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RACISMO NO EXTRA | Tortura no Extra: homem é amarrado e recebe choques e pauladas

sábado 21 de setembro de 2019 | Edição do dia

Aplicando as técnicas de tortura mais detestáveis, seguranças particulares e agentes das forças de segurança pública são constantemente flagrados agredindo e torturando pessoas, seja em estabelecimentos comerciais ou nas ruas. Diversos já foram os casos que vazaram, de alguma forma, para o conhecimento da população.

Nos últimos meses temos visto, recorrentemente, casos de agressões desse tipo em grandes redes de supermercados espalhadas pelo Brasil. Os casos são sempre muito semelhantes: jovens negros e pobres perseguidos por seguranças que são levados até áreas internas e submetidos a sessões de tortura e os mais diversos tipos de humilhação.

Um novo caso de tortura praticado por seguranças do Extra veio a tona essa semana. Um homem aparece em um vídeo, gravado pelos próprios seguranças que o torturam, com as mãos amarradas e as calças abaixadas levando diversos choques e pauladas. Segundo uma funcionária do estabelecimento, essa prática é recorrente no local. A vítima teria furtado um pedaço de carne do estabelecimento. O caso aconteceu no Extra do Morumbi, na zona sul de São Paulo em março de 2018.

Aqui temos, talvez, a face mais cruel do caso: um homem que furtou um pedaço de carne para comer é quem foi torturado. Em uma realidade com mais de 12 milhões de brasileiros desempregados, outros milhões ocupando postos informais de trabalho, a retirada de direitos e a redução salarial avançando cada vez mais após a aprovação da reforma trabalhista, a corda estoura novamente do lado mais fraco, do lado de um homem que, com fome, furtou um pedaço de carne de uma rede (Grupo Pão de Açúcar - sendo o Extra um de seus negócios no Brasil) que fatura bilhões por ano. É mais que urgente mudarmos a lógica desse sistema ao qual somos submetidos!

Há cerca de duas semanas outro caso semelhante ocorreu em outro supermercado da zona sul de São Paulo. Um jovem negro que teria furtado um chocolate foi brutalmente espancado por seguranças do local. Jogado nu em uma sala interna do estabelecimento e com a boca tampada, o jovem foi chicoteado por diversas vezes e ameaçado de morte por um dos seguranças. As cenas chocam pelo seu grau de brutalidade e covardia, nos jogando na cara o suposto passado dessas práticas, tão comuns na construção do Brasil, que se fazem presentes até hoje e não apenas em alguns casos isolados, mas muitas vezes institucionalizados pelo próprio Estado.

As práticas são mais comuns do que imaginamos, mas tem tomado muito mais força nos últimos tempos e não podemos descolar essa naturalização da violência dos discursos de ódio que tomaram espaço dentro do próprio corpo político que se formou nos últimos anos no país, principalmente após a ascensão de Bolsonaro nas eleições mais manipuladas da história e após o golpe de 2016. Os discursos de Bolsonaro a nível federal, Witzel e Dória (governadores de Rio de Janeiro e São Paulo, respectivamente) elevam muito o nível de implantação dessas práticas nefastas contra a população mais pobre do país. Para esses governantes, todo problema sócio-econômico deve ser resolvido com violência;

Enganam os setores mais pobres da população para implementar suas políticas neoliberais enquanto incentivam o uso de violência contra essa mesma população! Incentivam a atuação de milícias armadas nas periferias, naturalizam torturas contra a população mais pobre do país, exaltam torturadores etc. Devemos colocar na conta de todos esses “homens públicos” da extrema direita nacional as mortes, as torturas e qualquer tipo de violência que refletem os seus discursos!




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