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CRISE POLÍTICA | Temer tenta acalmar os mercados garantindo "a crise não irá afetar as votações dos ajustes"

Após pedido de demissão do secretário de Governo, Geddel Vieira Lima, Temer afirmou que não “enquadrou” o ex-ministro da Cultura Marcelo Calero e tentou minimizar a crise como uma disputa natural entre ministros. O governo que vem passando uma das piores crises desde o impeachment tenta acalmar a situação e responder ao mercado que deverá seguir com a agenda de ajustes.

Isabel Inês São Paulo

sexta-feira 25 de novembro de 2016 | Edição do dia

O presidente Michel Temer aceitou o pedido de demissão do secretário de Governo, Geddel Vieira Lima, tanto a demissão como as afirmações do presidente naturalizando o caso são tentativas de conter a crise aberta após o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, denunciar que Temer havia o “enquadrado” para favorecer interesses pessoais de Geddel . O que poderia configurar como tráfico de influencia, com pedidos de impeachment contra Temer já tendo sido levantados pelo PT e agora também pelo PSOL.

A contra argumentação de Temer, mostra seu nervosismo e clara falta de dados objetivos, “Ora vejam, quem me conhece sabe que eu não sou de sair ‘enquadrando’ ninguém. O que eu falei a ele foram coisas absolutamente normais”. E continua lamentando como “um episódio menor” o caso do embargo a um prédio em área histórica de Salvador, no qual Geddel tem um apartamento. Talvez Temer utilize como parâmetro o acumulo de casos de corrupção, trafego de influencia e acúmulos de privilégios que os políticos e juízes tem para minimizar o fato.

O certo é que além de mais uma prova de como a corrupção é parte do regime, que se utiliza de dinheiro público para o auto enriquecimento, esse fato ter surgido é parte dos jogos de poder no executivo e no judiciário. Dentre hipóteses que podem explicar o caso, o certo é que vem se gestando uma impaciência dos setores patronais e empresariais com a demora do governo em aplicar as reformas.

Também a mídia vem afirmando como Temer esta demorando para aplicar a reforma da previdência, o que coloca em questão a possibilidade de um político com tanta desaprovação e envolvido em crises, de conseguir impor os ataques. Assim Temer tenta acalmar os mercados e controlar a crise, afirmando o envolvimento do seu nome no caso Geddel “não irão afetar negativamente as votações: “Efeito zero””. Apesar de não ser o que dizem as bolsas e a cotação do dólar nessa sexta -feira.

Temer afirmou que, “Disputas entre ministros é a coisa mais natural, vive acontecendo. Não sei por que esse rapaz (Calero) reagiu dessa forma”. Frente ao desgaste no seu governo, Temer irá buscar um novo nome para substituir Geddel, que ocupava um cargo chave para articular o congresso ainda mais num momento onde o governo se encontra pressionado para aprovar a PEC do Teto de Gastos (241/55). Segundo Temer, “Tem de ser alguém que não esteja metido com nada de nada”.

Apesar do tom de ironia, e algum desespero, o conteúdo de “nada de nada” pode indicar que Temer busque uma nova figura de governo “técnica” e “apolítica”, perfil que a direita, principalmente o PSDB, usou na última eleição para emplacar seus candidatos frente a crise de representatividade. Com uma decisão desse tipo Temer aumentaria o "poder de fogo" (ou cerco) tucano dentro de seu gabinete.




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