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1 ANO DE ESQUERDA DIÁRIO | Um ano de educação no Esquerda Diário: uma retrospectiva

Mauro SalaCampinas

sábado 26 de março de 2016 | 03:26

Ao completar seu primeiro ano de existência, a Seção de Educação do Esquerda Diário se consolida como um importante instrumento de luta e de fomento do debate na área da educação. Desde março de 2015 já foram mais de quinhentas e cinquenta matérias e artigos publicados na seção, contando com a colaboração de dezenas de autores e obtendo milhares de acesso.

Começamos nosso trabalho com uma série de artigos que questionaram os cortes de verbas para a educação promovidos pelo Governo Federal e sua “Pátria Educadora” e como elas estavam a se refletir nas condições das universidades públicas e também penalizando os estudantes das universidades privadas que dependem de financiamento governamental, como o FIES, mostrando que esse seria um ano de precarização maior no ensino superior. Também pudemos refletir e denunciar os impactos dos ajustes para a educação superior pública estadual, seja na UERJ, seja nas estaduais paulistas.

Também seguimos e discutimos os rumos das políticas educacionais do Governo Federal, não embarcando no otimismo que marcou a indicação do Renato Janine Ribeiro e também analisando e denunciando as políticas da “pátria educadora” propostas pela Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, então sob o comando de Mangabeira Unger, mostrando que são políticas que se assentam sobre o tripé responsabilização, meritocracia e privatização e que seguem os caminhos indicados pelos reformadores empresariais.

Nesse seu primeiro ano, o Esquerda Diário também publicou análises das políticas de responsabilização e meritocracia promovidas pelo governo paulista, mostrando que políticas como a do bônus atrelado ao desempenho dos alunos em avaliações de larga escala é um grande mal para a educação pública, mostrando o que a experiência internacional já havia nos alertado sobre isso.

Também publicamos uma série de artigos que versavam sobre as condições para o trabalho educativo em nossas redes públicas, mostrando que o baixo salário e a alta jornada de trabalho são um empecilhos para o desenvolvimento de uma escola de qualidade, quando também problematizamos o alto índice de professores temporários em nossas redes públicas de educação básica, marcando o seus efeitos simultaneamente sobre as condições de trabalho e sobre as condições de ensino.

Essas análises que publicamos nos fazem entender porque, ainda no primeiro semestre, uma onda de greves ocorreram na educação básica de diversos Estados e municípios. O Esquerda Diário fez uma importante cobertura dessas greves, com destaque para a greve em São Paulo e no Paraná, com mais de setenta matérias publicadas em nossa seção, nos tornando uma referência para milhares de professoras e professores que participaram ativamente desses conflitos.

Nesse momento pudemos também refletir e discutir a dimensão internacional da luta pela educação, mostrando que, no mundo inteiro, travam-se importantes lutas na área da educação.

Nesses processos, pudemos confrontar a precariedade das condições das professoras e professores com os privilégios dos políticos que sempre nos negam melhores condições de ensino, e lançamos a campanha “Que todo político ganhe igual uma professora”.

A greve das Universidades Federais também foi foco de nossa atenção, onde pudemos perceber os traços fundamentais do “fim do ciclo lulista” no ensino superior, marcado por uma expansão precária e por políticas privatizantes.

No plano municipal, pudemos discutir os Planos Municipais de Educação que foram aprovados no meio de ano. Destacamos desde as medidas autoritárias e privatizates de cidades como Campinas até a cruzada nacional contra a introdução do debate de gênero nas escolas públicas aprovadas em várias cidades do país. Discutimos como essa ofensiva conservadora foi decorrência de uma capitulação da presidenta Dilma que aceitou retirar a promoção da igualdade de gênero do Plano Nacional de Educação.

Assim, o Esquerda Diário entrou com tudo na luta contra as chamadas “emendas da opressão” que além de retirar a promoção da igualdade de gênero das metas dos Planos Municipais de Educação, também visavam proibir qualquer menção ao tema nas escolas públicas municipais. Também pudemos debater e nos posicionar contra a chamada lei da “criminalização da ideologia” nas escolas, promovida pelo grupo conservador “escola sem partido”.

Além de continuarmos a seguir com as análises das políticas educacionais, discutindo os resultados do ENEM e a Base Nacional Curricular Comum, o segundo semestre de 2015 se destacou pela atuação do Esquerda Diário no conflito de secundarista em São Paulo.

Já na semana em que o ex-secretário da educação de São Paulo, Herman Voorwald, anunciou seu plano de reorganização das escolas paulistas, o Esquerda Diário Publicou uma análise da sua política, asseverando que se tratava de uma reorganização necessária para o projeto privatista do governo estadual paulista, quando também já apontávamos as mudanças que aconteciam no estado de Goiás, que também se enfrentou com ocupações de secundaristas contra o projeto de seu governo. Foram dezenas de matérias e artigos sobre as ocupações das escolas paulistas e outras tantas sobre as ocupações em Goiás.

Mas aqui teve algo novo. O Esquerda Diário não apenas noticiou e analisou as políticas e o conflito com seus colunistas habituais, como também pôde dar espaço para que os próprios estudantes diretamente envolvidos no conflito produzissem e se expressassem a partir do portal.

O Esquerda Diário, além de expressar o processo vivo de luta, também fez um esforço para dele apreender seus elementos políticos e educacionais, tentando compreender o que essas ocupações apresentam de novo para essa juventude e para a escola que queremos.

Fechamos o ano de 2015 acompanhando e repercutindo os passos da luta secundarista em Goiás, e esclarecendo e discutindo as políticas de privatização e militarização imposta pelo governo goiano.

Mas como a luta pela educação não respeita o calendário letivo, começamos 2016 ainda seguindo e acompanhando as ocupações em Goiás e em São Paulo, até que a última escola paulista, EE Anhanguera, fosse desocupada em 19 de janeiro e seguimos acompanhando os passos dos secundas de Goiás em suas ocupações.

Continuamos denunciando e nos posicionando frente ao processo de precarização da educação pública no país, denunciando o baixo impacto que a Lei do Piso está tendo na realidade material dos professores e das escolas. O roubo da merenda e o sucateamento das escolas paulistas também receberam atenção especial nesse começo de ano. Buscamos também esclarecer os passos dado pelo governo paulista na tentativa de continuar implementando seu processo de reorganização escolar.

Buscamos repercurtir também a luta dos professores de Fortaleza, Minas Gerais, Cabo Frio e do estado do Rio de Janeiro.

Aliás, é la que se encontra o principal foco de conflito na educação pública. A greve dos professores e a entrada dos estudantes secundaristas, com ocupação de escolas é algo para acompanharmos e intervirmos com muita disposição, já que é um conflito importantíssimo para o conjunto da classe, pois uma vitória dos trabalhadores da educação e dos estudantes do Rio de Janeiro pode significar um impulso nas lutas contra os ajustes dos diversos governos de turno.

Também seguimos acompanhando os passos que os estudantes secundaristas de São Paulo estão dando contra a corrupção da merenda e por melhores condições de estudo.

Além disso, pudemos também desenvolver reflexões sobre teoria da educação, apresentando as contribuições de Vigotski e Trotski e sobre a relação entre a luta pela escola pública e o Estado, tal como nos apresenta Karl Marx.

Enfim, com mais de quinhentas e cinquenta matérias e artigos publicados, pensamos que a seção de Educação do Esquerda Diário vem cumprindo um importante papel de difusão e politização do debate educacional no país, buscando sempre refletir e tomar posição frente aos acontecimentos tanto das políticas públicas quanto de seus principais conflitos da área.




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