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TRANSEXUALIDADE | Transexual pede morte assistida se não conseguir mudança de nome e gênero

Neon Cunha é uma designer de 44 anos que entrou com uma ação judicial no início do ano de retificação de registro civil, para assim poder assumir oficialmente seu nome social e a alteração do sexo masculino que consta em seu registro. Ela pede ainda à justiça “o direito a uma morte assistida” caso seu pedido não seja atendido.

domingo 31 de julho de 2016 | Edição do dia

Foto: Facebook/Reprodução

A designer se recusa a ser patologizada para conseguir a mudança, o que significa ser diagnosticada com “disforia de gênero” – um desconforto com o gênero que é atribuído ao nascer, segundo a medicina –, o que é ainda hoje uma condição para conseguir fazer a transição de gênero, que implica não apenas na retificação do registro civil, mas no acesso aos hormônios e cirurgias caso a pessoa deseje.

Neon Cunha ainda declarou: “O que é a morte? É a não existência, é a ausência de vida. Do que adianta eu ser documentada? Sou uma morta-viva? A negação de direito à vida eu já tenho. A condição posta é essa: eu preciso ficar mendigando que os outros permitam que eu seja quem eu sou. Eu tenho 16 anos de consultório terapêutico. Eu converso sobre não querer ser patologizada. Eu não sou doente. Eu não tomo hormônio de jeito nenhum. Tomei por uns dois anos, mas é muito ruim, muito desconforto. Eu tenho que respeitar quem vai fazer, mas não é uma opção, é regra. Sou mais uma mulher lutando pelo direito à dignidade que todas nós merecemos e poucas têm acesso. Não há nada mais primário do que a garantia de dignidade, nem mesmo a vida. Não tenho medo da morte. Tenho medo de morrer sem dignidade. A morte assistida seria morrer com os meus queridos ao redor, saber que eu ia ser enterrada com o modelão que eu escolhesse.”.

O suicídio é, infelizmente, uma constante realidade entre a população trans, que já possui como expectativa de vida apenas 35 anos. Porém, existe a invisibilidade dessa realidade, o que dificulta o acesso a dados e informações sobre. Sabe-se que o Brasil é o 8º país com maior índice de suicídio no mundo, segundo a OMS, mas não há nenhuma estatística que contabilize quantos desses referem-se à população trans. Estudos feitos nos Estados Unidos estimam que a taxa de suicídio de trans é cerca de 10 vezes maior do que de jovens cis.

Se mostra cada vez mais urgente a aprovação da Lei João Nery, que garante o reconhecimento da identidade de gênero e, assim, diminui a humilhação e burocracia para se conseguir a alteração do registro civil. Além disso, é também urgente a despatologização da transexualidade, para que deixe de ser considerado uma doença e as trans possam fazer sua transição sem precisar passar pelo humilhante laudo de carregar uma doença.

É preciso dar um basta em toda violência e humilhação a que a população trans está submetida, é preciso ter direito à vida!




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