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VALE BILIONÁRIA | Vale lucra bilhões em um trimestre enquanto Brumadinho e Mariana seguem sem justiça

A Vale reportou um lucro líquido de US$ 2,908 bilhões no terceiro trimestre de 2020, alta de 76% em relação ao mesmo período de 2019. Na comparação com o segundo trimestre do ano, o lucro foi 192% maior. Bem diferente das ínfimas multas recebidas após os crimes ambientais em Mariana e Brumadinho.

quinta-feira 29 de outubro de 2020 | Edição do dia

O resultado da companhia seguiu favorecido pelo alto patamar de preço do minério de ferro e aumento do Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortizações).

Segundo a companhia, os efeitos positivos foram parcialmente compensados por maiores despesas financeiras, da maior marcação a mercado das debêntures participativas (US$ 322 milhões) e a reavaliação do valor justo das garantias financeiras emitidas pela Vale (US$ 322 milhões).

Carro-chefe da Vale, o minério ainda se mantém cotado próximo dos US$ 120 por tonelada em função do déficit entre oferta - mais restrita desde a tragédia de Brumadinho - e demanda - alavancada pela retomada econômica da China no pós-pandemia.

“Ao mesmo tempo em que continuamos firmes no compromisso com a reparação integral de Brumadinho, neste trimestre alcançamos um marco importante na estabilização da nossa produção, com o recorde histórico de produção no Sistema Norte, um grande passo para o de-risking de nossa companhia”, afirmou Eduardo Bartolomeo, Diretor-Presidente da Vale, no documento que acompanha seu demonstrativo financeiro.

Esse compromisso com a reparação de Brumadinho é uma falácia que conta com o apoio do Judiciário, já que recentemente a Justiça determinou à empresa o pagamento de uma multa de R$ 250 milhões, o que não chega nem a 10% do lucro que a Vale teve apenas no terceiro trimestre de 2020.

A geração de caixa medida pelo Ebitda ajustado cresceu 32% em um ano, para US$ 6,095 bilhões. Em relação ao segundo trimestre do ano, o crescimento foi de 81%. Já a receita operacional líquida foi de US$ 10,762 bilhões, avanço de 5% em um ano.

No terceiro trimestre a Vale produziu 88,676 milhões de toneladas de minério, alta anual de 2,3% e trimestral de 31,2%. O crescimento veio embalado pela produção recorde do Sistema Norte, onde está o megaprojeto S11D, ausência de impactos relacionados à covid-19, melhores condições pluviométricas e o retorno de operações como as de Timbopeba e Itabira, em Minas Gerais.

As vendas da commodity, entretanto, foram consideravelmente menores, de 74,2 milhões de toneladas. A diferença entre as cifras de produção e venda foi direcionada à recomposição de estoques da mineradora, que atingiram 21 milhões de toneladas, revertendo a queda após o crime de Brumadinho. No relatório, a companhia afirma que o desempenho deve melhorar ainda mais no quarto trimestre e que vai manter o foco na maximização de suas margens, dando prioridade a produtos blendados em seu portfólio.

Lucros maiores, junto com a certeza de que a prioridade nunca será a justiça para Mariana e Brumadinho, que sofreram com a destruição de centenas de vidas, cidades e rios inteiros, mas sim recuperar o lucro perdido com esses crimes orquestrados pela ex-estatal.

O guidance de produção da Vale para 2020 foi mantido na faixa de 310-330 milhões de toneladas, com a própria companhia sinalizando que deve ficar mais perto do ponto mínimo desse intervalo. Nos primeiros nove meses do ano, a produção soma 215,9 milhões de toneladas. Após a divulgação dos dados do terceiro trimestre, cresceram as chances de a Vale atingir o piso dessa projeção, segundo analistas.

No balanço anterior a companhia já havia anunciado a tão esperada retomada do pagamento de dividendos aos acionistas, suspenso em 2019, após o crime em Brumadinho. A empresa informou no documento divulgado nesta quarta-feira, 28, que no terceiro trimestre distribuiu um total de US$ 3,327 bilhões em remuneração aos acionistas em relação ao desempenho da companhia no primeiro semestre e os juros sobre capital próprio anunciados em dezembro de 2019.

Assim, a Vale continua sendo uma empresa que lucra bilhões em poucos meses, os quais vão direto para os bolsos dos capitalistas devido à privatização da empresa ainda na década de 1990, e ainda segue impune pelos crimes ambientais e mortes que causou. Faz isso com a conivência do governador bolsonarista de Minas Gerais, Romeu Zema, do presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro, e também do judiciário que ri da cara das famílias atingidas pelo rompimentos das barragens ao definir por multas tão irrisórias diante do lucro anual da empresa.

Com informações da Agência Estado.




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