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USP | USP vai sediar evento de barco de luxo em meio a pandemia

A reitoria da Universidade de São Paulo abriu da Raia Olímpica da USP, que tem pouco mais de 2 quilômetros de extensão, para evento luxuoso, em uma parceria público-privada. A universidade declarou que vai cobrar 90 mil reais nos seis dias de evento do São Paulo Boat Show, que ocorrerá entre 19 e 24/11

quinta-feira 19 de novembro de 2020 | Edição do dia

Em uma tentativa cínica de explicar porquê a raia da USP sediará o SPBS, o reitor Vahan Agopyan tenta se justificar dizendo que a raia pertence a sociedade, e que assim sendo seria correto que os empresários se utilizasse dela para promover seu evento de luxo. Porém, quando se trata do que sua gestão promoveu, vê-se que seu legado foi a precarização e fechamento maior da universidade para a população, como é o caso do pronto-socorro do HU.

Não é de hoje que a raia da USP vem sendo usada pela iniciativa privada, ao invés de ser usada por seus estudantes e pela população que vive ao redor da universidade.

Temos que perguntar quem é o setor da sociedade que em meio a uma crise econômica e pandêmica possui condições financeiras e entusiasmo para ir em um evento comprar iates, lanchas, jet-skis, botes infláveis e outros equipamentos flutuantes? Com absoluta certeza não é a maioria da população, não é a classe trabalhadora que se vê cada vez mais perto da miséria econômica e viu mais de 160 mil dos seus morrerem pelo coronavírus.

O vídeo promocional do SPBS conta com a participação do reitor Vahan Agopyan e dois secretários estaduais tucanos, o de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido, e o de Turismo, Vinicius Lummertz, só com essas participações já fica claro a quais interesse o reitor da USP está a serviço.

“As negociações incluem o aluguel, melhorias na estrutura da raia, a doação de um barco de 18 pés avaliado em 70 mil reais e 50% da renda do estacionamento. Tudo somado, o legado pode chegar a 400 mil reais para a universidade”, diz o Grupo Náutica, de Ernani Paciornik. Esse é o valor para fazer um evento negacionista, cuja data foi negociada em julho no primeiro pico de contágio da Covid-19, como se vê no blog do Amaury Jr. , além de que será realizado no surgimento da segunda onda na capital paulista.

No vídeo "Como será o São Paulo Boat Show 2020" , que se trata de uma animação de como vai ser o SPBS, aparecem pessoas em diversos ambientes, se divertindo, praticando atividades aquáticas, vendo modelos de barcos, só que todos aparecem sem máscara. Na apresentação aparece a frase de que “nada será como antes”, se todos os que estão previstos para irem ao evento de fato comparecerem, realmente, a pandemia não será como antes.

O evento será realizado em frente ao Conjunto Residencial da USP (CRUSP), local onde moram a maioria dos estudantes mais pobres da universidade e onde boa parte desses continuaram vivendo durante a pandemia. Esse evento claramente não é para eles, e pelo contrário, coloca mais em perigo o contágio destes moradores pelo número de pessoas que transitará no campus durante o evento, cuja estimativa é de que seja em torno de dezenas de milhares no total.

Esse fato mostra para quem a “universidade de excelência” está a serviço, fica mais que escancarado. Enquanto no CRUSP, a precariedade dos prédios é mais que notória, desde a falta de fogões nas cozinhas, que se tornam cada vez mais débeis, com a falta de água que se tornou regra, falta ’’secular" de internet (que agora diz a reitoria que vai providenciar, mas não consolidou nada) que coloca para os “cruspianos” dificuldades materiais para se manter na universidade.

Após apresentar um plano arbitrário de retorno das atividades presenciais, de ter dado marmitas com insuficiência nutritiva para os moradores do crusp , além de todo o descaso com os terceirizados e trabalhadores do HU, a reitoria dá mais um exemplo de que só se importa com os que têm dinheiro. A reitoria ainda se utilizará da guarda do campus no evento, o que expõe ainda mais os funcionários da USP em meio a pandemia, inclusive com pessoas do grupo de risco sendo obrigadas a ir trabalhar.

As transações que decidiram a data e local do evento, além de para onde será destinado o dinheiro, são muito pouco claros. É um absurdo que no meio da pandemia de Covid-19 a USP alugue espaços para os ricos, ainda mais enquanto os trabalhadores do HU do grupo de risco seguem trabalhando, tendo havido uma morte recente de um trabalhador com mais de 60 anos contaminado no trabalho.

Exigimos que seja garantidos testes massivos para os trabalhadores, além de que todas as medidas sanitárias sejam garantidas e que o grupo de risco seja afastado com todo seu salário mantido! Exigimos também que os moradores do CRUSP tenham garantidas a higienização e melhorias dos seus locais de moradia, alimentação saudável e internet.




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