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21 DIAS DE ATIVISMO CONTRA O RACISMO | Uma noite com Martinho da Vila na luta contra o racismo na UFRJ

Artur LinsEstudante de História/UFRJ

quarta-feira 22 de março de 2017 | Edição do dia

Na noite dessa terça-feira (21), aconteceu mais um evento impulsionado pelo grupo de ativistas negros “21 dias de ativismo contra o racismo” no Instituto de Filosofia e Ciências Sociais (IFCS), campus da UFRJ que fica no Centro da cidade.

O evento contou com a presença do compositor, músico e escritor Martinho da Vila, onde ele apresentou uma aula trazendo suas reflexões da necessidade de enfrentar o racismo.

A atividade começou com homenagens ao massacre de Shaperville, que aconteceu no dia 21 de março de 1960 na África do Sul, numa manifestação pacífica de negros contra o regime de apartheid que tinha naquele país na época, e que deu origem ao dia de luta internacional contra o racismo.

Os organizadores do evento também dedicaram homenagem à juventude negra universitária e aos negros que estão começando a ingressar nos cursos de pós-graduação da UFRJ, sem deixar de lembrar que a realidade da maioria dos negros na universidade ainda está na ocupação das funções de trabalho precário e terceirizado.

Martinho da Vila começou sua apresentação falando que até 1988 (ano da promulgação da Constituinte pactuada com os militares pra instaurar o regime democrático-burguês no Brasil) não se falava abertamente que tinha racismo no país e reivindicou a criação, nessa década, da Fundação Palmares e da secretaria de inclusão social de negros. E inclusive criticou o governo Temer por cortar recursos para essas instituições atualmente.

Pontuou que existem vários segmentos do movimento negro com diferentes estratégias para a emancipação do povo negro, porém Martinho disse que mesmo com todas essas diferenças de concepção estratégica há objetivos em comum para alcançar dentre os vários segmentos, que são esses: a ocupação de espaços nas instituições de poder no país por negros; o combate a discriminação sócio-econômica; e a luta contra a segregação empregatícia.

Martinho defendeu que é preciso alcançar esses objetivos para buscar a inclusão do povo negro na sociedade para evitar o alto nível de desemprego e criminalidade, pois como ele disse: “a maior parte dos carcerários são vítimas da discriminação social”, porque muitas empresas não empregam negros.

Nesse sentido, Martinho da Vila defendeu que a política de cotas raciais deve ir além das universidades, também atingindo empresas privadas e os três poderes (legislativo, judiciário e executivo) da República. Tomou como exemplo os EUA, onde há décadas têm um programa parecido, reivindicando dessa maneira empresas privadas com maioria de negros; e os negros e negras que ocupam ministérios no país.

Mesmo com todas as suas contradições reformistas e em alguns momentos até à direita, ao reivindicar ministros negros de um país extremamente imperialista e que inclusive bombardeia e intervém militarmente em muitas nações em que a maioria da população é negra, Martinho da Vila fechou a atividade reforçando a ideia de que a luta contra o racismo, o preconceito e a xenofobia deve ser tomados tanto por negros quanto por brancos, para o povo negro e todos os que sofrem por algum tipo de discriminação racial seja totalmente emancipado da opressão racial.


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UFRJ    Racismo    Negr@s



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