×

GREVE DOS PROFESSORES | Unificar as lutas pela educação para derrotar os governos

Danilo ParisEditor de política nacional e professor de Sociologia

quarta-feira 29 de abril de 2015 | 15:51

Um sintoma da adoecida “pátria educadora” são as greves de educação que ocorrem por todo o país. Hoje essas greves ocorrem em diversos estados, sendo a mais longa no estado de São Paulo, há 47 dias em greve. Estados governados por diferentes partidos, mas com uma marca em comum, a precária situação das condições de trabalho e da escola pública.

Assim, as lutas por educação surgem no cenário simultaneamente fruto dos consecutivos cortes orçamentários tanto nos níveis federais, estaduais, como municipais. O governo Dilma, como primeira cartada de 2015, decidiu cortar 7 bilhões da educação. O PSDB, através de Geraldo Alckmin e Beto Richa, mostrou que também estão em consonância com projeto da “farsa educadora”, aplicando cortes e ataques em seus estados.

Greves pela educação país afora

A greve do Paraná, marcada pela sua radicalidade e grande adesão, foi retomada pelos professores contra a proposta de mudança na aposentadoria do governador tucano Beto Richa. As imagens de ontem, com a polícia de todo o estado cercando a Assembleia Legislativa e reprimindo violentamente os professores, mostra o que o PSDB é capaz de fazer para implementar seus projetos. Além dos professores estaduais, as universidades estaduais voltaram a entrar em greve.

Os professores do Estado de São, na maior greve dos últimos 15 anos, enfrentam a mesma dose de truculência e falta de democracia de Geraldo Alckmin. O governo se nega a conceder qualquer reajuste para categoria, ameaçando os professores grevistas de corte de salário.
Já os professores de Santa Catarina estão em greve desde o dia 24 de março. Reivindicam aumento de 13%, contra a intransigência do governo do PSD, da base do governo Dilma, que de maneira intransigente só aceita sentar a mesa de negociação com o fim da greve.

Também em Pernambuco, os professores estão em greve há três semanas. Assim como em Santa Catarina, os professores reivindicam 13%, contra a vergonhosa proposta do governo de reajustar somente o salário de 10% da categoria.

No Pará, também governado pelo PSDB, os professores estão em greve há um mês. O sindicato afirma que o piso nacional do magistério, instituído por lei, não é pago e que houve uma redução abrupta na carga horária da jornada de trabalho do professor, mesmo com um déficit que seria de oito mil docentes.

Mesmo com a sentença da ilegalidade da greve, os professores da Paraíba também estão em luta, enfrentando os ataques da justiça e do governo que está aplicando multas diárias de 5 mil reais ao sindicato.

Além dessas greves já em curso, professores de Macapá e trabalhadores da educação do Piauí, também estão greve lutando pela escola pública e por condições de trabalho. Os trabalhadores da educação também contam com o apoio efetivo dos trabalhadores da saúde, que chegaram a ocupar a prefeitura. Contraditoriamente, o prefeito do Macapá, Clécio Luiz do PSOL, mais uma vez comprova que seu mandato está a serviço dos empresários e latifundiários. Ao invés de anteder às reivindicações dos professores, o prefeito chega ao absurdo de afirmar que essas greves são orquestradas pela direita para ataca-lo.

Várias outras greves já estão com indicativo para começarem. No Rio Grande do Sul, os professores entrarão em greve a partir do dia 8 de maio e os professores das Instituições Federais de Ensino Superior (IFEs), também já decidiram por indicativo de greve a partir do dia 25 de maio, contra os cortes no orçamento promovidos pelo governo Dilma nas instituições federais. Além desses, Goiás, Amazonas, Alagoas e Distrito Federal estão em processo de mobilização.

A farsa da greve geral convocada pela Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação

A Confederação Nacional dos Trabalhadores da Educação, dirigida pela CUT e O PT, que congrega a maioria dos sindicatos da educação, está convocando uma greve geral da educação para o dia 30 de abril.

Em comunicado emitido pela sua Diretoria Executiva se limitam a pedir 10% do PIB para educação a partir dos royalties do pré-sal. Em meio a um cenário de greves em mais de 6 estados, a CNTE se nega a propor qualquer tipo de articulação e unificação dessas lutas. Sobre as greves, se limitam a dizer que são a favor da regulamentação do piso salarial e das diretrizes para carreira nacional dos professores.

Fica evidente que os objetivos da CNTE e da CUT não são de organizar uma grande batalha nacional pela educação, mas de servir como um ministério do governo federal.

Uma grande oportunidade para a CSP-Conlutas

Diante desse cenário nacional e da negativa da CUT e CNTE de organizarem os professores e os trabalhadores da educação, a Central Sindical e Popular – Conlutas tem uma grande tarefa. Várias dessas greves estão em curso há mais de um mês e não vimos qualquer ação política dessa central, dirigida pelo majoritariamente pelo PSTU, para a unificação dessas lutas. Em nota publicada o PSTU defende a unificação das lutas dos trabalhadores, porém sendo incapaz de apresentar qualquer proposta para unificação de fato desses processos.

Sabemos que para enfrentar a intransigência de todos os governantes é preciso que os trabalhadores atuem de maneira coordenada e unificada. É necessário que essa central promova reuniões estaduais e encontros nacionais que possibilitem a criação de uma real alternativa de coordenação para que as lutas em curso possam triunfar e impor derrotas as MPs de Dilma e ao PL4330. Às vésperas do Congresso da Conlutas, as lutas dos trabalhadores exigem uma prova contundente da atuação dessa central.

Foto:Inácio Teixeira/ Coperphoto/ Apeoesp




Comentários

Deixar Comentário


Destacados del día

Últimas noticias