sexta-feira 10 de abril de 2015 | 00:01
EFE/Esquerda Diário
O tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, denunciado pelo delator Youssef de envolvimento no caso de corrupção na Petrobras, negou, nesta quinta-feira, em depoimento à CPI que averigua o escândalo, ter cobrado subornos. Alguns dias atrás, ele havia conseguido no Supremo Tribunal Federal o direito de não responder as perguntas na CPI, mas, apesar disso, prestou o depoimento e buscou utilizar sua participação para ganhar credibilidade.
Vaccari Neto rejeitou todas as acusações de corrupção que pesam contra ele e contra o PT, que foram formuladas por ex-altos cargos da Petrobras e outros empresários detidos no curso das investigações.
O tesoureiro é acusado de corrupção, formação de quadrilha e lavagem de dinheiro e é suspeito de negociar as comissões que o PT supostamente recebeu para ajudar na assinatura de contratos entre a Petrobras e as empreiteiras que faziam parte da bilionária rede de corrupção.
Segundo as investigações, as empresas pagavam parte das comissões ilegais ao PT, a outros partidos governistas como o PP e PMDB e opositores como o PSDB de Aécio Neves, e também diretamente a dezenas de políticos através de doações legais declaradas às autoridades eleitorais.
No depoimento, Vaccari disse que todas as contribuições que o PT recebeu por parte de pessoas físicas ou jurídicas foram "legais, contabilizadas e declaradas" às autoridades, e que foram "voluntárias", sem nenhuma contrapartida ou compromisso em troca.
No entanto, ele reconheceu que realizou diversas visitas a empresários investigados no caso para persuadi-los a que realizassem doações ao PT, algo que considerou "usual" em sua função de tesoureiro.
Do mesmo modo, admitiu que 35% das doações que o PT recebeu desde 2010, ano no qual ele assumiu a tesouraria, procedem de empresas investigadas no escândalo.Essa porcentagem é similar a que receberam outros partidos governistas e de oposição, segundo o mesmo.
O responsável do PT negou ter tratado de qualquer assunto financeiro de seu partido com o empresário Alberto Youssef, que está detido devido ao caso e confessou sua participação no processo de corrupção, acusando diretamente Vaccari de participar das manobras.
Em declaração ao juiz, divulgada pela Justiça, Youssef assegurou que fez repasses de dinheiro a Vaccari, em frente à sede do PT, em São Paulo, ponto que hoje foi negado taxativamente pelo tesoureiro.
Vaccari disse que conheceu "casualmente" Youssef "há muitos anos" e admitiu que em certa ocasião visitou uma de suas empresas, mas disse que só permaneceu nas instalações "quatro minutos" porque o doleiro não estava no local.
Vaccari também negou que o PT ou ele próprio possuam contas bancárias no exterior.
No começo da sessão, um funcionário da câmara entrou na sala de reunião e soltou pelo menos quatro ratos, o que causou alvoroço até que os agentes de segurança do legislativo retiraram os animais e detiveram o responsável.
Ratos soltos na sala. Teatro de declarações de honorabilidade e honestidade por deputados, muitos deles denunciados neste ou em outros esquemas de corrupção, e ainda muitos deles também financiados pelas mesmas empreiteiras denunciadas nesta CPI. As respostas evasivas de Vaccari, todos estes elementos ilustram como apesar do barulho, esta CPI, até o momento, não está produzindo nenhuma investigação séria que ajude a apurar responsabilidades e assim contribuir para a punição de corruptos e corruptores.
Este portal Esquerda Diário tem defendido em vários artigos como é necessária uma investigação independente, conduzida por sindicatos, intelectuais, movimentos sociais para de fato investigar este caso com isenção e conhecer toda a verdade.