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Terceirizados da Caixa Econômica Federal seguem expostos ao Covid-19

"Diante desta crise é fundamental que todos os funcionários, concursados e terceirizados, tenham direitos iguais, que coletivamente os trabalhadores que decidam a escala e jornada de trabalho reduzidas, e que todos os trabalhadores que são dos grupos de risco possam fazer a quarentena com licença remunerada, que a Caixa forneça todos os produtos de higienização e segurança como álcool em gel, sabão, máscaras e luvas."

segunda-feira 23 de março de 2020 | Edição do dia

Texto de terceirizada da Caixa Econômica Federal no Rio de Janeiro

O covid-19 (coronavírus) é uma doença infecciosa até então desconhecida por muitos que vem afetando a vida de inúmeras pessoas pelo mundo inteiro. A doença é contagiosa e todo cuidado deve ser tomado para evitar a proliferação deste vírus. As medidas dos governos de Witzel e Crivella de quarentena, que antes desta doença foram e permanecem sendo os principais responsáveis pela precarização da saúde pública em que encontra-se o Rio de Janeiro, fogem da realidade de vida de vários trabalhadores que dependem de seus empregos para sobreviver. Este é o caso que representa a situação precária em que trabalhadoras e trabalhadores são submetidos nos serviços terceirizados de manutenção de infraestrutura e terminais, central de alarme, comunicação/redes, diante da pandemia do corona vírus na Caixa Econômica Federal.

Em tempos de pandemia, nós, trabalhadores terceirizados da Caixa, somos sujeitos a saírmos de nossas casas para trabalhar. Além da vulnerabilidade que somos expostos diante dos transportes públicos, a jornada de trabalho permanece normal, sem previsão para modificação, continuamos a trabalhar em ambientes fechados com ciclo de vários funcionários e outros em lugares externos, o que pode propagar ainda mais a contaminação do vírus nas pessoas nestes locais. Além disso, as precauções simples de higienização pessoal, como uso de álcool gel, luvas, máscaras e álcool para esterilização dos equipamentos de trabalhado são descartadas para nossa categoria.

A descentralização da responsabilidade estatal para os terceirizados vem comprometendo a vida de milhares de trabalhadores. As condições atuais em que somos postos é um total desrespeito com pessoas e nossos familiares. A desvalorização dos serviços prestados pelos terceirizados para Caixa Econômica Federal e a seletividade implícita declarada pelo atual governador de Witzel e Crivella entre trabalhadores que podem ou não aderir a medida de quarentena diante da crise social, retira o direito destes funcionários de manter cuidados com a própria saúde.

Dito os fatos, a permanência da jornada de trabalho dos terceirizados é resultado do jogo de interesse do governo que não tomam as medidas necessárias para combater a doença, pois consequentemente afetaria o bolso e o domínio da classe minoritária. Além de cuidados sanitários, nós trabalhadores em geral precisamos nos organizar entre si para deter o controle econômico de modo a obter controle sobre o esquema de trabalho a fim de aprimorar suas atividades em prol de seu bem-estar como qualquer outro trabalhador tem direito em exercer uma vida digna. Não é justo usar a pandemia como desculpa para detenção de lucros e interesses neoliberais. O esquema desumano de lucratividade em detrimento de nossas vidas tem que acabar.

A hierarquização e a seletividade entre funcionários públicos e terceirizados em relação aos benefícios distintos devem ser aniquilados. O tratamento entre funcionários deve ser estabelecido de forma democrática. Ocorrências como o caso da atividade de trabalho na CSN em que funcionários públicos optaram em não comparecerem no serviço devido o risco do coronavírus e não cancelarem esta atividade, mantendo o serviço dos terceirizados é uma atitude totalmente irresponsável. Outro caso de desigualdade presenciado no tratamento entre os funcionários que podemos relatar é o modo atencioso como é realizado a higienização do ambiente envolvendo funcionários públicos, enquanto não há nem álcool gel para todos os terceirizados.

Além de tudo, os funcionários da Caixa podem optar por trabalhar em home office e ter cuidados consigo e com seus próximos, enquanto nós somos obrigados a cumprir a jornada de trabalho presencialmente, sendo assim largados a mercê da sorte. Não há garantia de prevenção ao vírus e muito menos uma previsão de como será o amanhã. Diante deste momento de total cautela, estamos vivem em constante preocupação não só com nós próprios, mas também com os nossos filhos e membros de nossas famílias idosos que são parte do grupo de risco e que compartilham a moradia conosco que ficamos mais fora do que dentro de nossas casas. Não há segurança e nem gratificação por nós, guerreiros e guerreiras, que precisamos matar um leão por dia para buscar o sustento de nossas famílias.

É um absurdo a maneira distinta em que estes funcionários são tratados. Diante desta crise é fundamental que todos os funcionários, concursados e terceirizados, tenham direitos iguais, que coletivamente os trabalhadores que decidam a escala e jornada de trabalho reduzidas, e que todos os trabalhadores que são dos grupos de risco possam fazer a quarentena com licença remunerada, que a Caixa forneça todos os produtos de higienização e segurança como álcool em gel, sabão, máscaras e luvas. De modo geral, terceirizados e funcionários públicos são convocados a exercer as mesmas funções, entretanto os primeiros são as maiores vítimas da sobrecarga de trabalho, a mão de obra barata, a desvalorização de direitos, rotatividade e entre outras injúrias. Pergunto-me o por que disto? O que trará de retorno com esta desigualdade entre funcionários?

Chego à conclusão que estas questões jamais farão sentido para aqueles que almejam a emancipação social e a concretização da democracia em si. Como solução para as problemáticas apresentadas ao longo deste texto, devemos tratar do problema desde sua raiz. Esta crise do coronavírus não é somente patológica, mas sim resultado de constantes ataques sociais que a maioria de nós sofremos diariamente e que não podemos mais nos conformar. Portanto, a escala de prioridade deve ser invertida e a assim a favor da maior parcela que abrange a sociedade, a classe trabalhadora que move toda a economia e que não tem o retorno satisfatório. A implementação dos direitos trabalhistas, assistência no setor da saúde e educação são os pilares para os cidadãos. É de suma importância que trabalhemos para nós e não em função dos patrões. Desta forma será possível quebrar o muro que nos divide e apreciar o que é nosso por direito.




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