Virgínia GuitzelTravesti, trabalhadora da educação e estudante da UFABC
quinta-feira 27 de agosto de 2015 | 01:15
Na manhã de quarta (26), cerca de 10 mil trabalhadores da Mercedes realizaram ato na Via Anchieta sentido litoral, como parte das atividades do terceiro dia da greve. A greve teve início na segunda (24), após o anúncio oficial de 1500 demissões na imprensa, porém, há variações nesses números. Segundo Cléber, membro do CSE da Mercedes e ligado à direção do sindicato, o número exato de demissões só poderá ser divulgado à medida que forem acontecendo as homologações, mas estimam que por volta de 1800 trabalhadores receberam os telegramas iniciado na sexta (21). Para os trabalhadores, cerca de 2000 famílias serão afetadas com as demissões. Essa é a maior demissão em massa em montadoras desde as 4000 demissões por PDV na Volks em 1998.
A greve é por tempo indeterminado até que empresa e sindicato cheguem a um acordo que seja aprovado pela maioria em assembleia. Cléber, quando questionado sobre as abertura de negociações, enfatiza "eles não falaram nada ainda, mas enquanto eles não abrirem (negociação) é fábrica parada, não volta!" e que as demissões ocorrem na empresa desde 2012, somente nesse ano as fabricantes de veículos do ABC já eliminaram cerca de 2.500 vagas – por exemplo, foram 800 na Volkswagen, 608 na General Motors, 500 na própria Mercedes e 206 na Ford.
Os trabalhadores que conversaram com o esquerda diário depositam na greve a expectativa de reversão das demissões pois veem que o processo de desligamento em massa é muito profundo na região e que para cada trabalhador demitido da Mercedes diversos outros também serão, além de outros que também são afetados indiretamente. O agravamento da crise na Mercedes vem desde o início do ano, quando houve mais de 200 demissões, e posteriormente com a instalação de um acampamento no mês de junho. O desenrolar desse duro processo de luta será acompanhado diariamente pelo Esquerda Diário, com entrevistas, vídeos e artigos, buscando dar voz a todos trabalhadores envolvidos nesse processo de luta feroz, onde essa grande multinacional busca ampliar lucros sobre a miséria de trabalhadores que constroem a riqueza de poucos, pretendendo abrir espaço para a voz dos que estão no chão da fabrica que sofrem com essa exploração cotidiana.
Acompanhe o Dossiê "Demissões na Mercedes" todos os dias no esquerda diário. Informe-se pela esquerda, aqui o trabalhador tem voz.
