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CRISE NA UERJ | UERJ: Lixo no chão, terceirizados sem salários e ataque à democracia estudantil

Esta é a cara da crise da UERJ que prejudica os trabalhadores e estudantes. Para enfrentar os ataques da Reitoria é urgente a uma alternativa independente do DCE, anti burocrática e democrática, pois o DCE é aliado e defensor da política do governo federal e estadual.

Carolina CacauProfessora da Rede Estadual no RJ e do Nossa Classe

quarta-feira 13 de maio de 2015 | 00:00

Lixo espalhado por todos os cantos. Banheiros sujos e interditados. Salas de aula sem climatização. Falta luz sempre. Centenas de trabalhadores que há mais de um ano não recebem seus salários regularmente. Este o cenário no qual a UERJ, encontra-se hoje, esta é a cara da crise da UERJ mostrada em diversos noticiários e vídeos esta semana.

Problemas financeiros e de infraestrutura gravíssimos prejudicam os trabalhadores e estudantes, o atraso significativo dos salários de funcionários terceirizados demonstra uma completa naturalização do cenário em que centenas de funcionários trabalham de graça para a Reitoria da UERJ. Além disso, é caótico o quadro de falta de professores, muitas turmas seguem sem aulas, todo mês os alunos não sabem quando a bolsa irá cair, geralmente tem que esperar até a terceira semana do mês por seu pagamento. Os professores efetivos estão sem reajuste desde 2001. Esta situação é de inteira responsabilidade do Reitor Vieralves e do Governador do Rio de Janeiro, Luis Fernando Pezão (PMDB).

Na UERJ, no Hospital Universitário Pedro Ernesto, na Policlínica, no Colégio de Aplicação e demais campi virou regra não pagar os salários dos funcionários terceirizados. Não são casos isolados, a UERJ não paga os funcionários terceirizados em dia, há mais de um ano. Os lixos e a sujeira que se acumulam pelos chãos e corredores, são a prova de que uma função fundamental da universidade esta sendo invisibilizada. Não podemos ser coniventes com isto, as entidades da UERJ, a Associação dos docentes da UERJ (ASDUERJ), o Sindicato dos trabalhadores da UERJ (SINTUPERJ), o Diretório Central dos Estudantes (DCE) e Centro Acadêmicos precisam apoiar ativamente. Temos que lutar pelo pagamento imediato dos salários.

No momento em que milhares de trabalhadores estão sendo atacados pelo Governo Federal pela direita com a tentativa de aprovar o PL 4330 que amplia a terceirização para as atividades fim. Vemos o PT e a CUT demagogicamente se colocando contra o PL, no entanto, defendendo a terceirização tal como já existe e tentando vende-la como vitória. Além disso, foi no Governo do PT que a terceirização mais aumentou, de 4 para 12 milhões. Os terceirizados na UERJ mostram o que significa a terceirização hoje, precarização das condições de trabalho, divisão entre funcionários e efetivos e não pagamentos dos salários.
A luta contra o PL 4330 dentro da UERJ passa pela defesa imediata aos terceirizados e por defender que estes sejam incorporados sem concurso público, porque já demonstram que são capazes de realizar estas atividades.

Basta de instabilidade na vida desses trabalhadores, queremos que eles tenham os mesmo direitos que qualquer trabalhador concursado da UERJ.

Por que o DCE se cala frente à crise da UERJ?

Em meio a tanta crise e precarização o movimento estudantil devia estar organizando, ativo na base lutando contra os ataques, as organizações políticas e entidades deveriam estar à frente disso, mas não é o que vemos na UERJ. Há mais de 3 anos à frente da entidade, o DCE dirigido pelo PT e PCdoB atua como um dos fatores de naturalização e invisibilidade das terceirizadas e como freio da mobilização estudantil. As notas e eventos que dão a entender que estão mobilizando contrastam-se radicalmente com a realidade: uma verdadeira inércia que não prepara as lutas e várias tentativas de burocratizar ainda mais os espaços do movimento estudantil.

No ultimo Conselho de Centros Acadêmicos, 05/05, chamado pelo DCE, a situação das terceirizadas nem estava na pauta. A pauta era “Assuntos Gerais” tão vaga e muito parecida com as do Conselho Universitário, órgão antidemocrático de deliberação máxima da universidade, no qual a Reitoria manda e desmanda sem oposição do DCE. Além da pauta abstrata, nos deparamos com uma surpresa: o DCE querendo aprovar “goela a baixo dos estudantes” um regimento do CCAs absolutamente antidemocrático.

Entre os pontos mais absurdos, a proposta de regimento previa que apenas o DCE poderá convocar o CCAs e assembléias gerais e que nos CCAs apenas membros fixos do CAs tem direito a voz. É escandalosa esta proposta, uma afronta ao ME democrático. O DCE além de não organizar as lutas, ainda em meio à crise prepara um regimento que diminui a democracia e a participação dentro do ME, para ser aprovado de maneira completamente burocrática.

Os estudantes não deixaram passar. Exigimos que esta discussão fosse levada para base, discutida, que os estudantes decidam quais devem ser as regras dos espaços estudantis e aprovem nas assembléias de curso e na assembléia geral. O DCE não esta construindo a luta e ainda não constrói as propostas tiradas no CCAs.
Precisamos construir uma alternativa e uma maioria na base, para organizar a luta contra a precarização da educação e do trabalho dentro da UERJ, independente do DCE. Enquanto, UFF, UNIRIO discutem paralisações e indicativos de greve, na UFRJ fecham unidades, pois sem funcionários da limpeza e segurança (também estão sem receber) a universidade não tem como funcionar. Fruto dos cortes de mais 7 bilhões na educação feito pelo governo Federal, prolifera uma crise nacional na educação.

Estes ataques também são estaduais, o Governador do Rio de Janeiro, Luis F. Pezão (PMDB aliado do PT) também cortou 25% da educação. Já estamos pagando o preço desta crise na UERJ, principalmente os terceirizados e os estudantes.

É necessário que tenhamos assembléias nos curso e assembléias gerais para debatermos o que fazer frente à crise da UERJ. Chamamos todos ao ato do dia 13/05 às 17h (DIA 13 TODO MUNDO VAI DE ESCADA), pelo pagamento imediato dos salários. Chamamos também todos os estudantes, Centro Acadêmicos e coletivos de esquerda, para organizar um plano de luta para lutar contra a crise da UERJ, para que a luta em defesa da universidade, por mais verbas e melhores condições de trabalho e ensino sejam defendidos por um setor massivo de estudantes. É urgente a necessidade de uma alternativa independente do DCE, anti burocrática e democrática, pois o DCE é aliado e defensor da política do governo federal e estadual e um freio a luta dentro da UERJ.




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