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BRASIL À VENDA | "Temer quer vender a Petrobrás, Eletrobrás e todo o país", dizem candidatas Diana Assunção e Carolina Cacau

Depois da consumação do golpe institucional no Senado, o governo Temer foi rápido a outros países buscando “universalizar o mercado brasileiro”, e “restabelecer a confiança dos investidores e empresários”, segundo suas palavras. A intenção de privatizar áreas e setores estratégicos do país, como a Petrobrás, é visível em todos os seus discursos, desde a China aos Estados Unidos.

quinta-feira 29 de setembro de 2016 | Edição do dia

Trata-se remontar o aspecto mais duro do neoliberalismo dos anos 90 que atacou as condições de vida dos trabalhadores com a precarização e o desemprego, agora numa escala maior do que a que o PT vinha aplicando.

O Esquerda Diário entrevistou Diana Assunção, candidata a vereadora pelo MRT em São Paulo, e Carolina Cacau, candidata a vereadora pelo MRT no Rio de Janeiro, com a legenda democrática do PSOL, sobre o tema.

Esquerda Diário: Michel Temer mal esperou o resultado do golpe institucional no Senado para iniciar viagens a negócios no estrangeiro. Como vêem isso?

Diana: O governo Temer já fez duas viagens internacionais, que com pretextos “políticos” se reduziam exclusivamente a vender os recursos naturais e ativos estruturais do país. Na reunião do G20 na China – na qual nenhum outro chefe de estado dava real importância ao papel internacional do Brasil, chamando Temer de “zelador com mandato fraco” – Temer se ajoelhou aos pés dos magnatas chineses para concluir acordos de investimento de R$15 bilhões, podendo chegar até R$300 bilhões. Dilma e o PT já haviam iniciado parte da entrega nacional, anunciando a privatização de rodovias, ferrovias, portos e aeroportos; mas não conseguiu fazer no ritmo necessário para a patronal. O golpe institucional serviu para acelerar os ritmos dos ataques estruturais aos trabalhadores. Cheias de dinheiro, as empresas chinesas aproveitam a sede por privatizar de Temer para avançar agressivamente no subcontinente e buscar impor taxas de exploração chinesas aos trabalhadores brasileiros e imigrantes.

Por exemplo, o governo já havia comunicado a intenção de vender a participação da Eletrobrás em empreendimentos como usinas de geração (hidrelétricas, termelétricas), transmissoras e distribuidoras de energia. A chinesa State Grid ficou com um pedaço da CPFL. A privatização dos aeroportos de Florianópolis, Salvador, Fortaleza e Porto Alegre vem junto com os de Guarulhos, Galeão e Brasília, um ataque em regra aos trabalhadores da Infraero. Temer deixar as próximas gerações sem os benefícios dos recursos naturais do Brasil.

Cacau: Exatamente, e não só na China Temer buscou fazer negócios contra os trabalhadores. Durante sua estadia na Assembléia Geral da ONU, em Nova York, o governo golpista se reuniu com uma multidão de empresários e monopólios internacionais para deixar claro que o Brasil está à venda. Anunciou que está abrindo “34 oportunidades de concessões, na área de portos, aeroportos, rodovias, ferrovias, energia, petróleo, gás”, e nisso naturalmente está se referindo a toda a área de infraestrutura do país. As multinacionais do petróleo nos Estados Unidos querem a privatização urgente da Petrobrás, e o Pedro Parente do PSDB repete incansavelmente que o jeito para diminuir a “enorme dívida” da Petrobrás é aceitando a entrega em cotas da empresa. Não à toa, o secretário do Tesouro dos EUA, Jacob Lew, parabenizou o governo por estar “no caminho certo”. É absolutamente escandaloso.

Esquerda Diário: Temer anunciou com especial atenção a questão do “óleo e do gás”...

Cacau: Sem dúvida o principal desejo do capital estrangeiro é privatizar a Petrobrás; isso fica claro aqui do Rio de Janeiro. Sabem que apesar de Dilma e o PT terem feito inúmeras concessões de partes das distribuidoras e inclusive do pré-sal, o momento do golpe é mais oportuno do que nunca para acelerar esse objetivo. Antes da posse de Temer a Shell já estava dando entrevistas a diversos meios afirmando como o Brasil, e em especial o pré-sal brasileiro, maior província de petróleo descoberta em todo mundo nas últimas décadas seria sua maior fonte de riqueza na próxima década. Tanto o presidente golpista como o tucano ministro das relações exteriores já foram citados no Wikileaks como informantes e defensores de interesses americanos no país, sobretudo no que tange ao petróleo. A Exxon Mobil, a Chevron e a British Petroleum, para não falar das petroleiras chinesas, querem saldar suas dívidas saqueando as riquezas brasileiras.

Estes ataques são uma continuidade e incremento do que já vinha sendo implementado nos governos do PT.Concentram todo o investimento em plataformas porque querem destruir as refinarias e toda produção de tecnologia. Atualmente 80% dos investimentos vão para a área de plataformas já era uma realidade da ordem de 70% no período de Graça Foster. O Campo de Libra foi entregue por Dilma.

Agora, as privatizações seguem com Temer. Campos gigantescos como o de Carcará, no pré-sal, foram entregues ao imperialismo. Aos petroleiros propuseram um acordo coletivo com aumento muito inferior a inflação (menos de 5%), redução de jornada com redução de salário e drástica redução de direitos como, por exemplo, o valor da hora extra. Toda grande mídia comemora a ofensiva. Querem fazer dos petroleiros e do petróleo brasileiro um símbolo de uma nova era.

Esquerda Diário: Como pretendem usar a posição na Câmara dos Vereadores para combater essas medidas privatizadoras?

Diana: Ainda que várias destas questões escapem à alçada do município, uma candidatura anticapitalista não pode deixar de se opor contundentemente a essas medidas que chamam a atenção de todos, e aproveitar todos os espaços para denunciá-las. A ordem de Temer é "não pense, trabalhe" e "Black Friday Brasil", retomando os aspectos mais privatistas do neoliberalismo dos anos 90 e ameaçando milhares de famílias com a precarização do trabalho, ou o desemprego. Nós, pelo contrário, queremos organizar junto aos trabalhadores, nas ruas e nos locais de trabalho, a resistência a estes ataques, que aparecem junto com a reforma da previdência, o limite no teto de gastos na saúde e na educação, e a reforma trabalhista.

Com as candidaturas anticapitalistas do MRT, queremos denunciar na Câmara dos Vereadores esta rapina nacional. Vamos denunciá-la e exigir a abertura dos livros de contabilidade das empreiteiras ligadas às obras da Petrobrás, abertura e publicidade de todos contratos da Petrobras para que todos petroleiros e trabalhadores do país possam conhecer os processos,e o confisco de todos os bens de todos corruptos e seus familiares, investindo estas verbas num plano de obras públicas para acabar com o problema de moradia. Lutaremos pela revogação da entrega dos recursos naturais (como o pré-sal ao imperialismo) e as privatizações que são responsáveis por desastres como o de Mariana, assim como pela abolição do pagamento da fraudulenta dívida pública e a reversão das verbas para a saúde e educação. Ao contrário do que quer Temer e os golpistas, vamos exigir a reestatização sem indenização de todas empresas privatizadas por Collor, Itamar, FHC, Lula e Dilma, em primeiro lugar da Petrobrás, sob controle dos trabalhadores que sabem quais as necessidades popularese podem melhor administrar a empresa com este objetivo e garantindo a segurança aos trabalhadores e ao meio ambiente.




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