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VIOLÊNCIA POLICIAL | Trabalhadora morre atropelada ao tentar fugir da Guarda Civil Municipal, que executava “rapa” em Mauá

Baiana como era conhecida, vendia balas na região do centro de Mauá, como dezenas de outros ambulantes tentou fugir, quando a GCM iniciou o “rapa”, e acabou atingida por um caminhão.

Thiagão Barrosmorador de Mauá, no ABC paulista

quarta-feira 19 de abril de 2017 | Edição do dia

Foto: Andréia Iseki

Segunda-Feira dia 17 e abril, a vendedora de balas Baiana foi vitima de uma ação (rapa) da GCM (Guarda Civil Municipal), que tem como intuito restringir o comércio ambulante na região do centro da cidade e Mauá, os trabalhadores ao primeiro sinal da GCM correm e inicia-se a perseguição pelo centro da cidade, viaturas, cassetetes, humilhação e agressões físicas são usadas cotidianamente contra os vendedores e nesta segunda-feira não foi diferente, a operação começou por volta das 16h e rapidamente os trabalhadores se dispersaram em velocidade, baiana que estava sendo perseguida correu para as proximidades do Shopping Center, olhando para trás para verificar a localização dos seus perseguidores, Baiana não viu a carreta que transportava combustíveis fazendo a curva na rua, o impacto foi grande sem chances de sobreviver ela foi arrastada por 30 metros, seu copo ficou debaixo das rodas do caminhão e a trabalhadora foi apenas identificada pela filha por causa dos sapatos que a mãe tinha comprado dias antes.

O desemprego na Região do Grande Abc é de 17%, a dura realidade da crise financeira descarrega seu peso principalmente nas mulheres negras, são elas que menos recebem em todos os setores de atividade, por falta de emprego muitos partem para o comércio ambulante para sobreviver e tirar o sustento do dia a dia, fato que tem feito este tipo de atividade crescer exponencialmente. A situação do comércio ambulante no centro de Mauá já é insustentável e é umas das poucas saídas para a população desempregada. Durante os primeiros dias de seu mandato o prefeito Atila Jacomussi (PSB) fechou os olhos não querendo se indispor tão cedo com seus eleitores, mais sob as constantes pressões dos comerciantes acabou permitindo a operação rapa da GCM. Até o momento Atila Jacomussi (PSB) não se pronunciou sobre e segue sua agenda como se nada tivesse acontecido e sob suas ordens a GCM continua com sua operação ostensiva, ontem mesmo pelo centro da cidade foi possível ver trabalhadores correndo dos seus possíveis algozes.

A morte de Baiana mostra claramente o racismo estrutural em nossa sociedade, uma mulher negra que sai pela manha para ganhar o mínimo para sobreviver e que faz parte de milhões de mulheres negras condenadas ao pior que essa sociedade tem a oferecer, mais que mesmo assim se levantam dia após dia e levam o sustendo para si e para os seus, mulheres de historias de vidas inquestionavelmente corajosas, encontram seu fim na fila do sus, nos acidentes de trabalho, na solidão ou na mão da policia como Baiana. A polícia segue independente de militarizada ou não matando preto e pobre todos os dias das maneiras mais diversas. Apenas com uma luta ferrenha contra precarização do trabalho, fim da terceirização, igualdade de salários entre negros e brancos e o fim de todas as policias é possível um futuro diferente para a população negra de conjunto.




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