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OPINIÃO | Trump representa a cara mais podre da decadência imperialista norteamericana

Diana AssunçãoSão Paulo | @dianaassuncaoED

sexta-feira 20 de janeiro de 2017 | Edição do dia

Hoje Trump assume a presidência dos Estados Unidos. Liderando o imperialismo mais poderoso do mundo, veremos nos próximos quatro anos um demagogo populista de direita, racista e xenófobo, fruto direto das consequências de quase uma década de crise histórica do capitalismo mundial - uma crise que apesar de contida avança de maneira dilaceradora sobre todas as relações de classe, e da decadência hegemônica da própria potência norteamericana. O descontentamento de massas gerado pela continuidade da crise, a perda de emprego de amplos setores da classe trabalhadora branca, levou Trump a vencer Hillary Clinton, representação de tudo o que a maioria da população odeia: o status quo da agressividade imperialista, a corrupção e as negociatas com as elites financeiras e militares. Não era alternativa nenhuma.

O partido Democrata, de Obama e Hillary, foi responsável por abrir o caminho a esta direita xenófoba e racista que se expressou através de Trump. Os oito anos de governo Obama, ao contrário de terminar as guerras imperialistas da era Bush, as continuaram, sendo responsáveis pela absurda crise migratória do Oriente Médio, a guerra civil síria e o surgimento do reacionário Estado Islâmico; foi um dos governos que mais patrocinou e defendeu o Estado terrorista de Israel contra os palestinos. Internamente, os negros norteamericanos seguiram sendo assassinados impunemente pela polícia em números estarrecedores, sendo motor da explosão do Black Lives Matter em distintas cidades; mais de 3 milhões de imigrantes foram deportados, o que incentivou o discurso de construção do muro na fronteira com o México e a deportação de imigrantes por Trump.

O discurso protecionista de Trump falando na defesa dos postos de trabalho americano tem como objetivo construir uma "américa grande" de novo, como alguns de seus antecessores. É um grande ataque a toda a classe trabalhadora, tentando dividir suas fileiras entre norte-americanos e imigrantes, além de superexplorar a mão de obra nacional e internacional com seus monopólios mundo afora.
Bernie Sanders, que representou de maneira distorcida setores da juventude e da classe trabalhadora, opondo-se discursivamente a Wall Street e aos magnatas de Washington, abandonou até mesmo o discurso socialdemocrata anterior para chamar apoio em Hillary, deixando assim nas mãos de Trump a bandeira do descontentamento de amplos setores trabalhadores que não são racistas ou xenófobos, mas que odeiam as velhas elites.

Tanto Obama, quanto Hillary e Sanders, após o triunfo de Trump, reconheceram que era preciso aceitar o governo do republicano e inclusive "trabalhar com ele". Assim o populismo de direita ganhou fôlego da política imperialista dos Democratas.

Trump representa a cara mais podre da decadência imperialista norteamericana. Saudamos as manifestações que percorrem o mundo em repúdio ao novo governo Trump, aonde lutamos para que tenha uma clara política de classe, anticapitalista e antiimperialista, sem esconder a cara "democrata" do imperialismo norte-americano. Para os povos do Cone Sul, que se viram vítimas de sangrentas ditaduras militares impostas pelos Estados Unidos, é de primeira importância levantar a bandeira pelo "Fora imperialismo de toda a América Latina". Uma esquerda à altura do combate contra Trump, na América Latina e nos Estados Unidos, deve buscar na luta da classe trabalhadora aliada aos negros, às mulheres e à juventude a política que desafie o imperialismo e o capitalismo ianque.




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