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PARALISAÇÃO 15 DE MARÇO | Vamos atropelar as ameaças de Alckmin e Doria nesse 15M

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

terça-feira 14 de março de 2017 | Edição do dia

Foto: Paulo Iannone

A paralisação nacional do 15M, contra a Reforma da Previdência e a Reforma Trabalhista, incomodou muito o tucanato paulista. O governador Geraldo Alckmin, e seu pupilo prefeito de São Paulo, João Dória, ficaram amedrontados com a mobilização dos transportes na capital paulista, tanto dos ônibus quanto do metrô (que votou greve por 24h), assim como a enorme adesão do professorado, que paralisará praticamente a totalidade das escolas na capital e em todo o estado.

Ambos tucanos arreganharam os dentes. Alckmin entrou na justiça com um pedido de liminar que garanta o funcionamento das escolas e que impeça que o metrô paralise nesta quarta-feira; Dória, por sua vez, entrou com pedido liminar contra a paralisação dos rodoviários. Dória mostra que não tem nada de “antipolítico”: quer derrotar a mobilização dos trabalhadores e desimpedir, junto com Alckmin, a aprovação das reformas do golpista Temer.

O que realmente intimida os governantes capitalistas, e não apenas os tucanos paulistas, é que a jornada do 15M foi promovida pela pressão das bases operárias de distintas categorias, em base à raiva genuína contra as reformas neoliberais da direita golpista encastelada no Executivo, no Legislativo e o Judiciário.

Uma pressão cuja força é atestada, se não houvesse outro indício, pelo fato de que obrigou as burocracias sindicais, cada uma a sua maneira – tanto da CUT e CTB, quanto da Força Sindical e outras menores – a convocar a jornada de paralisação. Ainda assim, as centrais “dividem o trabalho” para eleger os lugares que pararão, e aqueles que não (basta ver que a CPTM não paralisará), enfraquecendo a unificação das lutas.

Em grupos e nas redes sociais, nos locais de trabalho e de estudo, é visível a motivação para lutar de maneira unificada e derrotar as reformas. As centrais sindicais, em especial a CUT e a CTB, demoraram meses para convocar uma jornada de paralisação, apesar do fato de que as reformas haviam sido anunciadas há muito tempo. Mantiveram as bases desorganizadas e fragmentadas, concedendo uma trégua de meses ao governo golpista. Tudo em função de sua estratégia parlamentarista de colocar Lula na presidência em 2018 (Lula que, diga-se de passagem, disse cinicamente que “só um governo eleito pode debater a reforma da previdência”.)

E apesar disso, vimos fortes expressões da vontade de lutar por parte dos trabalhadores: os servidores públicos de Florianópolis literalmente arremessaram cadeiras sobre a polícia do governo ajustador de Gean Loureiro (PMDB-SC); as trabalhadoras e trabalhadores da CEDAE (Companhia Estadual de água e esgoto) do RJ lutaram também contra a brutal repressão da polícia militar, junto a professores e estudantes da UERJ, contra o projeto de privatização proposto pelo governo Pezão. Na USP, os trabalhadores se enfrentaram contra a repressão policial no último dia 7 para barrar o plano de demissões da Reitoria.

Um grande exemplo foi dado pelas professoras e professores de duas escolas estaduais (João Baptista e Pedro Alexandrino) da Zona Norte de SP, no dia de paralisação internacional das mulheres: não apenas paralisaram suas escolas, mas foram em peso junto ao Professores pela Base e o grupo de mulheres Pão e Rosas marchar em defesa dos direitos das mulheres junto aos trabalhadores.

É este sentimento combativo das bases que amedronta os governos, e que buscam coibir pela repressão. De fato, fazer Alckmin e Dória saltarem metros acima de suas poltronas mostra que os métodos da luta de classes são os únicos capazes de fazer com que os capitalistas paguem pela crise.

A força da paralisação do 15M não pode ficar restrita a si mesma. Por isso, nós do MRT sempre exigimos às centrais que esta jornada nacional seja um ponto de partida para um plano de luta sério, em base a assembleias democráticas nos locais de trabalho, com a finalidade de planificar ações conjuntas coordenadas entre as distintas categorias, única forma de se avançar realmente a uma greve geral. Esta resistência unificada dos trabalhadores contra a ofensiva dos capitalistas deve ir muito além da jornada do 15M.

Os políticos golpistas na Câmara farão de tudo para aprovar as reformas de Temer. Lula não é nenhuma alternativa política para os trabalhadores, conciliou com a direita durante seu governo e depois dele, e recusou-se, em suas palavras, "a incendiar o país" durante o golpe. A organização desta luta deve também servir para responder aos grandes problemas políticos nacionais. Para isso, defendemos uma Assembleia Constituinte Livre e Soberana, em que os trabalhadores possam intervir politicamente para, por exemplo, cancelar o pagamento da fraudulenta dívida pública aos capitalistas, e colocar este enorme montante para elevar os direitos da previdência, investir na saúde e na educação. É deste combate político que poderá emergir um governo que unifique os trabalhadores contra os banqueiros e empresários, governo dos trabalhadores de ruptura com o capitalismo.

Organizar esta vontade de luta pela base neste 15M (como buscaremos fazer na USP, no metrô, nas escolas, e em distintos locais) é o primeiro passo para avançar num verdadeiro plano permanente de resistência que pode fazer tremer governos como os de Alckmin e Dória.




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