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A seção “Esquerda em Debate” está aberta aos ativistas críticos à chapa de Lula e Alckmin, à política de conciliação de classes do PT e à diluição do PSOL com Alckmin e Marina Silva. Trata-se de uma tribuna aberta a militantes do PSOL e ativistas e intelectuais independentes. Nela, publicamos posições do MRT, mas também de setores da esquerda em um campo mais amplo com o intuito de cultivar o debate franco e aberto na esquerda brasileira. As posições contidas no texto são de responsabilidade dos firmantes e não refletem as posições do MRT. Envie também seu texto para essa seção aberta.

quinta-feira 21 de julho de 2022 | Edição do dia

É necessário e emergencial a unidade da esquerda diante das ameaças golpistas de Bolsonaro

Diante da transição das ameaças verbais de Bolsonaro ao terreno concreto da realidade, nós da corrente Socialismo ou Barbárie, fazemos um chamado público às organizações, figuras e lideranças, movimentos sociais e todas as pré-candidaturas majoritárias da esquerda socialista sobre a necessidade de sentarmos à mesa para edificar uma frente única de esquerda para lutar, com a perspectiva da unidade na ação como tática central para enfrentar as aventuras golpistas do bolsonarismo.

Camaradas, nos últimos tempos temos acompanhado graves fatos políticos levados adiante pela extrema-direita e sua liderança – Bolsonaro -, que avançam sobre o campo da luta de classes e que devem ser encarados com a mais profunda seriedade e consequência para podermos enfrentá-los da maneira mais eficaz possível.

A natureza política da extrema-direita, que supera o fisiológico cretinismo parlamentar da direita tradicional, combinando uma movimentação político-ideológica institucional e extra-institucional, hoje é tomada por variados setores sociais e políticos que culminam em diferentes interpretações e caracterizações. Nós socialistas, que buscamos retirar da história as mais importantes lições do movimento operário, sabemos que quando diante de um fenômeno como o do bolsonarismo, a necessidade de caracterizá-lo da maneira mais precisa e agitar sobre o seu perigo às massas se faz imprescindível – uma tarefa de vestir o verdadeiro significado às coisas.

Sob o dever da aproximação mais sensível e apurada da realidade concreta e seus elementos econômicos, sociais e políticos, tendo a luta de classes sempre como última instância definidora do curso histórico, é que se colocam em cima da mesa as ferramentas táticas e estratégicas para emplacar uma orientação política com um cristalino objetivo. Hoje pode-se afirmar que a derrota da extrema-direita e de suas intenções bonapartistas devem ser a batalha central da guerra de classes por parte da esquerda socialista.

Nesse sentido, as crescentes e perigosas ameaças golpistas, com respaldo nas forças armadas e policiais (ainda se faz difícil medir o tamanho da incidência bolsonarista nesses setores), conivência parlamentar e da PGR, e uma série de caracterizações facilistas de que não haveriam significativos riscos aos direitos democráticos, exigem que a esquerda socialista entre imediatamente em cena com um plano concreto para a retomada das ruas – palco definitório do desenlace político-social para o próximo período no Brasil.

Chamamos a atenção de estarmos diante de uma conjuntura pré-eleitoral de caráter inédito após o processo de redemocratização e, todavia, indefinida – assim como a correlação de forças. Quadro parte de uma situação reacionária aberta com a ofensiva por direita em 2016, que contou com substancial papel do lulismo e suas traições para que essa avançasse chegando a tal ponto crítico, que a depender do desenvolvimento dos processos, pode colocar um revés histórico aos explorados e oprimidos. Aliás, a burocracia com a política permanente de conciliação de classes segue cumprindo um papel extremamente inconsequente e irresponsável, demonstrando seu verdadeiro cunho de classe e compromisso político-econômico com os de cima.

Um dos mais doídos ensinamentos da luta de classes é o preço que paga a classe trabalhadora diante de uma derrota categórica. O custo econômico, político e social imposto ao mais baixo substrato social com saltos à regimes autoritários são tão profundos que tendem, ao que nos indica as experiências do século passado, um período de uma ou mais décadas para que se retome a luta organizada do proletariado – nesse janela temporal o que se impõe é sua completa atomização política e um regresso na condição de vida das massas trabalhadoras.

Evidente que não estamos diante de um contexto parecido ao debate sobre a contrarrevolução alemã ou italiana que deu origem ao nazifascismo, mas certamente podemos sublinhar que as novas formas de golpes e fechamentos de regime, por aproximações sucessivas, estão em curso no país. Hoje, apesar de Bolsonaro não reunir condições para sua sanha golpista, não podemos subestimá-lo de maneira alguma.

Atualmente, a dispersão e posição fragmentária por parte da esquerda socialista no país que carregam desafios construtivos às suas organizações e partidos para as eleições e que recai sobre a dificuldade de construção de um plano comum com um calendário de lutas nacionais e retomada das ruas precisa ser revertida. É preciso, desde já, avançar sobre a importância tática de uma frente única que apresente um plano comum de luta pelas ruas para enfrentar a extrema-direita e sua violência política.

Rechaçando as duas caras do impressionismo – o facilismo e o derrotismo – faz-se necessário colocar às bases que a garantia da derrota eleitoral da extrema-direita só será possível pela tutela popular e o seu poderio social, dinâmica que se fará central também mesmo após uma vitória com mudança na cadeira presidencial. Caso contrário, mesmo com a destituição de Bolsonaro, a polarização pelas ruas à direita e a dependência das vontades da burguesia se sobrepujarão constituindo terreno fértil para um novo ovo da serpente.

Desde já, fazemos um chamado público para uma frente única de esquerda para lutar contra o neofascismo. Nos colocamos à disposição para dialogar e colaborar com a construção deste urgente processo de inflexão dos socialista, figuras e lideranças, movimentos sociais e de todas as pré-candidaturas do Polo Socialista Revolucionário, UP, PCB e a esquerda do PSOL, para acumular condições na ruas, a partir da unidade na ação, para enterrar o neofascismo no Brasil.

O dia 7 de setembro será um grande teste e devemos acumular pare este dia, sob um calendário comum preparatório de luta e agitação, forças sociais e políticas para realizar um massivo e radicalizado contra ato nacional procurando mobilizar as bases da esquerda, da juventude, do movimento negro, das mulheres e das bases sindicais. Este processo deve estar acompanhado pela necessidade de efetivar medidas de segurança e autodefesa coletiva diante das provocações bolsonaristas aos atos da esquerda que certamente seguirão presentes, exigindo toda atenção e organização. Estas são as tarefas colocadas na ordem do dia, camaradas!

Originalmente publicado aqui em 20 de julho de 2022.




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