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PANDEMIA | União Europeia: crônica de um fracasso anunciado frente ao Covid-19

A reunião do Eurogrupo na noite da terça-feira (7) acabou em um barulhento fracasso. O capitalismo das maiores potências se nega a ajudar os povos que estão sofrendo com o Covid-19.

quinta-feira 9 de abril de 2020 | Edição do dia

Originalmente publicado em LaIzquierdaDiario.es

Após outra "sessão" maratonística de 16 horas, a União Européia não encontrou o caminho de uma solução comum para a grave crise gerada com o Covid-19 e a recessão já anunciada há meses. A reunião continuará hoje, quinta-feira. Já estamos há mais de um mês e meio com o vírus, que se espalha centralmente na Itália, no Estado espanhol e na França, mas também mata em outros países do antigo continente. E ainda se espera pela "União Européia". É mais provável que Godot chegue antes.

Cada país está agindo frente à crise do coronavírus separadamente. Nenhum país europeu está ajudando o resto a superar as milhares de mortes e o grande número de pessoas contaminadas. A Alemanha e a França decidiram aprovar um decreto proibindo a exportação de qualquer material sanitário. Muitos países decidiram fechar fronteiras. E cada um está tentando produzir todo o necessário para resolver a pior crise em décadas. O Covid, no entanto, passa por cima das fronteiras com muita agilidade.

A discussão central que separa os países do norte e os do sul é sobre as condições para conceder os créditos. A maioria dos países aceitaria as condições do “Pacto de Estabilidade e Crescimento” (que exigiam um déficit máximo de 3% e que foram a causa dos ajustes anteriores). Somente a Holanda pede condições especiais para cada país que faz uso desses créditos.

Tanto o Estado espanhol quanto a Itália querem evitar um controle de suas economias semelhante ao sofrido pela Grécia. No entanto, a situação econômica da Itália é complicada. Sua dívida atinge 136% do PIB e a situação de seus bancos é muito duvidosa. A situação nos dois países é delicada e muitos economistas a comparam com a da Grécia há 12 anos.

Em outras palavras, no momento estamos sofrendo a pior crise de saúde, social e econômica em décadas, estão discutindo quem está pagará e como. Mais um exemplo do sistema degradante em que vivemos: esse é o capitalismo puro e simples. As empresas e os países mais poderosos querem manter tudo. Uma questão que se reproduz dentro de cada país: o Ibex35 [principal bolsa do Estado espanhol] e seu Regime fazem tudo ao seu alcance para se proteger enquanto o povo sofre dezenas de milhares de vítimas.

Além disso, os dados de desemprego são terríveis. Em 15 dias, a Previdência Social na Espanha perdeu quase 834 mil pessoas de suas listas; E mais de 300 mil se inscreveram no SEPE. Esses são números que em intensidade excedem a crise de 2008. Embora os ERTEs não apareçam nessas estatísticas, serão superiores a dois milhões. Analistas esperam que os números de abril sejam ainda piores. Os capitalistas nos tratam como se fossemos lastro e nos expulsam para a rua.

Quer haja acordo ou não, a União Européia mostra sua verdadeira face. A face grotesca do capitalismo imperialista. Máscaras e produtos sanitários que multiplicam seu preço por dez. Ou seja, o preço sobe porque há uma multidão tentando conseguir produtos básicos para cuidar do Covid (batas, máscaras, álcool, luvas, etc.). Isso pode ser visto na relação entre estados e dentro de cada estado e os governos não fazem nada ou, no máximo, chegam tarde demais.

O fracasso burguês da União Europeia do Capital diante de uma grande catástrofe

Ainda não é possível saber se esta crise será o fim do projeto burguês e imperialista da União Europeia, iniciado no final da Segunda Guerra Mundial. Mas há fortes questionamentos por parte das potências imperialistas que a lideram. Também houve muitos durante a forte crise de 2008. E haverá mais, já que alguns analistas acreditam que já está começando uma depressão econômica.

A União Europeia nunca foi uma união de nações. No máximo, tem sido um acordo muito profundo entre diferentes nações. Tão profundo que muitos estados já têm uma moeda única há vinte anos. Mas eles não têm um direito comum, não têm um sistema tributário comum e não existe um sistema produtivo único. Como disse Lev Trotsky, "o capitalismo tem sido incapaz de desenvolver uma única de suas tendências até o fim".

Trabalhadores e população precisam de um verdadeira união "até o fim": que seja capaz de acabar com as fronteiras, capaz de respeitar os diferentes povos, onde as empresas sejam dirigidas por seus trabalhadores e a produção feita de acordo com as necessidades sociais e não a sede de lucros de um punhado de empresários, sem saquear o resto dos países, etc. Uma união que lute unida contra o vírus do Covid-19 e contra o capitalismo ao mesmo tempo.

Contra a União Europeia do Capital e os giros nos estados-nações, temos que lutar pelos Estados Unidos Socialistas da Europa. Temos que lutar contra o Covid-19, os empresários e seus políticos em cada país. É a única maneira de acabar com o vírus sem perder milhões de postos de trabalho, sem sofrer mais precariedade e recuperando tudo o que perdemos nesses anos e lutando pela liberdade de todos os povos.

Tradução para o Esquerda Diário: Caio Reis




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