que obrigam com que a população negra trabalhe 12 horas por dia e receba salários de miséria, sem direitos trabalhistas.

Para defender a unidade das fileiras operárias, e como parte da nossa tradição de defender a efetivação dos trabalhadores terceirizados sem concurso público, precisamos seguir nossa luta contra a terceirização e o desemprego. Assim como seguir denunciando os escandalosos casos de racismo em nosso país, batalhando para que trabalhadores brancos se juntem a luta contra o racismo, assim como também lutamos para que os homens trabalhadores incorporem a luta das mulheres para impedir com que os preconceitos sejam utilizados como forma de nos dividir.

Para aprofundar estas questões e desenvolver uma organização superior como exige a situação atual nacional e mundial, para enfrentar Bolsonaro e também a sua "oposição" que está no Congresso e no STF que concordam acima de tudo em que sejamos nós a pagar pela crise, convidamos cada trabalhador e trabalhadora que atuam conosco nos locais de trabalho a participar e conhecer as ideias do Nossa Classe.




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