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CRISE POLÍTICA | Temer deixaria articulação política com o fim da votação da “Agenda Brasil”

Nesta sexta-feira, o Vice-presidente, Michel Temer (PMDB), anunciou que avalia sair da articulação política até o final do mês com o fim da votação da “Agenda Brasil”, o pacote de ajuste de Dilma e do PT contra os trabalhadores. Esta movimentação do PMDB está em sintonia com um enfraquecimento do governo, sem fim da crise e de modo cada vez mais refém da força política de outros partidos.

Flávia SilvaCampinas @FFerreiraFlavia

sábado 22 de agosto de 2015 | 02:20

Nesta sexta-feira, o Vice-presidente, Michel Temer (PMDB), anunciou que avalia sair da articulação política até o final do mês, uma vez concluída a Agenda Brasil, anunciada por Renan e apoiada por Dilma na última semana - veja mais aqui. A última votação do pacote de ajuste fiscal do governo foi realizada esta semana, como o fim das desonerações fiscais para alguns setores de empresários, uma medida para ampliar a arrecadação de impostos pelo governo. Temer disse que irá esperar um pouco para sair do cargo para que o desembarque “não seja visto como mais um fator de instabilidade política”.

A declaração de Temer, presidente do PMBD, foi feita no dia seguinte ao anúncio oficial de denúncia contra Cunha por envolvimento no escândalo da Lava-Jato junto com o ex-presidente e Senador Collor – veja mais aqui.

Uma das análises é que Temer deixaria o cargo de coordenador político do governo Dilma Rousseff para se aproximar ainda mais dos partidos de oposição à presidente, a chave para essa posição é a recente declaração do ex-presidente tucano FHC, de que Dilma deveria renunciar à presidência.

Análise

Este movimento de Temer, em verdade pode ser analisado, de duas formas, mas que nos levam a mesma conclusão política, que é um não fortalecimento do governo. Por um lado, Temer estaria preparando o terreno para uma separação política em relação ao restante do PMDB. De outro lado, esta movimentação de Temer e do PMDB, teria como objetivo a negociação de mais cargos, mais poder dentro do governo e assim Dilma se fragilizar ainda mais politicamente até o final de seu mandato.

Como viemos analisando neste artigo, o governo Dilma se enfraquece (não com os métodos de Eduardo Cunha na Câmara), com o afastamento da pauta do impeachment do Congresso, porém, é um governo que está apoiado na força (refém) de outros partidos. Assim, a crise política ainda ronda o governo e o PT, a tristeza não tem fim para Dilma.

Diante da crise política e econômica no país, nem os atos da direita do último dia 16, nem os recentes atos governistas do dia 20 – veja mais aqui - foram capazes de apresentam uma alternativa de organização dos trabalhadores e do conjunto da população pobre para responderem aos ataques do governo e dos patrões, contra o ajuste fiscal, as demissões e ao aumento do custo de vida. É preciso um terceiro campo independente, antigovernista e contra as burocracias sindicais (como as da Força Sindical que apoiam Eduardo Cunha e da CUT que estão ao lado dos ajustes de Dilma contra os trabalhadores) que seja construído pela base com um programa para que crise não seja canalizada pela direita.

E na Câmara, Eduardo Cunha se nega a renunciar ao cargo

Um dia depois de ser denunciado pela Procuradoria Geral da República, Eduardo Cunha, negou nesta sexta-feira que possa renunciar ao cargo.

"Não há a menor possibilidade de não continuar à frente da câmara pelo período para o qual fui eleito presidente. Ninguém vai me coibir. Não vou renunciar ao mandato para o qual fui eleito pela maioria absoluta no primeiro turno. Não há renúncia. Isso não faz parte do meu vocabulário", afirmou Cunha em um evento organizado por sindicalistas em São Paulo.

Cunha e o senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello foram formalmente acusados na quinta-feira pela promotoria de corrupção passiva e lavagem de dinheiro no esquema de corrupção na Petrobras.

Cunha e Collor fazem parte da lista de 50 políticos investigados junto com ex-diretores da estatal e executivos de grandes construtoras suspeitos de terem se beneficiado do esquema de corrupção na Petrobras.

Cunha foi acusado de ter recebido pelo menos US$ 5 milhões para intermediar um contrato da Petrobras. O próprio Camargo, delator da Lava-Jato, confessou ter recebido um suborno de US$ 40 milhões da sul-coreana Samsung Heavy Industries, empresa que forneceu navios à estatal. Mais um caso que evidencia a relação entre a corrupção dos políticos do ricos com os interesses de lucros dos capitalistas e neste caso, envolvendo empresários estrangeiros.




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