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CORRUPÇÃO E VACINAS | Vacina indiana é comprada por empresário brasileiro com valor superfaturado em 1000%

O empresário Francisco Emerson Maximiano é próximo do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (Progressistas-PR), e é dono de empresas que tiveram contratos contestados por órgãos de investigação em gestões anteriores, além de uma série de processos judiciais de cobranças de dívidas.

quarta-feira 23 de junho de 2021 | Edição do dia

Foto: Reprodução/Bharat Biotech

O empresário que negociou vacina Covaxin superfaturada em 1000% é mais um corrupto ligado ao governo federal. A ordem para a aquisição da vacina partiu pessoalmente do presidente Jair Bolsonaro. A negociação durou cerca de três meses, um prazo bem mais curto que o de outros acordos. No caso da Pfizer, foram quase onze meses, período em qual o preço oferecido não se alterou. Mesmo mais barato que a vacina indiana, o custo do produto da farmacêutica americana foi usado como argumento pelo governo Bolsonaro para atrasar a contratação, só fechada em março deste ano. O interesse do Brasil na Covaxin foi registrado formalmente em carta de Bolsonaro ao primeiro-ministro da Índia, Narendra Modi, em 8 de janeiro. Na ocasião, Bolsonaro informou ter incluído o imunizante no Plano Nacional de Imunização.

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Uma das empresas de Maximiano é a Precisa, que em janeiro deste ano havia se tornado a única representante no Brasil da Bharat Biotech, fabricante indiana da Covaxin. Naquele momento, o empresário brasileiro viu grande oportunidade de negócios e, de posse do contrato de representação, procurou a Associação Brasileira de Clínicas de Vacina (ABCVAC), que organizou uma comitiva ao país asiático.
O golpe de Maximiano, segundo um integrante da associação, era o fato da Bharat Biotech se apresentar como única empresa no mundo disposta a vender vacinas para o setor privado, e tal parceria teve o aval do embaixador do Brasil na Índia, André Aranha Corrêa do Lago, segundo informações do fabricante indiano.

Além da Precisa, ele era sócio de outra companhia do setor, a Global Gestão em Saúde. Atualmente, além das duas empresas, ele é sócio de outras nove companhias, sendo quatro do ramo da saúde. A Global que acumula uma dívida de R$119 milhões em juízo, já realizou contratos anteriores com o governo Bolsonaro. Enquanto Ricardo Barros era ministro da Saúde, a empresa vendeu, mas não entregou, remédios de alto custo ao ministério, um prejuízo estimado em R$ 20 milhões aos cofres públicos.

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Em outro veículo da imprensa foi publicado que a empresa também havia sido multada em R$2,3 milhões pela Petrobrás por não cumprir contrato de fornecimento de medicamentos para funcionários da estatal. O contrato havia sido assinado em 2015, durante o governo Dilma Rousseff (PT), e encerrado no mesmo ano, após constatação de fraudes na execução do acordo.

A empresa Precisa também já era investigada pelo Ministério Público Federal antes de obter o contrato com a Bharat. Ela é um dos alvos da operação Falso Negativo, que desde o ano passado apura a venda de testes rápidos contra a covid-19 com valores superfaturados e qualidade inferior, o contrato foi de R$ 20 milhões.
Em São Paulo, Maximiano e suas empresas são alvo de ações de cobrança por atraso no pagamento de impostos e dívidas trabalhistas. Em uma das companhias, a Interfarmácia, ele é cobrado por antigos sócios que alegam que tiveram de assumir dívidas trabalhistas que ele deixou de arcar, segundo processo no Tribunal de Justiça. Ele também chegou a ser acionado por não pagamento do aluguel de uma cobertura de alto padrão, no bairro do Campo Belo, que contratou em parceria com outro empresário e com uma modelo.

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